quarta-feira, 27 de julho de 2011

Regresso - Poema de Amílcar Cabral, da Guiné-Bissau

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, em 12 de setembro de 1924, mas foi criado em Cabo Verde. Foi um militante político clandestino que representou os dois países durante toda sua vida na luta contra o neocolonialismo e contra a opressão europeia sobre a África, até ser assassinado por um membro do seu próprio partido, em 20 de janeiro de 1973. Segue abaixo um de seus poemas:




REGRESSO

Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim...
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim...
Dizem que o campo se cobriu de verde,
da cor mais bela, porque é a cor da esp´rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!

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