sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Assata Shakur - Uma Autobiografia

 


A vida de Assata Shakur, nascida Joanne Chesimard, em 16 de julho de 1947,  é um poderoso testemunho da luta por liberdade. Natural de Nova York, Assata, além de tia e madrinha do rapper Tupac Shakur, militou nos Panteras Negras, no Exército de Libertação Negra, foi alvo do programa de contrainteligência do governo norte-americano contra os movimentos radicais negros, foi presa, fugiu da prisão, entrou na lista de “terroristas mais procurados” do FBI, e hoje vive em Cuba – acolhida como exilada política há cerca de quatro décadas. Sua história de vida e seus poemas – com frequência declamados nas recentes manifestações organizadas por militantes do Black Lives Matter – inspiram agora uma nova geração na luta contra o racismo e o capitalismo.

A recusa ao nome de batismo, e a adoção de outro que representasse seu espírito subversivo, foi expressão, em meio aos conturbados acontecimentos do final dos anos 60, de sua escolha política em se definir militante, em antagonismo contra um sistema que perpetuava desigualdades e opressões – não lhe cabia o nome que lhe fora legado pela escravidão. A liberdade que Assata buscava, no entanto, não poderia ser apenas uma conquista individual, mas necessariamente uma prática coletiva: a emancipação de todo o povo oprimido.

Em sua autobiografia, Assata Shakur entrelaça duas narrativas. Em uma, fala de sua infância e juventude como menina e mulher dentro da comunidade negra estadunidense entre as décadas de 1940 e 1970. Na outra, conta sua trajetória como ativista antirracista, sua passagem pelo Partido dos Panteras Negras e pelo Exército de Libertação Negra, e as estratégias do FBI que a levaram a ser injustamente condenada pela morte de um policial ocorrida durante a emboscada cinematográfica em que foi presa. 

O livro conta com prefácios de Angela Davis e Lennox Hinds, além de apresentação da historiadora Ynaê Lopes dos Santos.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Rebeca Andrade festeja 1º pódio 100% preto no Mundial: "Wakanda Forever"

 


Pela primeira vez na história do Mundial, três mulheres pretas subiram ao pódio do individual geral, a prova mais nobre da ginástica artística. A brasileira Rebeca Andrade ficou com a prata, se colocando entre as americanas Shilese Jones e Simone Biles, que faturou o hexa na final desta sexta-feira, na Antuérpia. Rebeca celebrou o inédito pódio 100% preto.

- Eu tava reparando nisso. Ai, gente. É maravilhoso. Eu amei. Wakanda Forever - disse a ginasta de 24 anos, entre risos, fazendo referência ao filme "Pantera Negra".

Simone Biles foi a primeira mulher preta campeã mundial do individual geral justamente na Antuérpia, em 2013 - a também americana Gabby Douglas foi a primeira campeã olímpica um ano antes. Dez anos depois, a americana retorna à Bélgica para mais um pódio histórico.

- Nós tivemos um pódio 100% de mulheres pretas, achei isso maravilhoso a mágica das mulheres pretas! Espero qiue isso ensine as meninas que elas podem tudo que elas coloquem na mente. Só seguir treinando forte - disse Simone.

Rebeca Andrade é a única mulher preta além de Simone a ter o título de campeã mundial do individual geral, com a conquista do ano passado. Nesta sexta-feira, festejou se manter entre as melhores ginastas do mundo com a prata.

Para mim, é uma honra. É algo muito grandioso, muito difícil de ser conquistado e é mais difícil ainda se manter nesse lugar. Eu trabalho muito. Eu faço ginástica, porque amo esse esporte. Faço com alegria. Faço por mim e por toda minha equipe. Eles estão sempre trabalhando junto comigo. Não tem como eu não me sentir grata e lisonjeada por hoje representar tudo isso que represento. É uma honra - disse Rebeca.

Daiane dos Santos foi a primeira mulher negra campeã mundial de uma prova por aparelhos ao conquistar o ouro do solo em 2003. Vinte anos depois, como comentarista do sportv, a ex-ginasta se emocionou com o choro de Simone Biles no pódio.

- A emoção da Biles não é somente por ela estar voltando, mas também pelo que representa esse pódio. É resistência dessas meninas lindas, de a gente ver um pódio preto pela primeira vez. As três ginastas mais completas do mundo, são pessoas pretas. Com certeza não foi fácil a vida dessas meninas para elas estarem ali. A gente vê hoje esse legado construído. Felicidade minha por ter sido campeã mundial, ter sido a primeira mulher preta a ganhar uma medalha de ouro em Mundial. Hoje estar aqui. É gratidão por essas meninas terem continuado esse caminho pavimentado. Hoje fazendo esse legado lindo para que outras meninas pretas continuem acreditando que é possível.

Recorde para Rebeca

Com a prata desta sexta-feira, Rebeca chegou a seis medalhas em Mundiais, isolando-se como recordista do Brasil na história da competição. Bicampeão mundial do solo, Diego Hypolito era o recordista antes do Mundial da Antuérpia, com cinco conquistas.

Fonte: Globo Esporte