quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Poeira No Vento - Kansas



Mais humildade, tá? Seu diploma, sua conta bancária, suas convicções políticas e religiosas não são NADA diante da vastidão do Universo e da inexorabilidade do Tempo. Tudo passa. Tudo passará.

Poeira No Vento (Dust In The Wind)

Eu fecho meus olhos
Apenas por um momento
E o momento se foi

Todos os meus sonhos
Passam diante dos meus olhos em curiosidade

Poeira no vento.
Tudo que somos é poeira no vento

A mesma velha música
Apenas uma gota de água em um mar infinito
Tudo o que fazemos
Desaba sobre a Terra, embora nos recusemos a ver.

Poeira no vento.
Tudo que somos é poeira no vento

Agora não espere
Nada dura para sempre, apenas a Terra e o céu
Isto escapa
E todo o seu dinheiro não comprará outro minuto.

Poeira no vento
Tudo que somos é poeira no vento

Poeira no vento.
Tudo é poeira no vento.

Música original:


"Pálido Ponto Azul", de Carl Sagan, resume com maestria a ideia deste post:


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Ufanisi, 5 anos!


Hoje, o Ufanisi completa 5 anos. Gostaria de agradecer todo o apoio que tive, de pessoas dos mais variados lugares, que, mesmo sem me conhecer, me incentivaram com sugestões, elogios, ideias e imagens durante todo este tempo. Agradecer aos amigos e amigas que fiz através deste veículo, a todo mundo que o vento me trouxe.
Como eu costumo dizer, desejo que os bons exemplos superem os maus, e que nossas diferenças nos unam, ao invés de nos separarem.

Eu sou porque nós somos.

Prosperidade!


Sonho de Mãe Negra (Marcelino dos Santos)*

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Que o milho já a terra secou
Que o amendoim, ontem, acabou.

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho irá à escola
À escola onde estudam os homens.

Mãe negra
Embala o seu filho
E esquece
Os seus irmãos construindo vilas e cidades
Cimentando-as com o seu sangue

Ela sonha mundos maravilhosos
Onde o seu filho correria na estrada
Na estrada onde passam os homens.

Mãe negra
Embala o seu filho
E escutando a voz que vem do longe
Trazida pelos ventos

Ela sonha mundos maravilhosos
Mundos maravilhosos
Onde o seu filho poderá viver.

*Marcelino dos Santos é um poeta e político de Moçambique.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Conheça a sua história



É muito importante conhecer os que vieram antes de nós. Ainda que tenham vivido em países ou momentos históricos diferentes, sua trajetória transcende essas barreiras artificiais criadas pelas autoridades, e fazem com que sua luta seja universal. 

Angela Davis
Malcolm X
Zora Neale Hurston
Muhammad Ali
Nina Simone
Bob Marley
Little Richard
Bobby Seale
Nelson Mandela
James Brown
Shirley Chisholm
Gil Scott Heron

É lógico que não podemos esquecer de Zumbi e Dandara dos Palmares, de João Cândido, dos líderes da Conjuração Baiana (Cipriano Barata, Luís Gonzaga das Virgens, Manuel Faustino e João de Deus do Nascimento), Maria Felipa e tantas outras pessoas que pavimentaram o caminho, para que chegássemos vivos, firmes e fortes até aqui.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Ícones Negros: Grande Otelo

Grande Otelo, o eterno Macunaíma, completaria 100 anos em outubro de 2015.


Nascido em 18 de outubro de 1915, Sebastião Bernardes de Sousa Prata era o nome verdadeiro de Grande Otelo, um grande ator com uma vida marcada pela superação de tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e sua mãe era uma cozinheira que tinha problemas com o alcoolismo. Sebastião fugiu com uma Companhia de teatro mambembe que passava por Uberlândia e foi adotado pela diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo.

Mas ele fugiu de novo e, após várias entradas e saídas do Juizado de Menores, foi adotado pela família de Antonio de Queiroz, um político influente. A mulher de Queiroz, Dona Eugênia, tinha ido ao Juizado para conseguir uma ajudante na cozinha. Mas foi convencida a levar para casa o menino que sabia declamar, dançar e fazer graça.

Sebastião estudou no Colégio Sagrado Coração de Jesus, onde cursou até a terceira série ginasial. Nos anos 20, integrou a Companhia Negra de Revistas, cujo maestro era Pixinguinha. Em 1932, entrou para a Companhia Jardel Jércolis, pai de Jardel Filho e um dos pioneiros do teatro de revista. Ganhou o apelido de pequeno Otelo, mas ele preferiu "The Great Otelo". Depois traduziu para o português, virando o Grande Otelo.

O ator passou pelos palcos dos cassinos, dos grandes shows e do teatro. Trabalhou no cinema em "Futebol e Família" (1939) e "Laranja da China" (1940), e em 1943 fez seu primeiro filme pela Atlântida: "Moleque Tião". Junto com Oscarito, participou de mais de dez chanchadas como "Carnaval no Fogo", "Aviso aos Navegantes" e "Matar ou Correr". Em 1942, participou de "It's all true", filme realizado por Orson Welles no Brasil.

Outra tragédia viria a abalar a vida de Otelo nessa época: sua mulher matou o filho do casal, de seis anos de idade antes de se suicidar.

Em 1969, fez "Macunaíma", sendo inesquecível a cena de seu nascimento. Como ator dramático, marcou presença em vários filmes, dentre os quais "Lúcio Flávio - Passageiro da Agonia" e 'Rio, Zona Norte". Em "Fitzcarraldo" (1982), do alemão Werner Herzog, filmado na selva do Peru, Otelo precisava fazer uma cena em inglês, mas resolveu falar espanhol. Quando o filme estreou na Alemanha, aquela foi a única cena aplaudida pelo público.

Fez inúmeras parcerias no cinema, com destaque para a mais conhecida delas, com Oscarito.


Em 26 de novembro de 1993, Grande Otelo morreu de enfarte ao desembarcar na França, onde receberia uma homenagem no Festival de Nantes

Fontes: Uol Educação/Wikipédia

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Oiá liberta Xangô da prisão usando o raio

04 de dezembro, dia de Iansã!

Faziam festas pra Xangô em Tákua Tulempe.
As mulheres eram loucas por ele, e os homens o invejavam.
Eram festas de hipocrisia.
Em um desses festejos, prenderam Xangô e o trancaram num calabouço.
Xangô tinha uma gamela onde via tudo que acontecia,
mas havia deixado sua gamela na casa de Oiá.
Passaram-se alguns dias e Xangô não voltava pra casa.
Foi quando Oiá olhou para a gamela de Xangô e viu que ele estava preso.
Da prisão, Xangô sentiu que alguém mexia na gamela e pensou:
"Ninguém além de Oiá sabe usá-la".
Xangô, então, lançou muitos trovões,
para que Oiá ouvisse e o encontrasse.
Oiá recebeu a mensagem, acendeu sua fogueira
e começou  a cantar seus encantamentos.
Oiá pronunciou algumas palavras
E cruzou seus braços em direção ao céu.
Nesse momento, o número sete se formou no céu.
Um raio partiu as grades da prisão e Xangô foi libertado.
Ao sair, Xangô viu Oiá, que vinha pelo céu num redemoinho
e levou Xangô para longe da terra Tákua.
Oiá libertou Xangô com o raio.
Oiá libertou Xangô com o vento.
Oiá libertou Xangô.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 306.





terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Há 60 anos, Rosa Parks se recusava a ceder o lugar para um branco em ônibus dos EUA

Há 60 anos, a costureira Rosa Parks se tornou referência na luta antirracismo nos Estados Unidos.
Na década de 50, em Montgomery, no Alabama, as leis de segregação racial ainda regiam a vida das pessoas.
E era comum que uma mulher negra ficasse escondida e em segundo plano quando próxima de uma mulher ou homem branco em algum ambiente público ou até mesmo na rua. Mas em 1 de dezembro de 1955, Parks fez história.
ros parks1
Naquela época, as primeiras filas dos ônibus eram, por lei, reservadas para passageiros brancos. Atrás ficavam os assentos permitidos para negros.
Rosa Parks utilizava um desses ônibus para ir e voltar do trabalho. Neste dia, ela sentou-se em um dos lugares reservados aos brancos.
Quando o motorista exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem.Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.
rosa parks
A atitude de Parks motivou um boicote aos ônibus da cidade e milhares de negros se recusaram a tomar ônibus a caminho do trabalho o que provocou protestos em diversos locais do país. O The Guardian lembrou o momento em imagens.
Dez anos depois, o movimento negro ganhou ainda mais força ao lado de Martin Luther King -- em 1965 aconteceu a marcha de Montgomery até a cidade de Selma, que virou até filme -- ganhador do Oscar de melhor música em 2015 --.
A partir destas e outras ações, foram estabelecidas as Leis dos Direitos Civis, que trouxeram melhorias para a vida dos negros. Mas, ainda hoje, a disparidade social nos EUA é grande.

Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/12/01/rosa-parks-60-anos_n_8691190.html

sábado, 21 de novembro de 2015

Filha de Malcolm X está no Brasil, e falou sobre racismo e passividade

Filha de Malcolm X se diz surpresa com a passividade diante da violência racista existente no Brasil e cobra ações mais contundentes. Imagens: Alma Preta/Pragmatismo Político


Em passagem pelo Brasil, a ativista dos direitos humanos e filha do líder negro norte americano Malcolm X, Malaak Shabazz, convidou a população negra a promover ações mais contundentes. Na entrevista que concedeu à imprensa negra após encontro com jovens na cidade de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (19), a ativista diz ter se surpreendido pelo fato de as pessoas estarem tão tranqüilas diante da violência racista existente no Brasil.
“[minha mãe] criou seis filhas ao mesmo tempo em que se dedicava à construção de uma sociedade livre do racismo”.
Pelo menos 400 pessoas se aglomeraram no auditório da Galeria Olido, no centro de São Paulo, para ouvir Malaak e, também, dar notícias sobre as condições de vida da população negra. O público era maior, mas muitos ficaram de fora por ordem dos bombeiros. Entre os diversos temas abordados, a ativista norte-americana falou sobre feminismo negro, desigualdade de gênero, representatividade negra na política, governo Obama e também suas impressões sobre o racismo no Brasil e o genocídio afeta sobretudo moradores da periferia.
Na partilha de experiências, Malaak fez análise da conjuntura política e abordou temas que estão presentes tanto na sociedade norte-americana quanto na brasileira, como a repressão policial e a necessidade de articulação entre os movimentos negros.
A ativista compartilhou momentos importantes da biografia de seu pai, mas fez questão de enfatizar o papel da mãe na luta antirracista. A também ativista Dra. Betty Shabbaz, “criou seis filhas ao mesmo tempo em que se dedicava à construção de uma sociedade livre do racismo”. Atuou, sobretudo, na criação de condições para que os jovens negros pudessem ter acesso à educação de forma subsidiada.
Horas antes da palestra, promovida pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), Malaak conheceu o bairro de Cidade Tiradentes, na zona leste paulistana e pode conversar com moradores. Ao final a ativista demonstrou disposição em colaborar com a proposta de construção de um seminário internacional sobre o genocídio da população negra.

OBAMA

Apesar de lamentar a força do racismo depois de tantos anos desde a morte do pai, Malaak comemorou a força que o negro ganhou nos Estados Unidos depois que Barack Obama assumiu a presidência. Ela ressaltou, no entanto, que a ‘islamofobia’ não para de crescer nos EUA.
“Há um movimento negro mais forte, em posições mais altas. Quando Obama se tornou presidente, a velha guarda dos brancos que queriam os negros por baixo simplesmente não conseguiu lidar com um presidente negro. Eles viram a família Obama, uma representação bonita de família negra, que não tinha nada a ver com a imagem do negro marginalizado. Eles ficaram confusos. Obama conseguiu como nunca antes ter mais brancos para votar nos negros. Então, as coisas estão melhorando, mas ainda há muito o que fazer”

MALCOLM X

“Meu pai costumava dizer que não importa se o negro é cristão, judeu ou muçulmano, quando ele sai na rua o branco o tacha como negro”, afirmou ao se referir a Malcolm, assassinado em 1965 durante um discurso no Harlem, em Nova York.

AÇÕES AFIRMATIVAS

Para a ativista, ações afirmativas são absolutamente necessárias, mas enfrentam muita resistência e, nos Estados Unidos, foram criadas para todas as minorias, que englobam mulheres, latinos e negros.
“O problema é que 67% das pessoas beneficiadas por ações afirmativas nos Estados Unidos são mulheres brancas”, explicou, lembrando da criação dos chamados Historically Black Colleges, instituições de ensino superior voltadas para a comunidade negra americana. “Foi muito importante para estudantes que não conseguiam ingressar em universidades como Yale, Harvard e Columbia. Não queríamos ficar só chorando, por isso nós criamos as nossas próprias universidades”, contou.
Atualmente há 215 Black Colleges no território americano, onde 98% dos estudantes são negros.

BRASIL

“Minha mãe vinha todos os anos para o Brasil. Ela trabalhava muito e vir para cá era o jeito que ela tinha de respirar, de descansar. Eu sempre quis vir, estou muito feliz de estar aqui e sei que vou voltar”, disse a ativista.
Fonte: Pragmatismo Político

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Atentados a Paris: uma consequência histórica


A França SEMPRE foi um país genocida, assassino e imperialista, que devastou a África por séculos e reagiu violentamente ao processo de independência de suas colônias. É certo que não devemos endossar a violência extremista do Estado Islâmico, mas não se pode fechar os olhos para a História. Aliás, não só ao passado, mas ao presente, em que a França e seus aliados bombardeiam a Síria e deixam corpos de civis em uma quantidade muito maior do que as vítimas de Paris.

O fanatismo religioso de grupos radicais muçulmanos identificados como "terroristas" no Ocidente, junto com  o desespero de ver sua cidade, seu país ser constantemente invadido, saqueado e bombardeado, durante gerações, acabam abrindo caminho para que grupos como o ISIS (sigla em árabe para "Estado Islâmico") ganhem cada vez mais adeptos, num ato suicida de oferecer a seus agressores um pouco do terror que eles vivenciam e também promovem, já que, nesse jogo, ninguém é "santo". 

A Europa vive hoje a mesma sensação de insegurança que assola grande parte dos países africanos e asiáticos, continentes esquecidos pela mídia no que se refere aos direitos humanos. Não sei se é a proximidade geográfica, a seletividade dos meios de comunicação, que dão uma cobertura sensacionalista a alguns fatos, mas esquecem outros ao seu bel prazer, ou a falta de interesse histórico e humanitário do Ocidente a estas regiões do globo, que fazem com que nós brasileiros ignoremos por completo os ataques terroristas de franceses, estadunidenses, ingleses, russos e alemães a alvos civis da Síria, Afeganistão, Iraque, além de patrocínios ou "vistas grossas" a grupos paramilitares da Nigéria, Israel e Sudão, por exemplo.

Nenhuma dor vale mais que a outra. Os civis franceses que morreram ou se feriram nos ataques a Paris na sexta-feira, 13 de novembro de 2015, são tão vítimas quanto as do World Trade Center, nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, as do metrô em Madri em 11 de março de 2004 e a todas as pessoas que morreram, direta ou indiretamente, pelas mãos do colonialismo europeu nas lutas pela descolonização da África e da Ásia, entre o final do século XIX e todo o século XX. Contudo, não podemos esquecer que tudo isso que acontece hoje é o caminho de volta, a consequência histórica a toda a violência e intolerância perpetradas pelos senhores da guerra, que dividiram o planeta entre eles, como se tudo fosse seu.

No fim das contas, "Terrorismo" é apenas uma questão de ponto de vista, ou de quem tem argumentos mais convincentes. Para os sírios, afegãos, iraquianos, palestinos, nigerianos e sudaneses, os terroristas somos nós.


domingo, 11 de outubro de 2015

Hamilton ultrapassa marca de Senna: "momento especial"

O inglês fez questão de citar o ídolo brasileiro em entrevista após a corrida

Com o primeiro lugar conquistado no GP da Rússia deste domingo (11), Lewis Hamilton venceu a sua 42ª corrida na carreira e ultrapassou a marca de 41 de Ayrton Senna. Em entrevista após a corrida, no alto do pódio, ele disse que se tratava de um "momento especial" na carreira.
"O time fez um trabalho incrível. É um momento especial para mim ultrapassar Ayrton neste final de semana. Estou muito orgulhoso de estar aqui na Rússia, nós nos divertimos muito, muito obrigado a todos vocês. É um país lindo", disse o inglês, para os fãs locais.
Com a 42ª vitória, Hamilton iguala a marca de Sebastian Vettel, e fica atrás somente de Michael Schumacher (91 vitórias) e Alain Prost (51). Aos 30 anos de idade, o piloto da Mercedes ainda tem muitas temporadas pela frente na busca por ultrapassar estes outros recordes.

A performance perfeita na corrida em Sochi deixou Hamilton com uma mão na taça. Agora, o piloto da Mercedes abriu 66 pontos para o novo segundo colocado, Sebastian Vettel, e pode conquistar o seu tricampeonato já no próximo GP, em Ausin, nos EUA, dia 25.

Fonte: Motorsport.com


Atualizado em 26/10/2015, 15:48

Ontem, 25/10, Hamilton venceu o GP dos Estados Unidos e sagrou-se tricampeão mundial de Fórmula 1.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Os danos psicológicos do racismo para ativistas


saude psicologica
As consequências da segregação social e dos preconceitos têm sido uma das pautas de discussão mais recorrentes entre profissionais das Ciências Psicológicas. Já existem estudos documentados mostrando os efeitos negativos da exposição a intolerância e violência. Não são poucas as vítimas que acabam desenvolvendo o transtorno de estresse pós-traumático: deparar-se com pessoas da mesma idade e sexo que os agressores, encontrar-se em uma situação parecida ou até mesmo escutar os barulhos ou a música que tocava no momento da violência podem se tornar ativadores potenciais de uma crise. Não importa se a violência foi um abuso sexual ou um emprego injustamente perdido: um trauma desse calibre é muito intenso e pode perdurar por uma vida sem jamais ser superado. É preciso trabalhar diariamente para aprender a lidar e conviver com o passado.
Para quem faz parte de algum grupo desfavorecido, é praticamente impossível levar uma vida sem pelo menos alguns episódios de violência. Mulheres negras, especificamente, são alvos cotidianos tanto do racismo institucional quanto da misoginia. Sexo e cor não são características que podem ser omitidas quando conveniente, levando a um tipo de intolerância muito constante: mulheres negras estão expostas em período integral às mais variadas agressões e situações de violência. A menor qualidade de vida das mulheres negras não se dá exclusivamente pela dificuldade e falta de oportunidades para trabalhar, se relacionar ou mesmo transitar pelas ruas; elas também estão incrivelmente sujeitas a crises de depressão ou estresse e outros problemas emocionais.
Não é completamente impossível manter a saúde emocional mesmo sendo vítima de preconceito. Muita gente consegue encarar o preconceito de frente e ser feliz. Embora seja necessário muito esforço para lutar e fortalecer a autoestima, é possível adotar algumas estratégias para manejar o problema. Mas se para algumas pessoas é possível encontrar um hobby, sair com amigos ou mesmo tirar férias para desviar o foco do problema, quem é ativista pelos Direitos Humanos tem muito mais dificuldade para preservar a saúde mental. Mulheres negras e feministas não precisam enfrentar somente o racismo que sofrem, pois acabam lidando no ativismo com infinitas outras situações de injustiça direcionadas a outras pessoas.
Enfrentar os próprios fantasmas já é uma batalha árdua, mas o ativismo político reune essas questões de uma forma massiva. Para quem participa de um movimento social, são muitas notícias, depoimentos e denúncias revoltantes, além de ações e intervenções presenciais que elevam ainda mais a proximidade com o problema. O racismo está sempre presente no dia-a-dia, pois a mulher negra feminista não está em contato somente com os grandes acontecimentos que ganham repercussão na mídia. Ser ativista significa lidar diariamente com depoimentos e pedidos de ajuda de companheiras agredidas e acompanhar portais de notícias ou blogs coletivos com acontecimentos que nem sempre aparecem na tv. Não basta lidar pessoalmente com a intolerância da sociedade: quem é ativista acaba tomando conhecimento de novos casos de violência e discriminação a todo momento. E é muito mais difícil tentar “esquecer os problemas” quando você tem acesso ao número total de estupros ou mortes só na última semana – uma informação que talvez fosse preferível não saber.
Não são poucas as militantes que relatam estados agudos de depressão, perda de energia e falta de motivação com a vida. Muitas vezes isso pode levar à fraqueza e vulnerablidade física, abrindo espaço para outras doenças. Parte disso acontece porque os próprios sofrimentos íntimos acabam sendo mais aguçados; mas o maior vilão é o confronto sem pausas com a realidade. Várias ativistas chegam a ter pensamentos suicidas devido a tamanha falta de otimismo com a situação. E não é difícil entender o motivo: como não perder as esperanças e não se esgotar completamente quando a intolerância vive a bater na sua porta?
Fazer ativismo não é fácil – é preciso fortalecimento e união para não acabar potencializando sentimentos nocivos como o desespero ou a raiva. Grupos e comunidades ativistas, sejam presenciais ou pela internet, precisam oferecer suporte uns aos outros. Todo mundo precisa de apoio e compreensão, além da certeza do acolhimento. As lutas diárias são pesadas e em grande quantidade, mas com força coletiva e união, todas as pessoas podem encontrar ânimo para vencê-las.  Afinal, a saúde individual de cada militante é tão importante quanto o bem estar dos grupos pelos quais lutamos.
Por Jarid Arraes para as Blogueiras Negras
Fonte: blogueirasnegras.org

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Calendário Negro: Há 45 anos, morria Jimi Hendrix


Imagem
Em 18/09/1970: Jimi Hendrix, considerado o guitarrista mais influente de todos os tempos, morreu aos 27 anos, sufocado em seu próprio vômito, amarrado em uma maca a caminho do hospital, por causa de uma overdose de barbitúricos, drogas utilizadas como calmantes e sedativos ou no combate à insônia.

Em agosto de 1970, Jimi Hendrix tocou no Festival da Ilha de Wight com Mitchell e Cox, expressando desapontamento no palco em face do clamor de seus fãs por ouvir seus antigos sucessos, em lugar de suas novas idéias, mesmo tendo momentos memoráveis (inclusive executando a clássica "Machine Gun", com 18 minutos). Em 6 de setembro, durante sua última turnê européia, Hendrix foi recebido com vaias e zombarias por fãs, quanto se apresentou no Festival de Fehmarn, na Alemanha, em meio a uma atmosfera de baderna. O baixista Billy Cox deixou a turnê e retornou aos Estados Unidos depois de acidentalmente ter utilizado fenilciclidina (N.T. substância analgésica).

Hendrix permaneceu na Inglaterra, e a 18 de setembro foi encontrado na cama do quarto de um hotel onde estava com uma namorada alemã, Monika Dannemann, desacordado após ter tomado nove pílulas de Vesperax, e asfixiando-se em seu próprio vômito. O laudo do hospital disse que Hendrix chegou ao hospital já morto. Seu corpo foi mandado de volta para casa e enterrado no Greenwood Memorial Park, em Renton, estado de Washington, nos Estados Unidos.



Fonte: Whiplash.net

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Clara Nunes - Na Linha do Mar


Galo cantou!
Galo cantou às quatro da manhã
Céu azulou na linha do mar

Vou-me embora desse mundo de ilusão
Quem me vê sorrir
Não há de me ver chorar

Flechas sorrateiras
Cheias de veneno
Querem atingir o meu coração

Mas o meu amor
Sempre tão sereno
Serve de escudo pra qualquer ingratidão...

sábado, 29 de agosto de 2015

Como um raio!


Parabéns, Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo!!

O Negro Doutor no País da Democracia Racial

Dr. Carl Hart, neurocientista americano com 3 pós-doutorados, professor da Universidade de Columbia, quase foi impedido pelo segurança no hotel onde ministraria uma palestra em São Paulo, "por não parecer alguém que devia estar ali".
Não é raro ouvir dos anti-cotas que "todos somos iguais perante a lei". Este excerto, que pouca gente sabe, de fato a qual artigo da Constituição pertence, sempre é invocado para justificar uma suposta igualdade racial no Brasil, como se todos realmente usufruíssem deste direito. Os racistas, os mal-informados e os "bem intencionados" costumam usar este argumento ao dizer que, já que somos todos iguais, qualquer reserva de vagas a determinado grupo social deve ser vista como "privilégio", e qualquer explicação acerca do contexto histórico sobre o qual as Ações Afirmativas estão inseridas, a tradição escravista predominante ATÉ HOJE nas relações de poder, de trabalho, estéticas, religiosas etc. é tratada como "vitimismo". "Pra que vocês querem cotas? Vão dividir o Brasil por raças! Um país tão harmônico e miscigenado vai se tornar um país separado!"

Acontece que foram OS BRANCOS europeus que criaram a noção de raça entre seres humanos, em uma tentativa de legitimar sua "superioridade" sobre as demais etnias, justificando, assim, o sequestro de pessoas para trabalhos forçados, fenômeno conhecido como escravidão, bem como a imposição do Cristianismo sobre todas as religiões nativas da África e das Américas, vistas como "demoníacas", desde o período colonial.

Provavelmente, os cientistas brancos do século XIX não imaginavam, assim como a sociedade tradicionalmente racista atual não estava preparada para sentar e ouvir um homem Negro, neurocientista com três pós-doutorados, professor de uma das mais conceituadas universidades dos Estados Unidos e uma das principais referências sobre os efeitos das drogas no organismo humano.

Não foi só o segurança que tentou impedir a permanência do Dr. Carl Hart no Hotel Tivoli Mofarrej. Foram todas as pessoas que acham que brancos e Negros possuem oportunidades iguais. Foram todas as pessoas que dizem que o problema do Brasil é apenas econômico, pois um Negro rico sofreria menos preconceito do que um branco pobre. Foram todas as pessoas que tentam impedir nossa projeção em um país violentamente racista como o Brasil. Foi todo o sistema montado para que Carl Hart fosse o único doutor Negro no salão.

"Olhem para o lado e vejam quantos Negros estão aqui. Vocês deveriam ter vergonha!"

Atualizado: 30/08, às 12:12

Devido à (óbvia) repercussão negativa ao fato, o Dr. Carl Hart foi procurado pela imprensa pra comentar o caso e disse que não foi barrado na entrada do hotel, mas que um segurança se encaminhou em sua direção, pronto para interpelá-lo, por achar que ele "não deveria estar ali". Foi apenas por outras pessoas estarem por perto e ratificarem sua presença que ele não foi abordado com mais rigor.
Isto não muda a violência simbólica do ato. Não diminui nem deixa de ser um ato racista impregnado na nossa sociedade, em que um homem Negro precisa dar explicações e provar sua inocência o tempo inteiro, independente de ser doutor ou analfabeto.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Nyansapo ou "Nó da Sabedoria"

Nyansapo é um símbolo Adinkra que representa sabedoria, engenhosidade, inteligência e paciência.

Assim como já havia postado quando falei sobre o Sankofa, minha segunda tattoo, que significa "volte e pegue" ( http://ufanisi.blogspot.com.br/2014/07/o-sankofa.html ), vale ressaltar que os ideogramas Adinkra são representações da tradição oral dos antigos povos Akan, que viviam na África Ocidental, mais precisamente em Gana, Costa do Marfim e Togo, e sua filosofia foi transposta para estes símbolos, o que permitiu sua permanência e transmissão através dos tempos.

Nyansapo, significa "Nó da Sabedoria" e representa o ditado: "Uma pessoa sábia tem a capacidade de escolher o melhor caminho para chegar ao seu objetivo". Ser sábio implica amplo conhecimento, aprendizado e experiência, e a capacidade de aplicar tais faculdades para um fim prático.

E assim, o Nyansapo tornou-se minha terceira tatuagem!



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O Pequeno Príncipe Preto


O pequeno príncipe chegou
Montado em seu cavalo preto
Preta também era sua cor
Cor de menino perfeito.

Mas é claro que alguém estranhou
Pois, nas histórias que ouvimos
Os príncipes têm outra cor
Não a desse menino.

Ao que o príncipe respondeu:
Do lugar de onde venho
Os príncipes são todos pretos
Os reis, as rainhas, todo o reino.

E aqui, pelo que vejo,
Tem tanta gente pretinha!
Vou procurar uma princesa
E fazer dela rainha...

Para que um dia as histórias
Possam ter um final diferente
Uma cor que também é bela
Uma cor que traduza a gente!


Fonte: facebook.com/marceloserralva

domingo, 9 de agosto de 2015

Ícones Negros: Rainha Nzinga de Matamba


Indomável e inteligente soberana (1624-1663) do povo Ginga de Matamba e Angola e nascida em Cabassa, interior de Matamba, que altaneira e silenciosa conseguiu juntar vários povos na sua luta contra os invasores portugueses e resistiu até ao fim sem nunca ter sido capturada, tornando-se conhecida pela sua coragem e argúcia.
Do grupo étnico Mbundu, era filha do rei dos mbundus no território Ndongo, hoje em Angola, e Matamba, Ngola Kiluanji, foi contemporânea de Zumbi dos Palmares (1655-1695), o grande herói afro-brasileiro, ambos pareceram compartilhar de um tempo e de um espaço comum de resistência: o quilombo.
Enviada a Luanda pelo seu meio irmão e rei Ngola Mbandi, para negociar com os portugueses, foi recebida pelo governador geral e pediu a devolução de territórios em troca da sua conversão política ao cristianismo, recebendo o nome de D. Anna de Sousa.
Depois os portugueses não respeitaram o tratado de paz, e criaram uma situação de desordem no reino de Ngola.
A enérgica guerreira, diante da gravidade da situação e da hesitação de seu irmão manda envenená-lo, tomando o poder e o comando da resistência à ocupação das terras de Ngola e Matamba.
Não conseguindo a paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renegou a fé católica, aliou-se aos guerreiros jagas de Oeste e fundou o modelo de resistência e de guerra que constituía o quilombo.
Com sua política ardilosa, conseguiu formar uma poderosa coligação com os estados da Matamba, Ndongo, Congo, Kassanje, Dembos e Kissama, e comandou a resistência à ocupação colonial e ao tráfico de escravos no seu reino por cerca de quarenta anos, usando táticas de guerrilhas e de ataques aos fortes coloniais portugueses, incluindo pagamentos com escravos e trocas de reféns.
Após a assinatura de um tratado (1656) com o governador geral, que incluiu a libertação de sua irmã Cambu, então convertida como Dona Bárbara e retida em Luanda por cerca de dez anos pelos portugueses, e sua renúncia aos territórios de Ngola, uma paz relativa voltou ao reino de Matamba até a sua morte, aos 82 anos, sendo sucedida por Cambu, continuadora da memória de sua irmã, mas já estava em curso o declínio da Coligação.
Dois anos mais tarde, o Rei do Congo empenhou todas as suas forças para retomar a Ilha de Luanda, ocupada por Correia de Sá, saindo derrotado e perdendo a independência, e no início da década seguinte o Reino do Ndongo foi submetido à Coroa Portuguesa (1771).
A rainha quilombola de Matamba e Angola tornou-se mítica e foi uma das mulheres e heroínas africanas cuja memória desafiou tempo, dando origem a um imaginário cultural que invadiu o folclore brasileiro com o nome de Ginga, despertou o interesse dos iluministas como no romance Zingha, reine d’Angleterre. Histoire africaine (1769), do escritor francês de Toulouse, Jean-Louis Castilhon, inspirado nos seus feitos, e foi citada no livro L'Histoire de l'Afrique, da publicação Histoire Universelle (1765-1766).
Ainda hoje é reverenciada como exemplo de heroína angolana pelos modernos movimentos nacionalistas de Angola.
Sua vida tem despertado um crescente interesse dos historiadores, antropólogos e outros estudiosos do período do tráfico de escravos.
Sua resistência à ocupação dos portugueses do território angolano e o conseqüente tráfico de escravos, tem sido motivo de intensos estudos para a compreensão de seu momento histórico, caracterizado por sua habilidade política e espírito de liderança desta rainha africana na defesa de sua nação.
Também é conhecida como Jinga, Zhinga, Rainha Dona Ana e Rainha Zinga.
Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 30 de julho de 2015

"Eu tenho um sonho!": O discurso de Martin Luther King Jr.

Martin Luther King Jr. pregava a resistência pacífica, porém, firme contra a segregação racial nos Estados Unidos.

O famoso discurso do pastor e líder dos movimentos pelos direitos civis dos Negros dos Estados Unidos na década de 60, Martin Luther King Jr., proferido na Marcha sobre Washington, em 28 de agosto de 1963:
"Digo a vocês hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho.
É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e corresponderá em realidade o verdadeiro significado de seu credo: 'Consideramos essas verdades manifestas: que todos os homens são criados iguais'.
Tenho um sonho de que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da irmandade.
Tenho um sonho de que um dia até o Estado do Mississippi, um Estado desértico que sufoca no calor da injustiça e da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e de justiça.
Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia o Estado do Alabama, cujo governador hoje tem os lábios pingando palavras de rejeição e anulação, será transformado numa situação em que meninos negros e meninas negras poderão dar as mãos a meninos brancos e meninas brancas e caminharem juntos, como irmãs e irmãos.
Tenho um sonho hoje.
Tenho um sonho de que um dia cada vale será elevado, cada colina e montanha será nivelada, os lugares acidentados serão aplainados, os lugares tortos serão endireitados, a glória do Senhor será revelada e todos os seres a enxergarão juntos.
Essa é nossa esperança. Essa é a fé com a qual retorno ao Sul. Com esta fé poderemos talhar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar os acordes dissonantes de nossa nação numa bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé podemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir à cadeia juntos, defender a liberdade juntos, conscientes de que seremos livres um dia.
Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com novo significado: "Meu país, é de ti, doce terra da liberdade, é de ti que canto. Terra em que morreram meus pais, terra do orgulho do peregrino, que a liberdade ressoe de cada encosta de montanha".
E, se quisermos que a América seja uma grande nação, isso precisa se tornar realidade.
Então que a liberdade ressoe dos prodigiosos picos de New Hampshire.
Que a liberdade ecoe das majestosas montanhas de Nova York!
Que a liberdade ecoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia!
Que a liberdade ecoe das nevadas Rochosas do Colorado!
Que a liberdade ecoe das suaves encostas da Califórnia!
Mas não só isso --que a liberdade ecoe da Montanha de Pedra da Geórgia!
Que a liberdade ecoe da Montanha Sentinela do Tennessee!"
Que a liberdade ecoe de cada monte e montículo do Mississippi. De cada encosta de montanha, que a liberdade ecoe.
E quando isso acontecer, quando deixarmos a liberdade ecoar, quando a deixarmos ressoar em cada vila e vilarejo, em cada Estado e cada cidade, poderemos trazer para mais perto o dia que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestante e católicos, poderão se dar as mãos e cantar, nas palavras da velha canção negra, 'livres, enfim! Livres, enfim! Louvado seja Deus Todo-Poderoso. Estamos livres, enfim!'"

Veja o discurso completo em:

sábado, 25 de julho de 2015

A Tereza de Benguela e a todas as mulheres Afro-Latino-Americanas e Caribenhas!

"Rainha Tereza" administrou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro José Piolho, pelo menos desde 1730.

Em 25 de julho de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, aconteceu o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, com o objetivo de criar uma agenda positiva na luta das mulheres Negras contra o machismo, o sexismo e o racismo, visto que o feminismo das mulheres brancas não as contemplava.  

Deste encontro, surgiu o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, ou simplemente, Dia Internacional da Mulher Negra, um dia especial de reflexão contra os tipos peculiares de violência e discriminação que atingem a mulher Negra nesta parte do continente.
No Brasil, a data ainda celebra Tereza de Benguela, líder quilombola do século XVIII, no Vale do Guaporé, Mato Grosso. Por sua administração forte no Quilombo do Quariterê, era chamada por todos de "Rainha Tereza".

A importância da figura de Tereza de Benguela está na valorização cívica de mulheres Negras, em um panteão quase todo formado por homens brancos, considerados os "heróis da Pátria". Sua presença é mais um ponto para a autoestima Negra e sua percepção enquanto sujeito histórico. Como alguém que age e interfere na História, que não fica assistindo passivamente à espera de uma salvação vinda do homem branco.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial


É necessário falar sobre o racismo sempre!
Ele existe e sua presença é cada vez mais forte. Precisamos combatê-lo e estar sempre vigilantes.
Denuncie!
Não se cale!

segunda-feira, 29 de junho de 2015

67 anos do Apartheid na África do Sul: Para que nunca mais aconteça

Apesar de ser minoria, a elite branca sul-africana restringia violentamente o acesso aos Negros, até mesmo em locais públicos.

Em 29 de junho de 1948, uma das maiores vergonhas da história recente da humanidade foi oficialmente posta em prática. O regime do Apartheid ,"Separação", no idioma africâner, uma espécie de inglês com holandês falado pela minoria branca da África do Sul, que detinha o poder no país.

Esse sistema se caracterizava pelo racismo, dividindo o país, hierarquicamente, entre brancos, mestiços (em especial, indianos) e, por último, os Negros, que, mesmo sendo maioria numérica, possuíam menos direitos que os demais. No Apartheid, a saúde, a educação, os transportes e todos os serviços básicos seguiam essa hierarquia. Além disso, os Negros eram proibidos de circular pelas cidades ou viajar sem um passe de autorização e sua presença nas ruas era limitada a determinados locais e horários. Prisões arbitrárias de "suspeitos de conspiração" contra o governo foram legalizadas. 

É bom que se diga que, apesar de sua oficialização pelo Partido Nacional, na figura do primeiro-ministro sul-africano Daniel François Malan em 1948, o Apartheid foi um desdobramento do colonialismo europeu no continente africano, em que tradições milenares foram desprezadas e as relações tribais foram desestimuladas nos chamados "bantustões" que agrupavam cerca de 80% da população do país em mais ou menos 13% do território, pois, para os brancos, todos os Negros eram igualmente inferiores, não importando sua origem étnica, e as relações interraciais poderiam fazer com que seus costumes desaparecessem.

Organizações compostas por Negros criaram resistência ao Apartheid, com destaque para o CNA (Congresso Nacional Africano), que existia desde 1912, mas teve uma atuação muito importante nos anos de vigência do regime. Neste partido, destacou-se a figura de Rolihlahla Mandela, que recebera o nome de "Nelson" na escola, como acontecia com grande parte das crianças africanas Negras, pelo fato de os descendentes de europeus acharem seu nome tradicional muito complicado.

O Congresso Nacional Africano foi uma das principais vozes contra o Apartheid.

Mandela integrou vários boicotes e "campanhas de desafio", nas quais centenas de Negros pelo país circulavam por áreas exclusivas para brancos sem nenhum passe de autorização, acabou condenado à prisão perpétua, após o julgamento por conspiração e alta traição, mas isso não impediu que continuasse sendo uma grande liderança, mesmo isolado na Ilha Robben ou em outros presídios.

Com o passar dos anos,  o Apartheid foi sofrendo pressões internacionais e enfraquecendo, principalmente pelas suas semelhanças com o Nazismo e pelo fim de outros governos de minoria branca pelo continente. O movimento "Libertem Mandela" tomou conta do mundo inteiro e, a partir do governo de Frederik Willem de Klerk, Mandela foi finalmente solto em 1990, e as proibições foram, pouco a pouco, sendo revogadas.

Nas primeiras eleições livres do país, Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente Negro da história da África do Sul, iniciando um processo de mudanças por justiça e igualdade social. Em 1993, venceu o Prêmio Nobel da Paz, um reconhecimento a tantas décadas de luta contra o racismo.

Nunca devemos esquecer o Apartheid. Não podemos deixar de falar dessa aberração, para que não corramos o risco de vê-la ressurgir das cinzas, tal qual as diversas formas de preconceito latentes ao redor do mundo. Em tempos de "guerras cibernéticas" nas redes sociais por causa da união civil homoafetiva, pela redução da maioridade penal, pela laicidade do Estado e pela liberdade religiosa, em que o lado mais podre, vil e covarde do ser humano se expõe diante de todos, é bom aprender com o passado e perceber que nada de bom pode ser construído através do ódio e da segregação.

Saiba mais:

Filmes:

Mandela - Luta pela liberdade (2009)
Invictus (2009)
Mandela: Longo Caminho até a Liberdade (2013)

Livros:
Nelson Mandela: Longa Caminhada até a Liberdade (lançada em 2012, auto-biografia que deu origem ao filme e com prefácio de Fernando Henrique Cardoso)
Nelson Mandela: Conversas que tive comigo (2010, com prefácio de Barack Obama)

Auto-biografias de Mandela