segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A importância de Pantera Negra para o cinema


O elenco do filme Pantera Negra, que tem data de estreia no Brasil prevista para o dia 15 de fevereiro de 2018, dá uma lição ao mundo inteiro: é possível fazer uma grande produção cinematográfica, com um elenco majoritariamente Negro, sem ter a escravidão ou o racismo como foco principal. 

 Segundo a sinopse oficial liberada pela Marvel Studios:
"Pantera Negra acompanha T'Challa que, após os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil, decide voltar para casa - a isolada e tecnologicamente avançada nação africana de Wakanda - e assumir sua função como Rei. Porém, quando um antigo inimigo reaparece, sua coragem é testada quando ele é levado para um conflito que coloca o destino de Wakanda e do mundo em risco."

Deve-se ressaltar também a excelente escolha do diretor Negro Ryan Coogler (de Creed, Nascido Para Lutar) para o filme, que tem uma ligação direta com a escolha do elenco. A equipe por trás das câmeras (direção, roteiro, produção, entre outras) é tão ou MAIS importante para a variedade de temas do que a própria escolha dos atores e atrizes. A quantidade insuficiente de diretores/as e roteiristas Negros/as pode ser apontada como uma das inúmeras causas para a falta de representatividade e diversidade no cinema, bem como em outras mídias, ao longo da história, fato que finalmente está mudando no século XXI.

Esperamos que o filme trate questões como ancestralidade e respeito às tradições africanas, já que está na própria composição do personagem nos quadrinhos, em que o manto do Pantera Negra é passado hereditariamente, junto com a Coroa de Wakanda. Também contamos com uma visão fora do senso comum em relação à África, pois a terra do Rei T'Challa é uma das nações mais ricas e desenvolvidas do mundo. 


A responsabilidade de Pantera Negra para o cinema é do tamanho das expectativas!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O "Cidadão de Bem"


Eu costumo dizer que as pessoas só mostram quem realmente são na hora da raiva, que é quando falam sem o filtro das conveniências sociais. Vivemos tempos perigosamente complicados, exacerbados pela polarização política decorrente das últimas eleições presidenciais e dos seus desdobramentos no país, com a interrupção abrupta do mandato de Dilma Rousseff, mas nem pretendo entrar no mérito de se foi "golpe" ou "impeachment". Meu objetivo aqui é outro.

As divergências político-ideológicas entre "esquerda" e "direita" no Brasil são só um pano de fundo para um problema bem maior. No afã de atacar o grupo ideológico oposto ou defender o seu próprio, as pessoas estão ultrapassando todos os limites, esquecendo a empatia, a solidariedade, o respeito ao ser humano e a manutenção de direitos básicos históricos. Chegam ao absurdo de dizer que os direitos humanos são "coisa da esquerda".

Hoje, Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, e que nunca ocupou nenhum cargo público, foi internada em estado grave, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Nas reações das páginas dos principais jornais no Facebook, muitos "cidadãos de bem" colocaram símbolos de gargalhadas e corações (o "Amei"). O "cidadão de bem" não viu uma mulher nas notícias, mas, tal qual um touro das arenas espanholas, só enxergou uma bandeira vermelha, transferindo pra ela todas as suas frustrações partidárias. As reações às recentes rebeliões nos presídios também costumam ser as mesmas.

Cada vez mais, confunde-se justiça com vingança. Vejo o típico "cidadão de bem" repetir o mantra de que "bandido bom é bandido morto" (bem, sabemos de que "bandido" ele está falando...), aplaudir chacinas e defender (ou participar de) linchamentos nas redes sociais. Vejo esse mesmo cidadão responsabilizar as mulheres vítimas de algum tipo de violência sexual, julgando suas roupas ou seus hábitos. O "cidadão de bem" não se importa com os episódios de racismo que aparecem na mídia e regozija-se ao ver casos explícitos de homofobia, citando sua bíblia pra dizer que "homossexualidade é abominação" nos cultos ou missas que sempre frequenta e, por isso, costuma ver uma justificativa para as agressões e assassinatos que as pessoas LGBT sofrem, apesar de nem sempre concordarem publicamente.

O "cidadão de bem" não acredita em ressocialização nenhuma e acha, erroneamente, que desejar um tratamento adequado nos presídios significa "defender vagabundo". Não é nada disso! Quem comete crimes deve pagar, pelo período descrito no Código Penal, respeitando a Constituição e os Direitos Humanos, para que possa se regenerar, salvo em algumas exceções. Para muitas pessoas, o ideal seria trancar todos, sem distinção entre penas leves ou pesadas, e jogar a chave fora, esquecendo que, um dia, os presos vão voltar pra sociedade. 

Pode parecer duro, mas é preciso dizer: quando você defende a agressão ou morte de pessoas, quando apoia qualquer tipo de discriminação, supostamente amparada pela sua religião ou se sente feliz pela doença de alguém, só porque as opiniões desta pessoa são diferentes da sua, fica impossível separar o "cidadão de bem" do "criminoso" que tanto ataca.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Tradução do discurso de Angela Davis na Women’s March


Abaixo uma tradução livre, feita por Juliana Borges, do blog "Crônicas na Bela Vista", do discurso de Angela Davis, filósofa e feminista Negra no Women’s March (uma mobilização de centenas de milhares de mulheres em diversos países por justiça social, direitos iguais e contra o avanço conservador no mundo, sintetizado na figura de Donald Trump, agora presidente dos Estados Unidos.)
“Em um momento histórico desafiador, vamos nos lembrar que nós somos centenas de milhares, milhões de mulheres, transgêneros, homens e jovens que estão aqui na Marcha das Mulheres. Nós representamos forças poderosas de mudança que estão determinadas a impedir as culturas moribundas do racismo e do hetero-patriarcado de levantar-se novamente.
Nós reconhecemos que somos agentes coletivos da história e que a história não pode ser apagada como páginas da Internet. Sabemos que esta tarde nos reunimos em terras indígenas e seguimos a liderança dos povos originários que, apesar da massiva violência genocida, nunca renunciaram a luta pela terra, pela água, pela cultura e pelo seu povo. Nós saudamos hoje, especialmente, o Standing Rock Sioux.
A luta por liberdade dos negros, que moldaram a natureza deste país, não pode ser apagada com a varredela de uma mão. Nós não podemos esquecer que vidas negras importam. Este é um país ancorado na escravidão e no colonialismo, o que significa, para o bem ou para o mal, a real história de imigração e escravização. Espalhar a xenofobia, lançar acusações de assassinato e estupro e construir um muro não apagarão a história.
Nenhum ser humano é ilegal!
A luta para salvar o planeta, interromper as mudanças climáticas, para garantir acesso a água das terras do Standing Rock Sioux, à Flint, Michigan, a Cisjordânia e Gaza. A luta para salvar nossa flora e fauna, para salvar o ar – este é o ponto zero da luta por justiça social.
Esta é uma Marcha das Mulheres e ela representa a promessa de um feminismo contra o pernicioso poder da violência do Estado. E um feminismo inclusivo e interseccional que convoca todos nós a resistência contra o racismo, a islamofobia, ao anti-semitismo, a misoginia e a exploração capitalista.
Sim, nós saudamos o ‘Fight for 15’. Dedicamos nós mesmas para a resistência coletiva. Resistência aos bilionários exploradores hipotecários e gentrificadores. Resistência a privatização do sistema de Saúde. Resistência aos ataques contra muçulmanos e imigrantes. Resistência aos ataques contra as pessoas com deficiência. Resistência a violência do Estado perpetrada pela polícia e através da indústria do complexo prisional. Resistência a violência de gênero institucional e doméstica, especialmente contra mulheres trans negras.
Direitos das mulheres são direitos humanos em todo o planeta. E é por isso que nós dizemos ‘Liberdade e Justiça para a Palestina!’. Nós celebramos a iminente libertação de Chelsea Manning e Oscar Lopez Rivera. Mas também dizemos ‘Liberdade para Leonard Peltier! Liberdade para Mumia Abu-Jamal! Liberdade para Assata Shakur!’
Nos próximos meses e anos nós estamos convocadas a intensificar nossas demandas por justiça social e nos tornarmos mais militantes em nossa defesa das populações vulneráveis. Aqueles que ainda defendem a supremacia masculina branca e hetero-patriarcal devem ter cuidado!
Os próximos 1459 dias da gestão Trump serão 1459 dias de resistência: Resistência nas ruas, nas escolas, no trabalho, resistência em nossa arte e em nossa música.
Este é só o começo. E termino nas palavras da inimitável Ella Baker: ‘Nós que acreditamos na Liberdade, não podemos descansar até que ela seja alcançada!’ Obrigada.”
(Angela Davis, Women’s March. 21.01.2017. Washington/EUA)

sábado, 21 de janeiro de 2017

Secretaria Especial de Direitos Humanos divulga relatórios sobre a intolerância religiosa no Brasil


21 de janeiro é a data em que se celebra o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Como uma das ações deste dia, foi apresentado ontem(sexta-feira, 20) o Relatório sobre Intolerância e Violência Religiosa no Brasil (Rivir), produzido pela SEDH. 


Junto com a apresentação, foram expostos também os trabalhos do livro "Intolerância Religiosa no Brasil” (de Ivanir dos Santos - CCIR/RJ) e conclusões da pesquisa “Diversidade Étnico-Racial e Pluralismo Religioso no Município de São Paulo” (Dr. Hédio Silva – OAB/SP).

O download do relatório completo pode ser baixado no site da Secretaria Especial de Direitos Humanos, ligada ao Ministério da Justiça e Cidadania, através deste LINK.


Marvel anuncia nova HQ com Pantera Negra, Tempestade, Luke Cage e Misty Knight


Pantera Negra continua a crescer dentro do Universo Marvel. Além de “Pantera Negra” e “Pantera Negra: Mundo de Wakanda”, a Marvel anunciou uma nova revista do herói: Pantera Negra e The Crew.
O anuncio, feito pela Time diz que o novo título começará a partir de uma história nas edições 7 e 8 da atual revista do Pantera Negra, que terá T’Challa junto de um grupo de heróis composto por Tempestade, Luke Cage, Misty Knight e o Dobra. A revista será escrita por Ta-Nehisi Coates e Yona Harvey com arte de Butch Guice.
A revista ressuscita a The Crew, uma equipe com vários heróis que se uniram para lutar contra o crime. A revista da equipe foi lançada em 2003 e teve apenas sete edições e contava com heróis famosos como o Máquina de Combate e o Tigre Branco. Como ela não foi publicada no Brasil, não possui um título oficial, mas pode ser traduzida como “A Equipe”.
Agora, Coates ressuscita a equipe e lhe dá mais visibilidade política dentro da Marvel. A primeira história irá se focar nos eventos desencadeados após a morte de um ativista que estava sob custódia da polícia. Coates falou sobre a relevância da história ressoar com as noticias atuais, dizendo que “Isso é algo que está no ar. Não é como se eu tivesse olhado para os protestos do Black Lives Matter e ficado ‘Hey, quero escrever um quadrinho sobre isso’. Mas você é confrontado por isso todo dia, então quando eu sentei para pensar no que essa história com quatro protagonistas negros seria sobre e comecei a escrever, isso surgiu. Os eventos atuais estão comigo. Pareceu a oportunidade de fazer algo. Fica claro na primeira edição que o ativista não é apenas um ativista. Tem algo mais acontecendo”. 
Coates também fala sobre como ele pretende colocar heróis grandes e globais como o Pantera Negra e a Tempestade no nível das ruas. “O que significa proteger as ruas e proteger o mundo? Como essas coisas estão ligadas? O que acontece quando o T’Challa está andando na rua sem seu uniforme e as pessoas não o reconhecem, ele é apenas uma pessoa negra? A mesma coisa com a Tempestade”. 

Fonte: Legião dos Heróis

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O emotivo discurso de despedida Barack Obama em 7 frases

Confira sete frases simbólicas do último discurso de Barack Obama, compiladas pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC:
1."Vocês foram a mudança": Obama deu crédito aos cidadãos pelas várias realizações de seu governo, como o descongelamento das relações com Cuba, o fim da recessão econômica, a queda da taxa de desemprego e o acordo nuclear com o Irã.
2."O futuro está em boas mãos": foi a forma otimista do líder de dirigir-se às novas gerações que, segundo ele, "em breve serão maioria".
3."No entanto, não estamos onde precisamos estar. Todos nós temos muito trabalho para fazer", refletiu Obama frente ao racismo existente nos Estados Unidos.
4."A democracia pode cambalear quando entregue ao medo", foi o que disse o presidente americano sobre a crescente intolerância frente a minorias, principalmente em relação à discriminação contra a comunidade muçulmana nos Estados Unidos.
5."Assumam o desafio das mudanças climáticas": Obama destacou que, em oito anos, conseguiu reduzir a dependência de seu país por combustíveis fósseis e dobrou as reservas de energias renováveis. Ele pediu aos americanos para não abandonar essa agenda. "Nossos filhos não terão tempo para debater a existência das mudanças climáticas. Estarão ocupados lidando com seus efeitos", concluiu.
6."Peço a vocês que criem": o "último pedido como presidente" de Obama foi um apelo para que os americanos usem suas habilidades para mudar as coisas.
7."Sim podemos": assim concluiu o presidente dos Estados Unidos em seu discurso. Ele afirmou que ter servido a seu país foi a maior honra de sua vida. Depois agradeceu à plateia, pediu a Deus que "continue abençoando os Estados Unidos" e terminou a fala.
A matéria completa pode ser vista no link:

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Olodum - 30 anos de "Faraó, Divindade do Egito"



Em 2017, "Faraó", como é mais conhecida uma das mais famosas músicas do Olodum e do samba-reggae, completa 30 anos. A união entre mitologia africana e a batida dos tambores é a principal marca dos blocos afro baianos, como Ilê Aiyê, Malê Debalê, Cortejo Afro, Muzenza, Filhos de Gandhi, além do próprio Olodum, entre vários outros.
Segue a música:




Faraó, Divindade do Egito

Deuses!
Divindade infinita do universo
Predominante
Esquema Mitológico
A ênfase do espírito original, Shu
Formará, no Éden, um ovo cósmico

A Emersão!
Nem Osíris sabe como aconteceu
A Emersão!
Nem Osíris sabe como aconteceu

A Ordem 
Ou submissão do olho seu
Transformou-se
Na verdadeira humanidade

Epopeia!
Do código de Geb
E Nut
Gerou as estrelas

Osíris!
Proclamou matrimônio com Ísis
E o mau Set
Irado, o assassinou
E impera

Hórus, levando avante
A vingança do pai
Derrotando o império
Do mau Set
Ao grito da vitória
Que nos satisfaz

Cadê?
Tutancâmon
Hei, Gizé!
Akhaenaton
Hei, Gizé!
Tutancâmon
Hei, Gizé!
Akhaenaton

Eu falei Faraó

Êeeh, Faraó!
Eu clamo Olodum, Pelourinho

Êeeh, Faraó!
Pirâmide, a base do Egito

Êeeh, Faraó!
Eu clamo Olodum, Pelourinho
Êeeh, Faraó...


Que Mara Mara
Maravilha êh!
Egito, Egito, êh!


Que Mara Mara
Maravilha, êh!
Egito, Egito êh!
Faraó ó ó ó ó!
Faraó ó ó ó ó!

Pelourinho, uma pequena comunidade
Que porém o Olodum unira
Em laço de confraternidade
Despertai-vos
Para cultura egípcia no Brasil
Em vez de cabelos trançados
Veremos turbantes de Tutancâmon

E nas cabeças
Enchem-se de liberdade
O povo negro pede igualdade
Deixando de lado as separações


segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Be Strong!


2016 não foi um ano fácil. Levamos muita porrada, tanto no sentido denotativo quanto no conotativo da palavra. Encaramos vários desafios, mas ainda estamos aqui. Sobrevivemos!
Às vezes, nossa única alternativa é ser forte, nossa corrida nunca acaba. O que importa é manter a cabeça em pé e derrubar as adversidades, uma por uma!
Feliz 2017!

Amandla!
Ufanisi!
Ubuntu!
Uhuru!
Sankofa!