sábado, 28 de dezembro de 2019

Mãe Ana de Xangô é a nova Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá



Hoje, 28 de dezembro de 2019, 7° dia das obrigações fúnebres de um ano de Mãe Stella de Oxossi, aproximadamente 08:30 da manhã, no barracão de festas do Opô Afonjá, deu-se início ao jogo sucessório da nova Iyalorixá deste Axé.

A imprensa televisiva e as mídias eletrônicas, já fizeram às vezes de informar ao público a nova Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, portanto, acredito que a maioria já saiba o resultado. Mas, ainda que muito cansado das seis noites anteriores, eu não poderia deixar de escrever estas linhas e ressaltar algumas informações vistas aos meus olhos e entendimento da existência enérgica de Xangô.

A sexta Iyalorixá da casa (6. Número de Xangô); Afonjá. Qualidade do Xangô da nova mãe de santo, e por fim, Ana, primeiro nome de Ana Verônica Bispo dos Santos, ou seja, Afonjá de Eugênia Anna dos Santos, Iyá Obá Biyi, ou Mãe Anninha, fundadora desta casa, se faz presente materializado em nossa nova mãe. Mãe Ana (Anninha) de Xangô, Obá Gerè/ Guêrê*.

A cosmologia mais uma vez em exercício.

Salve Afonjá... Vida longa a Mãe Ana de Xangô.

Kabiêsi!

Obá Abiodun, Adriano de Azevedo Santos Filho.

Fonte: Facebook do Ilê Axé Opô Afonjá

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Sobre a importância de educar



"Agora que sou adulta, percebo que, ainda novas, as crianças sabem quando estão sendo desvalorizadas, quando os adultos não têm interesse em ajudá-las a aprender. A raiva que sentem disso pode se manifestar na forma de rebeldia. Não é culpa delas. Não são 'crianças ruins'. Estão apenas tentando sobreviver a circunstâncias ruins."

(Michelle Obama, "Minha História")

domingo, 15 de dezembro de 2019

Maju Coutinho é a primeira Negra a vencer o prêmio de Jornalista do Ano



A jornalista Maria Julia Coutinho se tornou a primeira mulher negra a vencer o prêmio de melhor jornalista no ‘Troféu Melhores do Ano’, da TV Globo, neste domingo (15). A premiação foi entregue pelo apresentador Fausto Silva durante o ‘Domigão do Faustão’ e foi bastante comemorada nas redes sociais por criticar o autoritarismo e destacar a importância de estar onde ela está.
Depois de se tornar a primeira pessoa negra a concorrer na categoria de jornalistas do ‘Melhores do Ano’, em 2015, Maju quebrou outra escrita em 2019 e levou para casa o troféu em 2019. Ao receber o prêmio ela destacou o quanto é significativo ela ocupar o espaço que ela ocupa. “Quanto mais levo porrada, mais se faz necessária minha presença”, afirmou.
Nas redes foi lembrado também o episódio em que um site chegou a contabilizar o número de falhas da apresentadora, atitude denunciada pela direção de jornalismo da Globo e profissionais da área como  racismo. “Merece… Tapão na cara de quem conta cada gaguejada dela, algo absolutamente normal para quem assumiu um dos principais telejornais do país, em meio à mudança de formato”, comentou o jornalista Duh Secco, do portal RD1 Audiência.
Pouco mais de um mês depois desse caso, viralizou nas redes um vídeo de uma menina negra se comparando à apresentadora em razão do cabelo cacheado.
Além da reafirmação da representatividade, Maju ainda mandou um recado ao governo. “Estou lá representando uma galera, quase 40 pessoas do ‘Jornal Hoje’, em um momento que alguns governantes flertam com autoritarismo”, declarou.
A apresentados competia com Sandra Annenberg, vencedora nas três últimas edições do prêmio, e Renata Vasconcellos, que levou o troféu em 2015.

Fonte: Revista Fórum

Para que a data não passe "em branco" (jamais!), queria lembrar que o Ufanisi! completou 9 anos ontem. Muito obrigado por me aturarem durante tanto tempo!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Miss África do Sul é eleita a Miss Universo 2019




A sul-africana Zozibini Tunzi desbancou outras 89 candidatas e se tornou a Miss Universo 2019. A disputa da 68ª edição, transmitida ao vivo no mundo inteiro, aconteceu na noite deste domingo, 8, em Atlanta, nos Estados Unidos, e contou com apresentação de Steven Harvey. Madison Anderson, de Porto Rico, e Sofía Aragón, do México, ficaram em segundo e terceiro lugar respectivamente.
Zozibini Tunzi chamou atenção do júri, composto apenas por mulheres, em sua última fala. A relações-públicas disse que gostaria de ver a sua beleza inspirando as novas gerações. "Eu cresci em um mundo em que uma mulher com a minha pele, a minha aparência e o meu cabelo não era considerada bonita. Isso acaba hoje. Quero que as crianças enxerguem o reflexo dos seus rostos no meu", disse a representante sul-africana ao público.
A nova Miss Universo também falou sobre a questão ambiental, na fase de perguntas e respostas. "Acho que os líderes do futuro podem fazer mais, mas acho que nós como indivíduos também podemos fazer mais. Desde a sexta série eu aprendo que o nosso planeta está morrendo. Depende de nós mantermos a nossa segurança. Vemos crianças protestando e nós, adultos, podemos cooperar", afirmou.

domingo, 8 de dezembro de 2019

A conturbada vida de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, preso, expulso da Marinha e internado como louco


Até hoje, quase 110 anos depois, não se sabe ao certo o que levou o comandante do Minas Gerais, João Batista das Neves, a ordenar que o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes levasse 250 chibatadas: a suspeita de ter embarcado, às escondidas, com duas garrafas de cachaça; a acusação de ter agredido um cabo com uma navalha; ou um pouco dos dois. Em 1910, faltas leves eram punidas pelos oficiais da Marinha com a prisão em solitária, a pão e água, por um período de três a seis dias. Já as ofensas mais graves, como desrespeito à hierarquia, recebiam como castigo 25 chibatadas, na frente de toda a tripulação e ao som do rufar de tambores.

O fato é que, no dia 21 de novembro daquele ano, a sentença imposta a Marcelino, amarrado a um mastro do convés e nu da cintura para cima, revoltou um grupo de marinheiros negros que, cansado de sofrer castigos físicos de seus oficiais brancos, resolveu organizar um motim. No dia seguinte, às 22h, o clarim não pediu silêncio. Chamou para o combate. 

Sob a liderança de João Cândido, 2.379 marinheiros - em sua maioria, negros e pardos - assumiram o comando de quatro navios de guerra - Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro -, que estavam ancorados na Baía de Guanabara. Aos gritos de "Viva a liberdade!" e "Abaixo a chibata!", a marujada içou bandeiras vermelhas de insurreição, apontou 80 canhões na direção do Rio de Janeiro e ameaçou bombardear a então capital da República, caso suas exigências não fossem cumpridas: melhores salários, anistia aos revoltosos e, principalmente, o fim dos castigos. Por essa razão, o motim, que durou apenas cinco dias, de 22 a 27 de novembro, entrou para a História como a Revolta da Chibata. "Não podíamos admitir que, na Marinha do Brasil, um homem ainda tirasse a camisa para ser chibatado por outro homem", declarou João Cândido, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio, em março de 1968.

Chibata, nunca mais! 

Um tiro de canhão, de advertência, chegou a ser disparado. Atingiu um cortiço e matou duas crianças. Enquanto parte da população fugia apavorada, a outra parte, curiosa, corria para o cais, para assistir ao vaivém dos navios. Pressionado por políticos da oposição, o recém-empossado presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca, aceitou as condições e pôs fim à rebelião. "João Cândido e os outros marujos, até então anônimos e subalternos, viraram notícia e obrigaram os poderosos a ceder. Durante cinco dias, a capital do Brasil esteve sob sua posse e, na medida em que conquistaram seu principal objetivo, que era o fim dos castigos corporais, saíram vitoriosos", afirma o historiador Marco Morel, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), organizador do livro A Revolta da Chibata (2016), escrito pelo seu avô, Edmar Morel, e autor do livro João Cândido - A Luta pelos Direitos Humanos (2008).

Apontado como o líder do movimento, João Cândido passou a conceder entrevistas para os principais jornais da época. "As carnes de um servidor da pátria só serão cortadas pelas armas dos inimigos, mas nunca pela chibata de seus irmãos. A chibata avilta", declarou, em 1910, ao jornal Correio da Manhã. A trégua, porém, durou pouco. Já no dia seguinte, logo que os rebelados começaram a desembarcar, Hermes da Fonseca voltou atrás. E, por decreto, começou a perseguir todos os que participaram do levante. "Fisicamente, João Cândido era um gigante, mas, nunca abusou de sua superioridade física. Hábil no uso das palavras, sempre cumpria o que prometera, ao contrário do presidente que, logo que recuperou os navios, traiu os compromissos assumidos", afirma o escritor Alcy Cheuiche, autor do livro João Cândido, o Almirante Negro (2010).

Memórias do cárcere 

Dos 2.379 marujos revoltosos, 1.216 foram expulsos da Marinha. Outros 600 foram presos e 105 obrigados a embarcar nos porões do navio Satélite, rumo à Amazônia, para trabalhos forçados na produção da borracha. Catorze deles nunca chegaram ao destino. Foram fuzilados durante a viagem e tiveram seus corpos jogados ao mar. "A revolta de 1910 teve o mais infame dos desfechos", escreveu o jornalista Oswald de Andrade, em Um Homem Sem Profissão - Sob as Ordens de Mamãe (1958). João Cândido foi preso, interrogado e, às vésperas do Natal de 1910, levado para a Fortaleza de São José, na Ilha das Cobras (RJ), onde ficava o Batalhão Naval.

Em um calabouço onde só cabiam seis prisioneiros, dividiu a solitária com 17 companheiros. Ali, os marujos ficaram por três dias, sem ter o que comer ou beber e debaixo de um sol escaldante. Sob o pretexto de desinfetar a "jaula", imunda de fezes e urina, os carcereiros jogaram cal lá dentro. Apenas dois dos 18 encarcerados sobreviveram: João Cândido e João Avelino Lira, de 26 anos. 

Os demais morreram de fome ou de asfixia. A via-crúcis de João Cândido não terminou ali. Em abril de 1911, foi mandado para o Hospital Nacional dos Alienados, onde permaneceu por dois meses. Logo, o diretor da instituição, Juliano Moreira, atestou que, de louco, João não tinha nada. Liberado, voltou à prisão, onde sobreviveu a uma tentativa de assassinato.

Um ano e meio depois, no dia 29 de novembro de 1912, foi levado a julgamento. Apesar de absolvido das acusações, foi expulso da Marinha. O apelido de "Almirante Negro" quem lhe deu foi o escritor João do Rio, que trabalhava no jornal Gazeta de Notícias.

"Quando morreu, em 1969, João Cândido ainda inspirava medo nas autoridades."


Um líder nato

 Filho de escravos, João Cândido Felisberto nasceu no dia 24 de junho de 1880, em uma fazenda em Encruzilhada do Sul (RS), a 170 km de Porto Alegre. Aos 14 anos, ingressou na Marinha, como grumete (recruta). Como marinheiro, João Cândido navegou por três continentes - Europa, América e África - e aprendeu a operar quase todos os instrumentos a bordo, do leme ao canhão. "De origem muito pobre, João Cândido não estudou. Mas tinha uma sabedoria e um espírito de liderança que permitiram que se destacasse na Marinha. Aprendia tudo de olhar", afirma o jornalista Fernando Granato, autor do livro O Negro da Chibata (2000). Entre outras expedições, João Cândido participou da missão que, em 1903, disputou com a Bolívia o território do Acre. À época, contraiu tuberculose e chegou a ficar internado por três meses no Rio. Recuperado, foi mandado para a Inglaterra, em julho de 1909, para aprender a operar o encouraçado Minas Gerais, de fabricação britânica. Ao voltar da Europa, depois de conversar com marujos ingleses, os mais politizados do mundo, tentou negociar o fim da chibata com o então presidente Nilo Peçanha. Não teve sucesso.

'Velhos amigos'

 Ao sair da prisão, em 30 de dezembro de 1912, João Cândido passou a fazer biscates e a vender peixes para sobreviver. Durante muitos anos, saía de casa à noitinha e só voltava na manhã seguinte. Foi carregando cestos de peixe na Praça XV que, em 1937, anônimo e pobre aos 57 anos, conheceu o jornalista Edmar Morel, então repórter do jornal O Globo, que decidiu escrever sua biografia, A Revolta da Chibata (1959). "O livro ressuscitou João Cândido, que voltou a ser notícia meio século depois de seu feito nas águas da baía da Guanabara. Quando João Cândido faleceu, meu avô foi um dos que carregou seu caixão, sob forte temporal e cercado de policiais. Mais que amigos, tornaram-se parceiros, cúmplices e solidários", afirma Morel.

Em março de 1953, quando soube que o Minas Gerais seria vendido como sucata para a Itália, João Cândido subiu em seu modesto caiaque, o Três Marias, e remou até o ancoradouro. Lá, deu um longo beijo de despedida no seu casco enferrujado. João Cândido se casou três vezes, com Marieta, Maria Dolores e Ana, e teve 11 filhos. Viveu seus últimos anos de vida em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, numa rua sem asfalto, luz elétrica ou água encanada.

"Embora nunca tenha sido castigado na Marinha, meu pai não aceitava que os companheiros fossem torturados. Não foi um ato de heroísmo o que ele fez. Foi um ato de humanidade", relata o filho Adalberto Cândido, o Candinho, de 81 anos. "A maior lição que meu pai deixou foi não abaixar a cabeça para ninguém. E assumir as consequências do que faz", acrescentou.

No dia 6 de dezembro de 1969, João Cândido, então com 89 anos, deu entrada no Hospital Getúlio Vargas, no Rio, onde morreu dois dias depois, de câncer no intestino. No dia do enterro, um grupo de policiais, à paisana, compareceu ao cemitério do Caju para fotografar quem estava lá. "Quando morreu, em 1969, João Cândido ainda inspirava medo nas autoridades. Passados 50 anos, não teve o reconhecimento merecido. Embora signifique um marco histórico de ruptura contra um sistema racista e opressor, a Revolta da Chibata é praticamente desconhecida para a maioria dos brasileiros", afirma Granato.

O dragão do mar' 

João Cândido não foi o único a ser perseguido. Todos aqueles que, de alguma maneira, prestaram homenagens ao 'Almirante Negro' tiveram que arcar com as consequências. O humorista Apparício Torelly, o Barão de Itararé, foi um deles. Em outubro de 1934, decidiu transformar a vida de João Cândido em folhetim, A Insurreição dos Marinheiros de 1910, e publicá-la em série no jornal Folha do Povo. Por volta do 10º capítulo, foi sequestrado e espancado por homens encapuzados. Debochado, passou a pendurar na porta de sua sala na redação do jornal uma placa onde se lia: "Entre sem bater".

O compositor Aldir Blanc passou por perrengue parecido. Em 1970, ele e o parceiro, João Bosco, compuseram a música O Mestre-Sala dos Mares, sucesso na voz de Elis Regina. Os censores implicaram com a letra e "convidaram" Aldir para depor no antigo Palácio do Catete, hoje Museu da República. "Lá, um policial negro sempre arranjava um jeito de parar bem perto de mim: eu, sentado, e ele, de pé, com o coldre da arma quase encostado em meu nariz", recorda o compositor.

Aldir Blanc fez o impossível para a censura liberar a música: "marinheiro" virou "feiticeiro", "negros" cedeu lugar para "santos" e "almirante" foi substituído por "navegante". "O samba só passou por um truque: um funcionário da então gravadora RCA ensinou que, se mudássemos radicalmente o título, eles não leriam a letra e ela passaria com algumas pequenas alterações, bem doidas. Bolamos, então, 'Mestre-Sala dos Mares' e, como não tinha a palavra 'negro' no título, metemos a bola entre as canetas da censura", gaba-se o compositor.

"Por mais que tentassem derrubar sua história, João Cândido foi sempre lembrado e festejado como o líder de centenas de marinheiros negros que deram um basta aos desumanos castigos corporais", afirma o historiador Álvaro Pereira Nascimento, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autor do livro Cidadania, Cor e Disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910 (2008). "Ainda faltam mais biografias e, também, a reparação financeira à família de João Cândido e às dos demais marinheiros. Não receberam um centavo após serem ilegalmente perseguidos e expulsos da Marinha de Guerra entre 1910 e 1912".

Fontes: UOL/BBC News Brasil

domingo, 17 de novembro de 2019

Santos fez campanha contra racismo em dia de visita de Bolsonaro à Vila Belmiro

Os uniformes do Santos trouxeram vários dados em campanha contra racismo.

O Santos fez uma ação contra o racismo no jogo contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro, que teve a presença do presidente Jair Bolsonaro. Em parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, o time do litoral paulista entrou em campo estampando na numeração dos jogadores dados sobre o preconceito no mês da Consciência Negra. "O Peixe e o Observatório da Discriminação Racial no Futebol estão juntos para uma nova ação de conscientização. Os jogadores do Santos trarão números que comprovam que, no Brasil, a desigualdade racial ainda é muito presente no dia a dia das pessoas. Os números dos jogadores no clássico mostrarão como a população negra ainda sofre no Brasil, seja de forma velada ou explícita", escreveu o clube em seu Twitter.

Alguns dados, inclusive, confrontam políticas do governo Bolsonaro. O zagueiro Gustavo Henrique estampou na camisa que 86% dos trabalhadores análogos à escravidão são negros. O uniforme do volante Alison informou que 60% dos negros sofrem intolerância religiosa. Bolsonaro já manifestou o interesse de flexibilizar as punições por trabalho escravo e se inclina aos evangélicos em detrimento das religiões de matriz africana.
Nota oficial emitida pela Torcida Jovem do Santos

A Torcida Jovem, principal organizada do Santos, se manifestou contra a visita de Bolsonaro à Vila Belmiro. Em carta, expressou seu "total descontentamento" com a presença do presidente, lembrou que o chefe do Executivo apoia a ditadura militar e ressaltou que ele torce pelo "rival da capital" Palmeiras. "Repudiamos o palanque político que essa visita significa e reforçamos que os posicionamentos ideológicos de Bolsonaro são incompatíveis com a pluralidade social, racial, étnica e cultural da torcida santista e de toda a história de luta da Torcida Jovem contra a ditadura militar, enaltecida por esse político", protestou a organizada.

Fonte: UOL Esporte

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Governo da Bahia promove campanha contra o racismo


Barrado no restaurante. Preso por cinco anos sem passar por audiência. Só pode ser filha de ladrão ou prostituta. Acusada de roubo que era inocente. Menina bastarda. Deve ser viciado. Imaginou os personagens enquanto lia? Quantos deles eram brancos? E negros? A Bahia é o estado com maior população negra do Brasil, reconhecido pela música e gastronomia, cultura fortemente influenciada pelos povos africanos.
Apesar da representatividade da cultura negra estar presente em cada canto do estado, os registros de preconceito contra a raça seguem em ascensão. Desde a fundação, em 2013, o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, da Sepromi, registrou 603 queixas, sendo 348 por racismo, 187 por intolerância e 66 casos correlatos. Ao longo de seis anos, estes números saltaram de 14 em 2013 para 141 casos em 2018.
Como pode ver, os relatos de racismo são ainda – e infelizmente – tão frequentes que o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial – Sepromi, lançou mais uma campanha de conscientização para que a população levante a voz contra a discriminação racial.
Em um vídeo incômodo, forte e muito franco, a campanha coloca em pauta um crime que muitos não enxergam ou não querem debater. Uma ferida que precisa ser reconhecida e discutida por todos.
Criadas pela Objectiva sob o tema “Todas as vozes contra o racismo, todas as leis contra os racistas”, as peças circulam em mídias on e off de todo o estado.
É hora de levantar a voz contra a intolerância e abafar o grito contra os negros. A Sepromi tem um canal direto para qualquer cidadão denunciar um ato racista. Ligue: 71 3117-7448.

domingo, 3 de novembro de 2019

Lewis Hamilton Hexacampeão Mundial de Fórmula 1



Homenagem do Ufanisi! ao primeiro (e até agora, único) piloto Negro da Fórmula Um, Lewis Hamilton, pelo seu sexto título mundial. Apenas Michael Schumacher conseguiu tal feito. O ex-piloto alemão possui 7 títulos e conquistar o sétimo título é o último degrau que falta para que Hamilton torne-se o maior piloto da história!

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Transcrição da aula sobre racismo estrutural do professor Roger Machado

Roger, do Bahia e Marcão, do Fluminense, vestindo a camisa do Observatório Contra a Discriminação Racial no Futebol.


A entrevista que o treinador do Bahia, Roger Machado, concedeu após a derrota da sua equipe para o Fluminense repercutiu muito mais que o resultado da partida, principalmente, porque não é comum alguém expor as obviedades do "racismo à brasileira" assim, ao vivo. Aproveitando o Dia do Professor, segue a transcrição que fiz da sua resposta sobre a campanha do Observatório Contra a Discriminação Racial no Futebol, e que acabou se tornando uma verdadeira aula sobre o racismo institucional no futebol e na sociedade como um todo:




Não deveria chamar atenção e ter uma repercussão grande dois treinadores Negros estarem se enfrentando na área técnica, depois de terem tido uma passagem como protagonistas dentro do campo. Pra mim, isso é a prova de que existe um preconceito, porque é algo que chama atenção, à medida em que a gente tem mais de 50% da população Negra e a proporcionalidade que se representa não é igual.

Eu acho que a gente tem que refletir e se questionar: se não há preconceito no Brasil, por que é que os Negros “conseguem” ter um nível de escolaridade menor que o dos brancos?
Por que  70% da população carcerária é Negra? Por que  quem mais morrem são os jovens Negros no Brasil? Por que  os menores salários entre os brancos e Negros são pros Negros? Entre as mulheres brancas e Negras, são pras Negras?  Entre as mulheres, por que quem mais morrem são as mulheres Negras?

Há diversos tipos de preconceito. Nas conquistas pelas mulheres, por exemplo, hoje, nós vemos mulheres no esporte, como você [falando com a jornalista do Fox Sports], mas quantas mulheres Negras têm comentando esporte? Então, nós temos que nos perguntar: Se não há preconceito no Brasil, qual é a resposta que tem relacionada a isso?



Pra mim, nós vivemos um preconceito estrutural. Institucionalizado. E quando eu respondo pras pessoas que eu nunca sofri preconceito diretamente, a ofensa, a injúria, ela é só um sintoma dessa grande causa social que nós temos. Porque a responsabilidade é de todos nós, mas a culpa desse atraso, depois de 388 anos de escravidão é do Estado. Porque é através dele que essas políticas públicas que, nos últimos 15 anos, foram institucionalizadas e resgataram a autoestima dessas populações, que, ao longo de muitos anos, tiveram negado o acesso a assistências básicas, elas estão sendo retiradas nesse momento.

Na verdade, esses casos que estão havendo agora de aumento de feminicídio , homofobia, os casos diretos de preconceito racial, como eu disse, é um sintoma, porque a estrutura social é racista. Ela sempre foi racista. Porque nós temos um sistema de crenças e regras que é estabelecido pelo poder. E o poder é o poder do Estado, é o poder das comunicações, é o poder da igreja.

Quando esses poderes não enxergam ou não querem aceitar  e assumir que o racismo existiu e que precisa haver uma correção nesse curso, muitas vezes dizem que nós estamos nos “vitimando” ou que há um “racismo reverso”. Mas a bem da verdade é que 10 milhões de indivíduos foram escravizados. Mais de 25 gerações. Isso passou pelo Brasil Colônia, pelo Império e só mascarou no Brasil República. E a gente precisa falar sobre isso. Nós precisamos sair da fase da negação.

Nós negamos: “não, eu não falo sobre isso porque não existe racismo no Brasil”, em cima do mito da democracia racial. Negar e silenciar é confirmar o racismo. E a minha posição, que eu ocupo hoje, como  um Negro na elite do futebol brasileiro é pra confirmar isso. O maior preconceito que eu senti não foi o de “injúria racial”. Eu sinto que há preconceito quando eu vou no restaurante e só tem eu de Negro. Na faculdade que eu fiz, só tinha eu de Negro. E isso é a prova pra mim.
Mas, mesmo assim, rapidamente, quando a gente fala disso, ainda tentam dizer: “não há racismo, ta vendo? Você tá aqui. Você é a prova de que não há racismo”. Não, eu sou a prova de que há racismo porque eu tô aqui.

(Roger Machado, técnico do Bahia, em 12 de outubro de 2019)

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Fluminense x Bahia: Os dois únicos clubes com técnicos Negros no Campeonato Brasileiro

Roger Machado, treinador do Bahia

A partida do próximo sábado, entre Fluminense e Bahia, no Maracanã, vai colocar frente a frente, os dois únicos técnicos negros da Série A do Brasileiro. Isto porque, até semana passada, antes de Marcão ser efetivado como treinador do Tricolor carioca, Roger Machado era, até então, o único entre os 20 que comandam times da elite do futebol brasileiro. Se estendermos o leque até a Série B, o panorama fica ainda pior: incluímos Hemerson Maria, do Botafogo-SP, na lista, mas contabilizamos apenas três treinadores negros entre os 40 times das duas primeiras divisões do futebol nacional.
Tal número deveria causar espanto no meio do futebol. Afinal, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2018, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 55,8% da população brasileira se autodeclara preto ou pardo. Num país em que a maioria dos jogadores é negra, a maioria das grandes estrelas da história do nosso futebol também é negra, temos pouquíssimos treinadores negros. A estatística, de longe, não é refletida entre os técnicos no Brasil.
Resultado de imagem para Marcão Fluminense
Marcão, técnico efetivado pelo Fluminense.
O número de treinadores negros no futebol brasileiro é tão baixo que é possível lembrar da maioria dos que passaram pelos grandes centros do futebol nacional nos últimos anos num pequeno exercício de memória. Além dos três citados acima, temos Cristóvão Borges, Jair Ventura, Sérgio Soares, Joel Santana, Givanildo de Oliveira, Jayme de Almeida e Andrade… Os dois últimos chegaram a conquistar títulos importantes pelo Flamengo, mas não tiveram sequência na carreira. Além do cargo de treinador, também vemos poucos negros nos cargos diretivos dos clubes brasileiros. O ex-jogador Tinga teve passagem como gerente de futebol do Cruzeiro, mas foi a exceção em meio àregra.
A régua para medir a capacidade dos técnicos negros no futebol parece ser sempre colocada um pouco acima em relação aos demais. Deslizes não são permitidos, falhas ficam marcadas e mais oportunidades não são dadas. Afinal, por que tantos e tantos técnicos de qualidade questionável se revezam na dança das cadeiras dos clubes das Séries A e B, e os técnicos negros, muitas vezes pouco testados, não entram nesse jogo?
Mais do que constatar que essa é mais uma das faces do racismo velado da sociedade brasileira, que muitas vezes não vê o negro como uma pessoa capaz de exercer cargos de comando ou trabalhos que exigem mais do intelecto, é preciso combater o preconceito e este racismo desde a base. E não só no futebol, que apenas reflete todos os problemas que temos no nosso país.
Fonte: Observatório da Discriminação Racial no Futebol

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Brasil vira inimigo dos X-Men em novo quadrinho da série

Mapa de nações inimigas dos mutantes do X-Men


Em uma nova série de quadrinhos dos X-Men, o Brasil aparece como um dos países que rejeitaram ter relações diplomáticas com os mutantes. Em "House of X", escrita por Jonathan Hickman, uma nação soberana para pessoas com super poderes é criada: a ilha de Krakoa. No entanto, nem todos os outros países aceitam o fato — um deles é o Brasil.
O assunto é abordado no quinto número da nova série, recém-lançado nos Estados Unidos. Uma das páginas da publicação traz a lista de nações que rejeitaram ter relações diplomáticas com o país mutante. No caso do Brasil, no campo do motivo alegado para a decisão consta apenas "política".Na história, esses países são considerados adversários:
"Mais de cem nações aceitaram o acordo comercial com Krakoa. E, enquanto as negociações continuam com o resto das nações do mundo, algumas rejeitaram a abertura de Krakoa. As nações que rejeitaram o tratado comercial são consideradas adversárias naturais".
Ao todo, a lista conta com 14 países de cinco continentes, Ásia, Europa, África, América do Sul e Central. Alguns dos listados são o Irã, Coréia do Norte, Rússia e Venezuela. Esses dois últimos também são apontados por não concordarem com Krakoa no âmbito político. Já com os estados asiáticos, as divergências são ideológicas.
Pra quem não sabe ou não lembra, os X-Men são uma raça de super-herois rejeitados, temidos e discriminados, devido a uma mutação genética que lhes confere poderes. A história dos X-Men é frequentemente utilizada como metáfora para a abordagem de temas como o racismo e a homofobia, por exemplo.
Fonte: Extra
Lista das nações que rejeitaram ter relações comerciais com Krakoa, em
"Mais de 100 nações aceitaram manter acordos comerciais com Krakoa. E, enquanto as negociações seguem em andamento com a maioria dos países, alguns rejeitaram as tratativas krakoanas. As nações que se recusaram a manter acordos comerciais com Krakoa serão consideradas naturalmente adversárias."

sábado, 14 de setembro de 2019

Iorubá torna-se Patrimônio Imaterial de Salvador



O vereador Edvaldo Brito (PSD) conseguiu que o seu projeto tornando a língua Iorubá patrimônio imaterial de Salvador fosse reapresentado no plenário e votado em regime de urgência urgentíssima, na sessão de quarta-feira (11). Foi feita apenas uma pequena alteração no texto, com menção a uma lei municipal, e a aprovação foi por unanimidade. 

Esse foi um dos frutos do acordo feito entre o Legislativo e o Executivo municipal, por meio da procuradora Luciana Hart, para resolver alternativas aos vetos do prefeito a projeto de vereadores. 

Brito comemorou, destacando que isso foi possível graças à democracia e ao respeito entre os representantes do povo e os poderes constituídos, tendo à frente o presidente da Casa, vereador Geraldo Junior (SD), que coordenou o processo. 

“Agora é aguardar a promulgação da lei para que seja marcada uma grande festa. Vamos convidar os segmentos envolvidos com a língua Iorubá, a exemplo do povo de religião de matriz africana, dos compositores, cozinheiras, enfim, todos que diariamente utilizam termos como Ogum, Oxum, caruru, vatapá, axé, entre infinitos outros, que fazem desta terra um lugar único, de uma riqueza cultural maravilhosa nesse nosso grande e plural Brasil”, comemorou Brito.

Fonte: Câmara Municipal de Salvador

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Aos 38 anos, Samuel Eto'o anuncia aposentadoria do futebol


O atacante Samuel Eto'o, que fez história com as camisas de Barcelona e Inter de Milão, anunciou sua aposentadoria nesta sexta-feira (6).
O camaronês de 38 anos estava no Qatar SC e encerra uma brilhante carreira de 22 anos, que começou no Real Madrid em 1997. Como era menor de idade, teve que jogar apenas pela segunda equipe, o Real Castilla, antes de ser emprestado para o Leganés.
Eto'o ainda passou pelo Espanyol antes de chegar ao Mallorca, aonde ganhou destaque mundial em 2000. Quatro anos depois, foi contratado pelo Barcelona e deixou o Mallorca com 70 gols em 163 partidas e um título da Copa do Rei na temporada 2002/2003.
Foi na Catalunha que Eto'o viveu seu melhor momento na carreira. Entre 2004 e 2009, o atacante foi peça fundamental de uma equipe histórica que venceu três títulos de La Liga, uma Copa do Rei , duas Supercopas da Espanha e, acima de tudo, duas conquistas da Champions League, tendo sido eleito o melhor em campo em 2005/2006 contra o Arsenal e marcado na final de 2008/2009 contra o Manchester United.
Em 2005, foi eleito o terceiro melhor jogador do ano pela Fifa. Para a temporada 2009/2010, o Barcelona contratou Zlatan Ibrahimovic da Inter de Milão por 46 milhões de euros e o atacante.
Na Itália sob o comando de José Mourinho, Eto'o continuou brilhando e foi peça chave da equipe que venceu a tríplice coroa em sua primeira temporada. Jogando até de meia esquerda, Eto'o venceu a Copa da Itália, o Campeonato Italiano e a Champions em seu primeiro ano no clube, aonde ainda venceria o Mundial de Clubes em 2010.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Após insultos, Pogba reforça combate ao racismo: “Vou lutar pela próxima geração”



Pogba não ficou em silêncio após sofrer com ofensas racistas. Pelo Instagram, o francês prometeu combater o racismo pelo bem da próxima geração. Insultado por ter perdido um pênalti no empate em 1 a 1 da sua equipe com o Wolverhampton, pela segunda rodada da Premier League, o jogador do Manchester United publicou foto segurando seu bebê. Na imagem, um retrato de Martin Luther King aparece no fundo.
– Meus ancestrais e meus pais sofreram para que a minha geração pudesse ser livre hoje, para trabalhar, para pegar um ônibus, para jogar futebol. Insultos racistas são ignorância e só podem me deixar mais forte e motivado para lutar pela próxima geração – escreveu Pogba.
As ofensas racistas foram feitas a Pogba por meio das redes sociais e revoltaram o técnico Ole Gunnar Solskjaer. O treinador pediu mais proteção aos atletas nos ambientes virtuais e ressaltou o absurdo de o racismo ainda ser um problema.

– Continuamos fazendo todas essas campanhas “Não ao Racismo” e ele continua se escondendo por trás de identidades falsas. É uma loucura estarmos falando disso em 2019 – disse o técnico, em entrevista reproduzida pela Reuters.
O Manchester United e a entidade britânica Kick It Out, que combate o racismo, devem se encontrar com representantes do Twitter nesta semana para tratar de proteção contra ofensas raciais. A mídia britânica afirmou que o time de Old Trafford entrará em contato também com o Facebook.
Fontes: Observatório da Discriminação Racial no Futebol/ Globo Esporte 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Novo Código da FIFA permite que árbitros terminem o jogo em caso de racismo

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Juízes poderão até mesmo atribuir a derrota ao time infrator após “procedimento de três etapas”.
A Fifa tornou público seu novo Código Disciplinar. E a luta contra o racismo é um dos pilares. A partir de agora os árbitros podem suspender um jogo de futebol por incidentes racistas. E até mesmo encerrar a partida e atribuir a derrota ao time infrator.
Essa medida, entretanto, só será posta em prática após o juiz aplicar o “procedimento de três etapas” para tais incidentes: solicitar um anúncio público para exigir que tal comportamento pare, suspender o jogo até que essas atitudes cessem e, finalmente, abandonar a partida definitivamente.
– A Fifa não decepcionará as vítimas de abuso racista – disse o órgão em um comunicado, salientando que o novo código, elaborado após consulta das seis confederações de futebol e outras entidades relacionadas, entra em vigor a partir de segunda-feira apenas nas competições oficiais da entidade, incluindo as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 no Catar.
A Fifa também estipulou castigos mais pesados para jogadores e outras pessoas do meio do futebol que que se envolvam em casos de racismo, aumentando de cinco para dez jogos o período de suspensão. E também vai abrir um canal de juízes para ouvirem as vítimas de racismo e discriminação.
Mais mudanças
O código atualizado da Fifa, que não sofria mudanças consideráveis há pelo menos 15 anos, expande o escopo do que é considerado comportamento discriminatório para qualquer coisa relacionada a “raça, cor da pele, origem étnica, nacional ou social, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, riqueza, nascimento ou qualquer outra status ou qualquer outro motivo “.


O código também inclui a opção de impor proibições de transferência em clubes que inadimplente em dívidas em processos feitos pela Fifa e pelo Tribunal de Arbitragem do Esporte (CAS).
As mudanças surgem depois de vários incidentes do tipo na temporada passada. A Inter de Milão recebeu ordens para jogar dois jogos em casa a portas fechadas, depois de os seus torcedores terem insultado o zagueiro Kalidou Koulibaly, do Napoli. Koulibaly, que recebeu um cartão vermelho por demonstrar dissidência, foi suspenso por duas partidas, provocando críticas de que a vítima estava sendo punida.
A seleção de Montenegro também recebeu ordens da Uefa para disputar um jogo em casa a portas fechadas, como parte das sanções aplicadas ao comportamento racista de seus torcedores durante uma partida contra a Inglaterra.
Fonte: Globo Esporte

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Morre Toni Morrison, primeira Negra a vencer o Prêmio Nobel de Literatura


A escritora Toni Morrison (Lorain, Ohio, 1931), premiada em 1993 com o Prêmio Nobel de Literatura, faleceu, segundo confirmou um amigo à agência AP. Comprometida com a luta contra a discriminação racial, ela foi a primeira afro-americana a receber o Nobel. A academia sueca baseou sua decisão em conceder-lhe o prêmio no fato de que "com sua arte narrativa impregnada de força visionária e poesia, ela oferece uma pintura viva de um aspecto essencial da realidade americana".
A escritora, batizada como Chloe Anthony Wofford, nasceu em uma família humilde. Filha de um operário e de uma dona de casa, ela mesma trabalhou como empregada doméstica na adolescência. Em seguida, formou-se em Filologia Inglesa e trabalhou como editora da Random House em Nova York. Foi quando publicou seu primeiro romance e criou seu novo nome, recuperando o apelido que lhe davam na família e adotando o sobrenome de seu ex-marido: Toni Morrison.
Morrison marcou a história da literatura, não apenas por ter sido a primeira mulher Negra a receber o Prêmio Nobel, mas também pelo Prêmio Nacional da Crítica pelo romance Song of Solomon (1977), o Pulitzer por Amada (1987), pelo sucesso de público e crítica com Jazz (1992) e ao tornar-se membro da Academia Americana de Artes e Letras e do National Arts Council.
Os romances de Morrison são considerados um relato da história sociopolítica de sua raça que está entrelaçada com a de seu país: a dos negros escravizados, a dos afro-americanos e a das influências recíprocas entre eles e o resto da sociedade. “O que eu faço é remover os curativos para que a cicatriz seja vista, a realidade. Não devemos ter medo de olhar para o passado porque só assim sabemos quem somos”.
Toni Morrison começou a publicar em 1970, com 39 anos. Após a estreia tardia, com O olho mais azul, a escritora não parou mais. Com seis romances publicados, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. O Nobel foi como uma faísca que iluminou seu lado mais criativo, porque, desde então, Morrison não parou de explorar novas formas de escrever, de investigar os rastros da História e de dialogar com os leitores.
Fonte: El País Brasil

CINCO GRANDES LIVROS DE TONI MORRISON

O olho mais azul (1970) Em seu romance de estreia, Morrison parte da realidade de uma garota desafortunada para construir o retrato de uma infância truncada, além de abordar diversos aspectos, como o conceito de beleza imposta ou a voz feminina.
Sula (1973) é uma obra situada em uma fictícia colina de algum local de Ohio (EUA), onde vive uma comunidade fundamentalmente negra, pobre e sem esperança, através da qual a romancista expressa uma de suas preocupações essenciais: o status das mulheres negras nos Estados Unidos, discriminadas pela sociedade e pelo Estado, abandonadas, abusadas e abusadas educação para cuidar de suas filhas e em casa.
Song of Solomon (1977) é a história familiar de um empresário próspero que tentou esconder suas origens para integrar-se à sociedade branca.
Tar Baby (1981) narra a chegada de um náufrago negro à costa de uma idílica ilha caribenha de mansões oníricas em que a vida dos milionários corre pacificamente entre servos e opulência.
Amada (1987) foi o livro mais célebre da romancista. Ambientado na Guerra da Secessão Americana, o romance é baseado na vida da escrava afro-americana Margaret Garner, que fugiu do Estado escravista de Kentucky em janeiro de 1856 para Ohio, onde essa a escravidão havia sido abolida.

sábado, 3 de agosto de 2019

Medalhista do boxe é proibida de falar sobre racismo e empoderamento


Jucielen Romeu recebe a medalha de prata no boxe do Pan - Wander Roberto/COB



Medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos, Jucielen Romeu foi censurada quando se prontificou a falar sobre racismo e empoderamento feminino. O veto partiu do treinador-chefe da seleção brasileira, Mateus Alves, assim que a reportagem citou a vontade de conversar com ela sobre o tema e a lutadora assentiu que sim com a cabeça. Juci, como é conhecida no meio do boxe, é terceiro sargento do Exército Brasileiro. "Ela não pode falar disso. Está proibida. A seleção não é lugar para falar dessas coisas. Ela não pode falar desse tipo de coisa. Não pode falar de política", disse ele, se colocando à frente da atleta na zona mista do Coliseo Miguel Grau em Callao, cidade vizinha a Lima, no Peru.

Jucielen costuma se posicionar sobre temas como feminismo e racismo. Ela começou a lutar aos 12 anos na academia Macedo & Macedos Boxe, em Rio Claro (SP), instruída pelo técnico Breno Macedo. Breno é formado na escola italiana de boxe, essencialmente antifascista, que entende a nobre arte como um direito social e plataforma de cultivo de valores como o antirracismo, antifascismo e o combate à discriminação. Mulher, negra, e crescida na periferia, Jucielen foi formada dentro dessa escola. Desde 2017, porém, ela faz parte da seleção olímpica permanente, um polêmico projeto da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) que tira os melhores atletas do país (normalmente um por categoria) e os colocara para morar e treinar em São Paulo sob o comando de uma comissão técnica também permanente. Foi contra esse projeto que a medalhista olímpica Adriana Silva se posicionou após o bronze em Londres-2012.

"Ela é da seleção, não é do clube", reforçou o técnico da seleção quando a reportagem tentou entrevistar Jucielen. Depois, por Whatsapp, quando o UOL Esporte pediu para Mateus um comentário adicional, ele respondeu que não faria comentários, "apenas para dizer que nos interessa o boxe". Procurado, o Comitê Olímpico do Brasil negou que haja censura na delegação. "A única orientação que temos é a carta olímpica. Não há qualquer censura por parte do COB", informou o comitê, por nota.

Fonte: UOL Esporte

domingo, 28 de julho de 2019

Atriz Ruth de Souza morre aos 98 anos


Morreu neste domingo, 28 de julho de 2019, a atriz Ruth de Souza, de 98 anos. Ela estava internada no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, há alguns dias. O hospital não divulgou a causa da morte.
Este ano, Ruth foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz durante desfile da Série A do carnaval do Rio. O último trabalho dela na TV Globo foi na minissérie “Se eu fechar os olhos agora”, também em 2019.
Na sessão Ícones Negros deste blog, eu postei um pouco sobre a trajetória de Ruth de Souza, a primeira atriz Negra a atuar no elitista e "tradicional" Theatro Municipal do Rio de Janeiro, além do seu pioneirismo na televisão e da sua importância na construção do Teatro Experimental do Negro, uma grande ferramenta de luta contra o racismo. Confira NESTE LINK .