domingo, 31 de dezembro de 2023

Nunca se acostume com a opressão


 "As pessoas se habituam a tudo. Quanto menos você pensar na opressão em que vive, maior será sua tolerância a ela. Depois de um tempo, as pessoas pensam que a opressão é o estado natural das coisas."

(Assata Shakur)

Gosto de ler biografias das pessoas que admiro porque, ao ver tudo que elas passaram, em tempos até piores que o nosso, isso dá esperança de que a gente pode superar também. Que mulher foda!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Dia de Thomas Sankara

 


21 de Dezembro, aniversário do Revolucionário de Burkina Faso, Capitão Thomas Sankara.


"Poucas pessoas da esquerda conhecem Thomas Sankara. 


Ele, que é considerado o Che Africano por suas semelhanças com o guerrilheiro argentino (desde a boina até o fato de falar francês e a amizade com Fidel) comandou um pequeno país africano por menos de uma década, mas fez ele progredir de forma extremamente rápida.


Em 1983, ele – então um capitão de 33 anos – liderou um golpe popular contra o governo do Alto Volta(antiga colônia francesa) e mudou completamente a política daquele país empobrecido.


A primeira ação foi mudar o nome do país para Burkina Faso (‘’Terra dos Homens Justos’’ na língua local) para tornar o país independente e destruir o odiado passado colonial. Não só isso, mas ainda livrou o país das dívidas e da influência do FMI e do Banco Mundial.


Suas políticas domésticas focaram em evitar a fome com uma reforma agrária com ênfase na autossuficiência, priorização da educação com uma campanha nacional de alfabetização, e promoção da saúde pública ao vacinar milhões de crianças contra doenças como meningite e febre amarela. Ainda fez uma ambiciosa campanha de construção de estradas e trilhas.


Sankara também fez coisas maravilhosas para as mulheres. Mulheres conseguiram cargos em seu governo, que proibiu a mutilação genital, a poligamia e os casamentos forçados. Fez muito mais: encorajou-as a permanecer trabalhando e estudando mesmo se grávidas. Veja o discurso de Sankara sobre as mulheres em espanhol:


http://andaluciaproletaria.blogspot.com/2010/01/la-liberacion-de-la-mujer-una-exigencia.html


Para combater os corruptos, Sankara chegou a instituir tribunais revolucionários e mesmo Comitês de Defesa da Revolução (baseando-se na Revolução Cubana, que ele admirava).


Tais atitudes irritaram muito os imperialistas franceses. 4 anos depois de tomar o poder, foi deposto e assassinado em um golpe financiado por um cara que era seu companheiro, Blase Compaoré, pago pela França que foi presidente do país, e hoje está exilado na Costa do Marfim.


Uma semana antes de morrer, declarou: 


‘’Você pode matar um revolucionário, mas não pode matar idéias’’."

Sankara terminava sempre seus discursos com a frase: "A Pátria ou a morte! Venceremos!"

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

20 de Novembro passará a ser feriado nacional

 


Nesta quarta-feira, no apagar das luzes do Novembro Negro, por 286 votos a favor e 121 contrários (sabemos bem quem são...), a Câmara dos Deputados aprovou a proposta que torna o Dia da Consciência Negra feriado nacional. O Projeto de Lei 3268/21 já havia sido aprovado pelo Senado.

A data já era feriado em seis estados e 1200 cidades, mas, após a sanção presidencial, passará a vigorar no Brasil inteiro.

Cabe ressaltar que, em Salvador, considerada a cidade mais Negra do mundo fora geograficamente da África, bem como no estado da Bahia, a data nunca foi feriado, uma contradição que atesta quem é que detém o poder nesse lugar, apesar da maioria de sua população.

Mesmo assim, a data é sempre celebrada de diversas formas, em inúmeros eventos por todo o estado, com ênfase nas duas tradicionais marchas de Salvador: uma com saída no Campo Grande e outra partindo da sede do Ilê Aiyê no Curuzu, ambas com sentido ao Centro Histórico da capital baiana. 

Milhares de pessoas participam, mas, por acontecer em dia útil, muita gente acabava impedida de ir, devido ao trabalho e a outros compromissos. A expectativa é que este problema não ocorra mais em 2024, e o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, como a data passará a ser chamada, tenha uma adesão ainda maior.


sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Assata Shakur - Uma Autobiografia

 


A vida de Assata Shakur, nascida Joanne Chesimard, em 16 de julho de 1947,  é um poderoso testemunho da luta por liberdade. Natural de Nova York, Assata, além de tia e madrinha do rapper Tupac Shakur, militou nos Panteras Negras, no Exército de Libertação Negra, foi alvo do programa de contrainteligência do governo norte-americano contra os movimentos radicais negros, foi presa, fugiu da prisão, entrou na lista de “terroristas mais procurados” do FBI, e hoje vive em Cuba – acolhida como exilada política há cerca de quatro décadas. Sua história de vida e seus poemas – com frequência declamados nas recentes manifestações organizadas por militantes do Black Lives Matter – inspiram agora uma nova geração na luta contra o racismo e o capitalismo.

A recusa ao nome de batismo, e a adoção de outro que representasse seu espírito subversivo, foi expressão, em meio aos conturbados acontecimentos do final dos anos 60, de sua escolha política em se definir militante, em antagonismo contra um sistema que perpetuava desigualdades e opressões – não lhe cabia o nome que lhe fora legado pela escravidão. A liberdade que Assata buscava, no entanto, não poderia ser apenas uma conquista individual, mas necessariamente uma prática coletiva: a emancipação de todo o povo oprimido.

Em sua autobiografia, Assata Shakur entrelaça duas narrativas. Em uma, fala de sua infância e juventude como menina e mulher dentro da comunidade negra estadunidense entre as décadas de 1940 e 1970. Na outra, conta sua trajetória como ativista antirracista, sua passagem pelo Partido dos Panteras Negras e pelo Exército de Libertação Negra, e as estratégias do FBI que a levaram a ser injustamente condenada pela morte de um policial ocorrida durante a emboscada cinematográfica em que foi presa. 

O livro conta com prefácios de Angela Davis e Lennox Hinds, além de apresentação da historiadora Ynaê Lopes dos Santos.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Rebeca Andrade festeja 1º pódio 100% preto no Mundial: "Wakanda Forever"

 


Pela primeira vez na história do Mundial, três mulheres pretas subiram ao pódio do individual geral, a prova mais nobre da ginástica artística. A brasileira Rebeca Andrade ficou com a prata, se colocando entre as americanas Shilese Jones e Simone Biles, que faturou o hexa na final desta sexta-feira, na Antuérpia. Rebeca celebrou o inédito pódio 100% preto.

- Eu tava reparando nisso. Ai, gente. É maravilhoso. Eu amei. Wakanda Forever - disse a ginasta de 24 anos, entre risos, fazendo referência ao filme "Pantera Negra".

Simone Biles foi a primeira mulher preta campeã mundial do individual geral justamente na Antuérpia, em 2013 - a também americana Gabby Douglas foi a primeira campeã olímpica um ano antes. Dez anos depois, a americana retorna à Bélgica para mais um pódio histórico.

- Nós tivemos um pódio 100% de mulheres pretas, achei isso maravilhoso a mágica das mulheres pretas! Espero qiue isso ensine as meninas que elas podem tudo que elas coloquem na mente. Só seguir treinando forte - disse Simone.

Rebeca Andrade é a única mulher preta além de Simone a ter o título de campeã mundial do individual geral, com a conquista do ano passado. Nesta sexta-feira, festejou se manter entre as melhores ginastas do mundo com a prata.

Para mim, é uma honra. É algo muito grandioso, muito difícil de ser conquistado e é mais difícil ainda se manter nesse lugar. Eu trabalho muito. Eu faço ginástica, porque amo esse esporte. Faço com alegria. Faço por mim e por toda minha equipe. Eles estão sempre trabalhando junto comigo. Não tem como eu não me sentir grata e lisonjeada por hoje representar tudo isso que represento. É uma honra - disse Rebeca.

Daiane dos Santos foi a primeira mulher negra campeã mundial de uma prova por aparelhos ao conquistar o ouro do solo em 2003. Vinte anos depois, como comentarista do sportv, a ex-ginasta se emocionou com o choro de Simone Biles no pódio.

- A emoção da Biles não é somente por ela estar voltando, mas também pelo que representa esse pódio. É resistência dessas meninas lindas, de a gente ver um pódio preto pela primeira vez. As três ginastas mais completas do mundo, são pessoas pretas. Com certeza não foi fácil a vida dessas meninas para elas estarem ali. A gente vê hoje esse legado construído. Felicidade minha por ter sido campeã mundial, ter sido a primeira mulher preta a ganhar uma medalha de ouro em Mundial. Hoje estar aqui. É gratidão por essas meninas terem continuado esse caminho pavimentado. Hoje fazendo esse legado lindo para que outras meninas pretas continuem acreditando que é possível.

Recorde para Rebeca

Com a prata desta sexta-feira, Rebeca chegou a seis medalhas em Mundiais, isolando-se como recordista do Brasil na história da competição. Bicampeão mundial do solo, Diego Hypolito era o recordista antes do Mundial da Antuérpia, com cinco conquistas.

Fonte: Globo Esporte 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Revolução Africana: Uma antologia do pensamento marxista

 


"O racismo se apresenta enquanto um elemento indispensável para o sistema da divisão da sociedade em classes. Ao mesmo tempo, uma luta abstratamente anticapitalista não será capaz de mobilizar o povo Negro trabalhador para a vitória contra a opressão. Para tanto, é necessário que a luta contra o racismo seja parte da luta contra o capitalismo ".

Revolução Africana é uma antologia de artigos escritos por alguns dos autores apontados como os representantes mais radicais do pensamento marxista africano, ao longo de 30 anos de luta pela independência e contra o imperialismo. Entre eles estão Frantz Fanon, Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Samora Machel, Agostinho Neto, Samir Amin e Thomas Sankara.

O livro trata de temas como o racismo na sociedade de classes, a mentalidade colonial, a idealização do passado africano e a opressão patriarcal no continente, entre outros temas. Essa coletânea oferece ao público algumas perspectivas teóricas que dizem respeito não apenas à Revolução Africana, mas também à própria luta contra o racismo no Brasil atual.


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Museu em homenagem a primeira médica negra do Brasil será inaugurado em Salvador

 


A cidade de Salvador vai ganhar a implantação de um novo espaço de saúde. Trata-se de um museu que vai homenagear Maria Odília Teixeira, a primeira mulher negra formada em Medicina no Brasil. O anúncio da estrutura foi adiantado ao Bahia Notícias pela vice-prefeita de Salvador e secretária municipal de saúde, Ana Paula Matos, na última terça-feira (5), durante o 9º Congresso Norte/Nordeste de Secretarias Municipais de Saúde.

O museu em homenagem à médica será construído dentro da Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), que vai funcionar na antiga sede da Faculdade Dom Pedro II, no bairro do Comércio. As informações obtidas pelo Bahia Notícias apontaram que o espaço servirá como preservação da memória cultural e “buscando referenciar personagens importantes na história da saúde da Bahia e do Brasil”. 

Segundo a titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), uma empresa do setor imobiliário já foi contratada pelo órgão para construção do local, que deve ser inaugurado ainda neste segundo semestre do ano junto com a escola. 

"Vamos inaugurar no segundo semestre a nossa escola de saúde pública, já contratamos imobiliárias e vai ter um museu homenageando Maria Odília, primeira médica negra do Brasil. Então esse museu vai ser na própria escola de saúde pública”, contou. 

Ana Paula revelou ainda à reportagem do BN que o espaço será referência para o ensino de saúde pública e que contará com laboratórios de ponta.

“A secretaria passou por uma organização para se preparar para o estrutural. Nesse estrutural a gente criou uma Diretoria de Gestão de Pessoas e Processos em Saúde, que está fazendo a melhor integração entre vigilância e assistência para deixar legado”, indicou. 

Fonte: Bahia Notícias

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Há 136 anos, nascia Marcus Garvey

 


"Um povo sem o conhecimento de sua história passada, origem e cultura é como uma árvore sem raízes."


Há 136 anos, em 17 de agosto de 1887, nascia Marcus Mosiah Garvey, em Saint Ann's Bay, Jamaica.


É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista Negro e fundador do Pan-Africanismo. É lembrado como o principal idealista do movimento de “volta para a África”.  

Este retorno, no entanto, não necessariamente precisa ser físico. É um movimento ideológico, espiritual e intelectual,  no sentido de resgatar os valores, a estética e a cultura africana, que foram constantemente vilipendiados pelos colonizadores europeus e seus descendentes.




Em 1° de agosto de 1914, na Jamaica, Garvey formou a AUPN, Associação Universal para o Progresso Negro (ou do inglês: Universal Negro Improvement Association, UNIA), adotando a bandeira em vermelho, preto e verde. O lema da UNIA era "One God! One Aim! One Destiny!" ("Um Deus! Uma aspiração! Um destino!"). Garvey era o presidente da associação, que pretendia unir “todas as pessoas de ascendência africana do mundo em uma grande massa estabelecida em um país e governo absolutamente próprios.”


Entre os objetivos da UNIA estavam:


– Promoção da consciência e da unidade na raça Negra, da dignidade e do amor;


– Desenvolvimento da África, livrando-a do domínio colonial e transformando-a numa potência;


– Protesto contra o racismo e a perda dos valores africanos;


– Ensino da cultura africana para pessoas Negras


– Promover o desenvolvimento comercial e industrial pelo mundo;


– Auxiliar os despossuídos em todo o mundo.


Marcus Garvey faleceu em Londres, no dia 10 de junho de 1940, mas seus ideais seguem mais vivos do que nunca!


#MarcusGarvey #Panafricanismo #RBG #Ubuntu #Ufanisi

terça-feira, 18 de julho de 2023

105 anos de nascimento de Nelson Mandela

 


Hoje, Madiba completaria 105 anos.

"Não nasci com fome de liberdade. Nasci livre - livre em todas as formas que eu conhecia. Desde que eu obedecesse meu pai e respeitasse a tradição da minha tribo, eu não era incomodado pela lei dos homens ou de Deus.

Foi apenas quando comecei a aprender que a minha liberdade da infância era uma ilusão, quando descobri, ainda jovem, que a minha liberdade já havia sido tirada de mim, que comecei a sentir fome dela.

Então, lentamente vi que não apenas eu não era livre, mas os meus irmãos e irmãs não eram livres. Vi que não era apenas a minha liberdade que havia sido cerceada, mas a liberdade de todos aqueles que tinham a mesma aparência que eu.

(Nelson Mandela, "Longa Caminhada Até a Liberdade", p.762-763)

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Sugestão de leitura: "Ei, Você!", de Dapo Adeola

 



Vencedor do prêmio de livro ilustrado do ano no British Book Awards 2022, "Ei, Você! - um livro sobre como crescer com orgulho de ser Negro", do escritor britânico de origem nigeriana Dapo Adeola (@dapsdraws ), e ilustrado por ele e por um imenso time de desenhistas, é um conversa entre pais Negros e seus filhos, desde o seu nascimento, em qualquer lugar da Diáspora.

Segundo o autor, o livro nasceu como uma resposta afetiva aos eventos de 2020 (o assassinato de George Floyd pela polícia dos EUA e a série de protestos que se seguiram a ele). Além disso, Dapo Adeola se sentiu tocado pela pergunta do seu editor: "Quando foi a primeira vez que você se sentiu empoderado como uma pessoa Negra? Quando foi que você acreditou, de verdade, que poderia viver seus sonhos?"

Nós homens e mulheres Negras crescemos, na maior parte das vezes, sem representatividade, sem expectativas e sem auto-estima. Nosso protagonismo só está se consolidando, ainda timidamente, agora. 

O livro nos oferece a oportunidade de mostrar para as crianças Negras que elas também são lindas, que não tem nada de errado com sua pele ou com seu cabelo e que elas podem ser o que quiserem, assim como qualquer outra criança.

Eu digo isso pro meu filho Hórus sempre, e ele, aos seis anos, não tem dúvida disso, mesmo já tendo sofrido racismo ainda tão novo. 


"Ei, Você" também serve pra quebrar os estereótipos e mostrar que nós homens Negros também somos sensíveis, dedicados e preocupados com nossas crianças, apesar do que dizem as estatísticas.


domingo, 2 de julho de 2023

BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NA BAHIA

 


Num dia 2 de julho como esse, em 1823, o Brasil se tornava independente de Portugal. 

Diferente do 7 de setembro de 1822, feito pelas elites políticas, sem conflitos significativos e sem impactos reais na população, as guerras pela independência do Brasil na Bahia duraram mais de um ano, em várias cidades do estado, culminando no Dois de Julho, que foi protagonizado pelo povo baiano.


Aqui se destacam as figuras dos Caboclos, de Maria Quitéria, de Maria Felipa, de Joana Angélica, do Corneteiro Lopes e de milhares de pessoas negras e indígenas que expulsaram os colonizadores definitivamente, mas não aparecem nos livros tradicionais de História (nem mesmo nos vendidos aqui na Bahia). A gente sabe bem o motivo...

Bandeira do Estado da Bahia


"Nasce o sol a 2 de julho

Brilha mais que no primeiro

É sinal que neste dia

Até o sol, até o sol é brasileiro


Nunca mais, nunca mais o despotismo

Regerá, regerá nossas ações

Com tiranos não combinam

Brasileiros, brasileiros corações"


terça-feira, 27 de junho de 2023

Angela Basset vai receber Oscar honorário pelo conjunto da obra

 


Meses após concorrer ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2023, a atriz Angela Bassett, a Ramonda do Universo Cinematográfico da Marvel, finalmente levará uma estatueta dourada para casa. Isso porque a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou nesta segunda-feira (26) sua tradicional lista de homenageados com um Oscar Honorário, prêmio entregue a atores por contribuições à sétima arte ao longo de suas carreiras.

De acordo com o Entertainment Weekly, Bassett faz parte do grupo de artistas que serão homenageados em uma cerimônia especial que acontecerá no dia 18 de novembro deste ano, em Los Angeles (EUA), antes da edição de 2024 da premiação mais popular do cinema.

Angela Bassett concorreu ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2023 por sua performance em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022), mas perdeu a estatueta para Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo). Essa não foi a primeira vez que Bassett foi indicada ao Oscar: em 1994, ela participou da disputa de Melhor Atriz por seu trabalho em Tina: A Verdadeira História de Tina Turner (1993).

Fonte: Legião dos Heróis 

domingo, 4 de junho de 2023

Os X-Men e os direitos civis

 


Os X-Men foram criados por Stan Lee e Jack Kirby em 1963, em meio a todo o caótico cenário de racismo e da luta pelos direitos civis dos Negros e Negras nos EUA, por isso, sempre foi uma bela simbologia. Sempre será meu grupo preferido de heróis de quadrinhos.

O Professor X já foi comparado ao líder pelos direitos civis dos afro-americanos Martin Luther King Jr. , e Magneto, ao militante mais agressivo, Malcolm X. Os X-Men se referem muitas vezes ao "sonho de Xavier", o que leva a crer em uma referência à famosa frase de Martin Luther King, "Eu tenho um sonho". As revistas X têm com frequência mostrado mutantes como vítimas de violência, evocando o linchamento de afro-americanos na época anterior ao movimento pelos direitos civis americano.

Outra metáfora aos direitos civis relacionada aos X-Men diz respeito aos direitos dos LGBTQIA+. Foram feitas comparações com a situação mutante (incluindo a descoberta de seus poderes e a idade em que eles aparecem), e a homossexualidade. Isso foi demonstrado em uma cena do segundo filme dos X-Men, do diretor assumidamente homossexual Bryan Singer, em que Bobby Drake (Homem de Gelo) revela a seus pais ser mutante. Foi essa abordagem que levou o ator e ativista Sir Ian McKellen, que interpreta Magneto, a aceitar o papel. Além disso, o primeiro filme mostra uma cena em que o senador Robert Kelly diz que os mutantes devem ser proibidos de lecionar para crianças em escolas.

A história em quadrinhos ainda se envolveu, no início dos anos 1980, com a epidemia de AIDS, com uma longa subtrama sobre o Vírus Legado, uma doença aparentemente incurável que, a princípio, só afetava mutantes.

E temos também os casos de Estrela Polar que é homossexual e Mística que é bissexual. Sem contar com a relação de Hulkling com Wiccano e do também assumido Anole.

Recentemente foi lançado também o primeiro casamento gay da Marvel entre Estrela Polar (citado acima) e Kyle Jinadu, que há tempos já namoravam. A revista em questão é a "Astonishing X-Men #50".

No mês de junho, é celebrado o Dia do Orgulho LGBTQIA+, como forma de celebrar a diversidade e se impor contra a violência e o preconceito a quem é visto como "diferente", como aconteceu com os X-Men.

domingo, 21 de maio de 2023

Vinícius Jr. é alvo de racismo mais uma vez na Espanha

 


Cansado de nota de repúdio. Cansado de ler gente desejando "força", de ver gente indignada com o racismo na Espanha, mas fazendo a mesma coisa aqui no Brasil. Cansado de hashtags, de patch em camisa, de faixa em estádio...

Aconteceu (de novo) com @vinijr e infelizmente vai acontecer outras vezes com ele e com outros jogadores e jogadoras. Sabe por quê? Porque NINGUÉM quer que o racismo acabe se tiver que fazer o mínimo esforço pra isso. Nem mesmo os ditos "progressistas" e "aliados"

Meu papo é um só, desde o começo: O CLUBE deve ser exemplarmente punido com portões fechados, perda de pontos e até exclusão do campeonato ou rebaixamento nos casos de reincidência, mesmo que o criminoso seja preso. Só que nenhum clube aceitaria isso porque sabe que todos eles têm uma grande quantidade de racistas, sem vergonha nenhuma de mostrar que são. E pra eles, o que eu desejo é impublicável. 🔥🔥

Tô nessa há tempo demais pra acreditar que vai ser diferente dessa vez.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

98 anos de Malcolm X

 


"Se você não se levantar por nada, cairá por qualquer coisa!"

98 anos de uma das minhas maiores referências. Nem sempre concordo, nem sempre entendo, mas leio, vejo e ouço tudo que puder. 

Em tempos de "racismo recreativo", de justiça seletiva e da nossa luta cotidiana pra permanecer vivo em um país que nos odeia, Malcolm nos lembra que devemos reivindicar o que é nosso por qualquer meio necessário! 


domingo, 7 de maio de 2023

Curtas do Folclore Africano

 


Estreou na Netflix uma série que recria seis contos folclóricos africanos. São seis filmes curta-metragem independentes. Cada filme é falado num idioma diferente e explora o luto, o amor, o misticismo, a tradição e a ancestralidade. Os contos abordados nesta antologia são de Uganda, Nigéria, Quênia, Mauritânia, Tanzânia e África do Sul.

Espero que tenham outras temporadas porque as possibilidades são infinitas!

segunda-feira, 1 de maio de 2023

I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston

 


Há poucas semanas, chegou ao streaming e à TV a cabo a cinebiografia de Whitney Houston, uma das maiores e mais premiadas cantoras da história. Um dos seus maiores feitos foi conseguir colocar sete singles consecutivos em 1° lugar na Billboard Hot 100, marca da década de 1980, mas que não foi superada até hoje.

Dirigido por Kasi Lemmons, o roteiro foi assinado por Anthony McCarten, roteirista de outra cinebiografia de sucesso: Bohemian Rhapsody, que contou a história de Freddie Mercury e do Queen.

A atriz britânica Naomi Ackie interpreta Whitney de uma maneira incrível! Seu feito se torna ainda maior pelo fato de ela ter de reproduzir seus movimentos e o sotaque estadunidense sem parecer caricato.

O foco do filme é na carreira musical, mas a relação de Whitney com a família, com o controverso Bobby Brown (marido e pai de sua filha) e com a série de problemas que abreviaram sua vida aos 48 anos - depressão, álcool e drogas - também são abordados.

Apesar de não ter agradado tanto a "crítica especializada", o filme acerta em cheio no desfile clássicos e na performance da protagonista, assim como ocorreu com Rami Malek em Bohemian Rhapsody. Por mais que seja baseado em fatos reais, a crítica precisa entender que I Wanna Dance With Somebody, nome de um dos  maiores sucessos de Whitney Houston, é uma obra de ficção. Mais que isso: é uma celebração ao legado de uma cantora tão absurdamente fantástica que foi apelidada de The Voice ("A Voz"). Naomi Ackie interpreta tão bem que você passa o filme todo tentando decifrar se ela está mesmo cantando ou dublando. Vale muito a pena!

Você pode assistir I Wanna Dance With Somebody - A História de Whitney Houston nos canais HBO ou no streaming HBO Max.

sábado, 15 de abril de 2023

Há 100 anos, Vasco iniciava campanha do 1º título de sua história

 

Os Camisas Negras, campeões de 1923.

O dia 15 de abril é simbólico na história do Vasco. Há 100 anos, nesta mesma data em 1923, o clube iniciava a campanha do primeiro título de sua trajetória no futebol, o Campeonato Carioca. A estreia foi contra o Andarahy, e as equipes empataram em 1 a 1 - Torterolli marcou o gol vascaíno.

O elenco de 1923 ficou marcado nas páginas do clube, não apenas pelo título. Conhecido como "Camisas Negras", o time marcou a luta do Vasco contra a discriminação racial e social no esporte. Se dentro de campo a equipe era formada por negros e pobres, em sua maioria, à beira do gramado a missão foi dada a um estrangeiro: Ramón Perdomo Platero.

Técnico pioneiro

O uruguaio chegou ao Brasil em 1919, após dirigir a seleção do Uruguai no Sul-Americano. Deixou boa impressão e foi contratado pelo Fluminense. Dois anos depois estava no Flamengo.

Ramón Platero ficou conhecido como o técnico que revolucionou a importância do condicionamento físico. Ele obrigava todos os jogadores a correrem diariamente entre os bairros da Tijuca e Vila Isabel, apenas como aquecimento. No fim do ano, o Vasco seria campeão com viradas e gols no segundo tempo das partidas.

Os jogadores foram escolhidos a dedo por Platero, que teve o apoio do Vasco. Tanto que o técnico participa da "Resposta Histórica" de 1924, quando o clube desistia de fazer parte da AMEA para manter no elenco atletas Negros e operários que não eram aceitos pela associação que incluía os principais clubes do Rio: Flamengo, Fluminense, Botafogo e América.

Torterolli

O meia Nicomedes da Conceição, conhecido como Torterolli, foi o autor do primeiro gol da campanha do título de 1923. Posteriormente, o Vasco ganhou o ponto do Andarahy, que incluiu um jogador sem inscrição naquele empate em General Severiano.

Fonte: GE




terça-feira, 14 de março de 2023

Em sentença inédita, torcedor é banido de estádios por três anos na Inglaterra por ofensas racistas nas redes

 

Ivan Toney, atacante do Brentfor, em jogo da Premier League — Foto: David Horton – CameraSport via Getty Images


Exatamente cinco meses após perseguir o atacante Ivan Toney com ofensas racistas, através das redes sociais do jogador do Brentford, um torcedor inglês de 24 anos foi condenado em última instância a três anos de afastamento dos estádios em todo o Reino Unido, além de proibição de viajar para assistir a jogos de futebol no exterior.

Ele também foi condenado a quatro meses de prisão, sentença que fica suspensa por dois anos. A condenação por crime de ódio no futebol, inédita no país, foi divulgada nesta terça-feira pela corte responsável pelo caso na região de Newcastle.


– Este resultado deixa claro que haverá consequências reais para aquelas pessoas que pensam que podem se esconder atrás do teclado e postar comentários de ódio – afirmou o chefe de polícia Mark Roberts, que lidera o grupamento de policiamento de futebol na região.


No dia 14 de outubro do ano passado, Ivan Toney brilhou com dois gols na vitória do Brentford sobre o Brighton. No dia seguinte, ele expôs os ataques racistas recebidos via redes sociais.


A polícia de Northumbria, na região de Newcastle, abriu investigação sobre o caso e conseguiu chegar até Robert Neill, morador de Blyth, uma cidade dos arredores.


Neill já tinha sido condenado em primeira instância no dia 25 de janeiro, mas recorreu da decisão. Agora, recebeu a sentença definitiva.


A condenação o proíbe de ir a qualquer jogo de futebol oficial no Reino Unido, desde a Premier League até jogos da quinta divisão, assim como partidas da seleção inglesa. Ele também não poderá viajar para o exterior para assistir a qualquer partida oficial.


A sentença é resultado da nova legislação relativa aos crimes de ódio online ligados ao futebol, que agora permite o banimento dos estádios por um tempo determinado.

Fontes: Globo Esporte/Observatório da Discriminação Racial

terça-feira, 7 de março de 2023

Sugestão de leitura: "A gente é da hora", de bell hooks

 


"Entre os meninos negros, aqueles que aprendem na primeira infância - muito antes de enfrentar um mundo branco hostil - que não são dignos encontrarão a mesma mensagem quando botarem o pé fora de casa.


Logo cairão em uma armadilha. Eles não são valorizados na vida familiar nem no mundo exterior. Muitas vezes, crianças negras ouvem  mulheres criticando homens negros com frases como 'ele não vale nada' ou 'não há um homem negro neste planeta com quem você possa contar'. 


Todas essas mensagens reforçam a noção de que ele é falho, de que nada que possa fazer o tornará inteiro. Tudo o que lhe é oferecido é uma vida de incompletude, na qual deve trabalhar duro para compensar tanto a 'falta' que os outros detectam nele como o seu próprio senso de vazio interior."

(hooks, bell. "A gente é da hora: Homens negros e masculinidade", p. 168).


Nem todos os capítulos são confortáveis de ler, mas é um livro essencial. Está me ajudando a entender a mim mesmo, a minha relação com meu filho, meus alunos, amigos etc. É preciso ter coragem pra reconhecer que tem um problema e discernimento pra saber a quem pedir ajuda.


#bellhooks #Livros #masculinidadenegra #Ubuntu #Ufanisi

quarta-feira, 1 de março de 2023

Imigração e Xenofobia



 Os imigrantes alemães, italianos e de outras partes da Europa que ocuparam o sul do Brasil a partir do século XIX eram extremamente pobres, desesperados e fugiam de um continente em crise. Viram na América a esperança de mudar de vida. Muitos passaram fome e morreram na travessia do Oceano Atlântico.


Ao chegar, receberam diversos auxílios do governo de D. Pedro II, inclusive cotas de terras (sim, as primeiras cotas do Brasil foram para brancos, sabia disso?) porque a escravidão já estava caminhando para o fim e a política racista/eugenista das "elites" brasileiras desejava descartar a população Negra do país, agora que não poderia mais trabalhar de graça pra elas.



Curioso ver um povo que teve todo tipo de incentivo pra vir pra cá ter esquecido suas origens e ser tão notadamente racista e xenófobo. A fala do vereador gaúcho, cheia de ódio contra nós nordestinos, está longe de ser exceção (e se você não compactua com esse pensamento, não faz mais que sua obrigação).


O vereador ficou mais indignado com as denúncias de trabalhadores baianos em situação análoga à escravidão do que com quem cometeu o crime de escravizá-los. 

Espero que ele seja cassado, pra não correr o risco de virar presidente, como aconteceu há 5 anos. 

E aos demais, entendam uma coisa: Caxias do Sul está mais perto de Salvador do que de Berlim. Interpretem como quiserem. Não quero pedido de desculpas, só exijo respeito.


Os cartazes acima são as propagandas feitas pelo governo brasileiro para atrair italianos e alemães. Nós, africanos e descendentes, não tivemos a mesma sorte. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Rainhas Africanas: Nzinga



Estreou na Netflix a série Rainhas Africanas: Nzinga. Combinando dramatização e documentário, com depoimentos de especialistas, a série pretende explorar a ascensão e o legado de grandes rainhas do continente africano, como o nome sugere.

A primeira temporada da atração conta com quatro episódios, dedicados a Nzinga, uma rainha guerreira de Dongo e Matamba, na região onde atualmente se localiza Angola, no século XVII, em meio a traições familiares e rivalidades políticas.

Narrada por Jada Pinkett Smith, que também é a produtora, a série tem no elenco Adesuwa Oni, Chipo Kureya e Marilyn Nnadebe.

"Eu realmente queria representar as mulheres negras. Não costumamos ver ou ouvir histórias sobre rainhas negras, e era muito importante para mim, assim como para minha filha e para nossa comunidade em geral, poder contar essas histórias" — destacou a produtora no material de divulgação da série.

No fim, é isso: uma maneira de assumirmos o protagonismo da nossa própria história, na contra-mão do que a versão "oficial" dos fatos fez por séculos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

LeBron James ultrapassa Kareem Abdul-Jabar e é o maior cestinha da história da NBA

 




Senhoras e senhores, hoje vimos a história sendo feita! LeBron James se tornou o maior pontuador da NBA, após superar Kareem Abdul-Jabar e derrubar um recorde que já durava 39 anos. Era um número considerado inatingível e um dos poucos que faltavam pra que o King James pudesse ser considerado GOAT (maior de todos os tempos) na eterna e polêmica comparação com Michael Jordan. 

Pena que joga no Lakers, né? Ninguém é perfeito... 😬

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Beyoncé é a maior vencedora da história do Grammy



A lendária cantora se tornou, na noite do último domingo (5), a artista com mais prêmios Grammy de todos os tempos, totalizando 32 gramofones.

Bey foi reconhecida com o prêmio de Melhor Álbum de Música Dance/Eletrônica com o elogiado disco Renaissance e também recebeu o Grammy de Melhor Canção de R&B por “CUFF IT”. Além disso, levou para casa mais dois prêmios: Melhor Gravação Dance/Eletrônica por “BREAK MY SOUL” e Melhor Performance de R&B Tradicional por “PLASTIC OFF THE SOFA”.

Com essas vitórias, a artista alcançou oficialmente o recorde e fez um discurso de aceitação emocionante, sendo ovacionada pela plateia da cerimônia:

Estou tentando não ser muito emotiva e estou tentando apenas processar esta noite. Quero agradecer a Deus por me proteger. Gostaria de agradecer ao meu tio Jonny, que não está aqui, mas está aqui em espírito.

O disco mais recente de Beyoncé é justamente dedicado ao seu tio, Jonny, que faleceu devido a complicações do HIV (via Buzzfeed). A cantora ainda agradeceu o apoio da família e concluiu dizendo:

"Gostaria de agradecer à comunidade queer por seu amor e por inventar esse gênero."

Fonte: Tenho Mais Discos Que Amigos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Morre a jornalista Glória Maria, ícone da TV

 


Na Globo desde 1971, a carioca foi a primeira repórter a entrar ao vivo e, em cores, no Jornal Nacional. De 1998 a 2007, apresentou o Fantástico e, desde 2010, integrava a equipe do Globo Repórter.


A jornalista Glória Maria morreu no Rio nesta quinta-feira (2). A causa da morte não foi informada, mas ela lutava contra um câncer desde 2019.

Glória foi pioneira inúmeras vezes. Foi a primeira a entrar ao vivo no Jornal Nacional e inaugurou e era da alta definição da televisão brasileira. Mostrou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos.

“Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade pra ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa.”

Vida e carreira

Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos e sempre se destacou. “Aprendi inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”, lembrou, ao Memória Globo.


Glória também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel.

Em 1970, foi levada por uma amiga para ser radioescuta da Globo do Rio. Em uma época sem internet, era ouvindo as frequências da polícia que se descobria o que acontecia na cidade. Fazer uma ronda de telefone, ligando para batalhões e delegacias, também era tarefa de um radioescuta.

Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”.

Glória Maria trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV e no Bom Dia Rio — coube a ela a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.

No Jornal Nacional, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo. Cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.

“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura (1979). Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. Onde ela chegava, o ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’”, relembra.

Sucesso no Fantástico

A partir de 1986, a jornalista integrou a equipe do Fantástico, do qual foi apresentadora de 1998 a 2007. Ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, e por entrevistar celebridades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.


Com a cantora, teve um encontro que ela define como especial. “Eu saí daqui, e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. Ao chegar, Glória Maria foi informada de que tinha quatro minutos para entrevistar Madonna.


A repórter conta que entrou em pânico. Mas, na hora, falou: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”


Para o Fantástico, a jornalista viajou por mais de 100 países, passando pela Europa, África e parte do Oriente, quando mostrou um mundo novo ao telespectador.


Foi a repórter que entrou no ar ao vivo, na primeira matéria a cores do Jornal Nacional, em 1977, mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana. Naquele dia, foram usados equipamentos portáteis de geração de imagens.

A jornalista cobriu a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).


Primeira transmissão em HD


Em 2007, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, a jornalista realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira. Foi uma reportagem no Fantástico sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.


Volta ao mundo no Globo Repórter


Após 10 anos no Fantástico, Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura e, ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter, programa do qual fazia parte até hoje.

Em 2016, visitou a Jamaica, onde teve a oportunidade de entrevistar o campeão mundial de atletismo Usain Bolt e participou dos rituais de uma comunidade rastafári.


Em 2017, Glória Maria foi à China e fez matérias em Hong Kong, onde cuidou de um panda gigante, e pulou do mais alto bungee-jump do mundo em Macau, com 233 metros de altura.


Em setembro de 2019, Sérgio Chapelin se aposentou, após 23 anos no Globo Repórter. A partir daquele mês, Glória Maria passou a dividir o programa com a jornalista Sandra Annenberg.

Fonte: G1

Iemanjá ajuda Olodumaré na criação do mundo.

 


Olodumare-Olofim vivia só no Infinito, cercado apenas de fogo, chamas e vapores, onde quase nem podia caminhar.

Cansado de não ter com quem falar, cansado de não ter com quem brigar, decidiu por fim àquela situação. Libertou as suas forças e a violência delas fez jorrar uma tormenta de águas.

As águas debateram-se com rochas que nasciam e abriram no chão profundas e grandes cavidades, fazendo-se os mares e oceanos, em cujas profundezas Olocum foi habitar.

Do que sobrou da inundação, se fez a terra.

Na superfície do mar, junto à terra, ali tomou seu reino Iemanjá, com suas algas e estrelas-do-mar, peixes, corais, madrepérolas.

Ali nasceu Iemanjá em prata e azul, coroada pelo arco-íris de Oxumarê.

Olodumaré e Iemanjá, mãe dos Orixás, dominaram o fogo do fundo da Terra e o entregaram ao poder de Aganju, o mestre dos vulcões, por onde ainda respira o fogo aprisionado.

O fogo que se consumia na superfície do mundo, eles apagaram e, com suas cinzas, Orixá Ocô fertilizou os campos, propiciando o nascimento de ervas, frutos, árvores, florestas que foram dados aos cuidados de Ossaim.

Nos lugares onde as cinzas foram escassas, nasceram pântanos, e nos pântanos, a peste que foi doada pela mãe dos Orixás ao filho Omulu.

Iemanjá encantou-se com a Terra e a enfeitou com rios, cascatas e lagoas. Assim surgiu Oxum, dona das águas doces.

Quando tudo estava feito e cada natureza se encontrava na posse de um dos filhos de Iemanjá, Obatalá, respondendo diretamente às ordens de Olorum, criou o ser humano. 

E o ser humano povoou a Terra.

E os Orixás pelos humanos foram celebrados.

(PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás, p. 380-381)