quarta-feira, 18 de julho de 2018

Nelson Mandela, 100 anos!


Em 18 de julho de 1918, nascia Rolihlahla "Nelson" Mandela, um dos maiores ícones mundiais do século XX e o maior da África do Sul.
Vejo o que as pessoas (brancas, principalmente) falam sobre ele, como se fosse tão pacifista quanto Martin Luther King e isso não é bem verdade. Mandela foi preso e condenado como "terrorista" pelo governo racista sul-africano, justamente por se levantar contra as injustiças e contra o Apartheid, mesmo que precisasse usar a força.

Fico imaginando se essa visão do "Mandela Paz e Amor" não seria uma estratégia pra diluir sua verdadeira mensagem, que é a de não permitir que o mundo permaneça injusto sem lutar. Lógico, com a idade e a experiência, os discursos podem ter mudado, mas as convicções, não. O governo racista sul-africano demorou a acabar com o Apartheid, mas teria demorado muito mais tempo, se Nelson e Winnie Mandela, Walter Sisulu, Ahmed Kathrada e muitos outros não tivessem resistido com ações, paralelamente às palavras:

A lição que aprendi foi que, no final, nós não tínhamos alternativa alguma senão a resistência armada e violenta. Repetidamente, havíamos utilizado todas as armas de não violência em nosso arsenal - discursos, delegações, ameaças, marchas, greves, ficar em casa, prisões voluntárias - tudo em vão, pois tudo o que fazíamos era respondido com mão de ferro. um guerreiro pela liberdade aprende da maneira mais difícil que é o opressor que define a natureza da luta, e ao oprimido, frequentemente, não se deixa recurso algum senão utilizar métodos que espelham aquele do opressor. Em certo momento, só é possível lutar contra o fogo usando o fogo.

(Autobiografia, p. 206)


O que fica de lição, principalmente em tempos nefastos de xenofobia, racismo institucional, discursos de ódio e genocídio da população Negra, é que devemos buscar a paz, mas devemos ser mais incisivos. Não tô falando necessariamente de "tocar fogo" em tudo (também não tô excluindo essa possibilidade), mas precisamos buscar ações mais concretas pra combater o racismo para além de manifestações públicas nas redes sociais e levantamento de cartazes. Sou professor e, apesar do descaso do governo, ainda acredito que a educação é uma das maiores armas, a longo prazo, para um processo de conscientização e engajamento na luta contra o racismo. Precisamos conhecer a nossa história, saber quem somos!
Na mesma página, Mandela diz:

A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através da educação que a filha de um camponês pode se tornar uma médica, que o filho de um mineiro pode se tornar o chefe da mina, que o filho de trabalhadores rurais pode se tornar o presidente de uma grande nação. É o que nós fazemos com o que dispomos, e não com o que nos é dado, que diferencia uma pessoa da outra.

No centenário de Nelson Mandela, temos o dever de agradecer por tudo que foi feito e a missão de manter o seu sonho de paz, justiça e liberdade entre os povos e raças vivo. Que os seus ideais continuem nos guiando!

Madiba Vive!


terça-feira, 17 de julho de 2018

Mbappé doou todos os prêmios recebidos na Copa da Rússia



A França contou com grandes jogadores na sua campanha do bicampeonato da Copa do Mundo, mas nenhum deles foi tão gigante quanto Kylian Mbappé. No campo, o jovem foi um dos pilares do ataque francês e foi eleito o melhor jogador jovem do torneio, fora dos gramados, foi o melhor jogador do mundial.

O motivo do destaque fora das quatro linhas é por conta de suas ações filantrópicas. Mbappé se associou em 2017 à instituição de caridade francesa Premiers de Cordée, que ministra aulas de esportes para crianças com deficiências, de acordo com o jornal francês L'Equipe.

Segundo a imprensa europeia, o jogador recebeu cerca de 19 mil doláres por partida (cerca de R$77 mil), mais um bônus de 310 mil doláres (R$1,3 milhão) pelo título da França e doou toda quantia para a instituição, totalizando um valor de aproximadamente R$1,7 milhão.

- Kylian é uma pessoa maravilhosa. Quando a agenda dele está vaga, ele nos visita com um grande prazer. Ele tem uma ótima relação com as crianças. Sempre acha as melhores palavras para encorajá-las - disse o dirertor geral da 
Premiers de Cordée, Sebastian Ruffin, ao diário francês Le Parisien.

De acordo com o L'Equipe, a ação de Mbappé parece ter inspirado uma série de doações feitas pelos próprios jogadores da seleção francesa, que também repassaram seus ganhos em premiações da Copa para uma viagem educacional de 25 crianças do colégio Jean-Renoir para a Rússia.



Fonte: Lance!

domingo, 15 de julho de 2018

A ascensão meteórica de N'Golo Kanté


Neste domingo, a França  sagrou-se bicampeã mundial na Arena Lujniki, em Moscou, ao vencer a Croácia por 4 a 2. Gols de Mario Mandzukic (contra), Antoine Griezman, Paul Pogba e Kylian Mbappé para a França; e Mandzukic (desta vez, a favor) e Ivan Perisic pela Croácia.

Um dos grandes personagens do título francês atende pelo nome de N'Golo Kanté. O volante de 27 anos e apenas 1,68m de altura é um dos quase 80% dos jogadores do elenco que são filhos de imigrantes africanos, justamente no momento em que as discussões em torno da imigração estão latentes na Europa, sobretudo em países como a França, Alemanha e Inglaterra. É notório que a França não conseguiria vencer a Copa do Mundo sem a presença dos jogadores de ascendência africana, apesar de tantas campanhas xenofóbicas e racistas pelo país. Sobre a relação conturbada da França com seus jogadores de dupla cidadania, uma boa sugestão é o filme Les Bleus - Uma outra história da França.

Filho de imigrantes do Mali, África Setentrional, Kanté nasceu em Paris. Na única vez em que a França havia vencido uma Copa, em 1998, o menino de sete anos catava lixo nas ruas da cidade para ajudar a família. Aos 11, após o falecimento do seu pai, Kanté tentou iniciar sua carreira no futebol, mas não deu muito certo e ele priorizou o estudos, se formando em contabilidade. Em 2010, integrou a equipe B do Boulogne, promovido à equipe principal durante a temporada 2012/2013.

A partir daí, a carreira de N'Golo foi só ladeira acima. Após jogar pelo Boulogne a terceira divisão francesa e conquistar o acesso, foi contratado pelo Caen para jogar a Ligue 2, fazendo parte da seleção do campeonato no fim da temporada e chegando, finalmente à Ligue 1. Em seu primeiro jogo na primeira divisão, marcou seu primeiro gol pelo Caen contra o Évian.

Kanté foi eleito o melhor jogador da temporada 2015/2016 da Premier League, no incrível título do Leicester City.


Em 2015, Kanté se transferiu para o Leicester City, da Inglaterra, e participou da histórica campanha do inédito título da Premier League, sendo eleito o melhor jogador do campeonato inglês daquela temporada. Sua brilhante campanha atraiu a atenção de várias equipes, e ele acabou se transferindo para o Chelsea em 2016. Foi peça-chave no título dos Blues na temporada 2016/2017.
Suas brilhantes atuações o levaram à seleção francesa em 2016, onde estreou contra a Romênia na Eurocopa realizada em seu país. Integrou a equipe que viria a ser derrotada por Portugal na final, mas que também seria a base da seleção campeã da Copa do Mundo de 2018.

No espaço de apenas cinco anos, driblando a desconfiança por causa de sua baixa estatura, o racismo, a pobreza e todas as dificuldades proporcionadas pela imigração na Europa, N'Golo Kanté saiu em uma série de acessos e títulos, da terceira divisão da França ao posto mais importante do futebol mundial. Nesta janela de transferências, é um dos nomes mais badalados, com propostas milionárias do Barcelona, Paris Saint-German e Real Madrid, além do próprio Chelsea. O filho de malineses, que catava lixo há 20 anos atrás, hoje é um dos jogadores mais importantes e valorizados do mundo.