domingo, 20 de novembro de 2016

Consciência Negra, uma atitude diária


A data de hoje tem um significado simbólico muito forte para nós. É um dia de reflexão, para ver onde avançamos e onde ainda precisamos avançar. Marca a data do assassinato de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, no ano de 1695. 

Palmares foi a maior expressão de resistência Negra ao sistema instituído, ao status quo escravista que reinava absoluto no Brasil. Por esta razão, o 20 de Novembro é muito mais celebrado pelas populações Negras do que o 13 de Maio, a data de abolição formal da escravidão em 1888, ideia vendida como se a nossa liberdade fosse um grande ato de benevolência da família real luso-brasileira e, por esta razão, rechaçada pela maioria de nós.

Que sejamos Negros e Negras, assim, com "N" maiúsculo, durante o ano inteiro. Celebremos a data, mas que nossas discussões, reflexões e batalhas sejam diárias. Que tenhamos coragem de enfrentar o sistema racista opressor por todos os meios necessários, tal qual fez Zumbi, Dandara, Luísa Mahin, Maria Felipa, Rolihahla Mandela, Mãe Stella de Oxóssi, Malcolm X, Martin Luther King Jr., Rosa Parks, Abdias do Nascimento, Angela Davis, Walter Sisulu, Maria Quitéria, João Cândido, o Levante Malê, a Revolta dos Búzios, os Panteras Negras, o Reaja e muitxs outrxs pelo mundo.

Vamos espalhar nossa beleza e nossa luta pelo mundo. Vamos estudar, ler sobre o passado dos nossos e das nossas, vamos ocupar os espaços de decisão e provar que nosso lugar é onde a gente quiser!

A Ancestralidade africana já nos ensinou: "Quando não existe inimigo no interior, o inimigo no exterior não pode te machucar".

Ubuntu! Ufanisi!


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Ex-refugiada de origem somali é eleita deputada estadual em Minnesota


Ilhan Omar se tornou, na terça-feira (8), a primeira americana muçulmana de origem somali a ser eleita para representar um Estado na Câmara, com uma clara vitória em Minnesota.
A maior batalha de Omar foi cravada durante as primárias de agosto, quando ela derrotou um oponente e garantiu a nomeação pelo partido democrata. Na Câmara ela vai representar um distrito diverso e liberal, que abrange a maior parte de Minneapolis.
Sua vitória também é vista como uma vitória nas causas progressistas e um impulso para eleger mais mulheres e representantes de minorias para cargos públicos.
Omar nasceu na Somália e passou quatro anos em um campo de refugiados no Quênia antes de imigrar para os Estados Unidos, aos 12 anos de idade. Ela contou ter ficado desapontada ao descobrir tamanha desigualdade racial, econômica e intolerância religiosa nos EUA.
"É a terra da liberdade e da justiça para todos, mas precisamos trabalhar para isso", contou ela ao Huffington Post no mês passado. "Nossa democracia é incrível, mas é frágil. Ela aconteceu através de muitos progressos, mas precisamos continuar o progresso para torná-la, de fato, 'justiça para todos'".
A desigualdade nos EUA foi o que a inspirou a se envolver com a política quando era uma adolescente, ao lutar por justiça em sua comunidade e em seu estado.
Aos 34 anos, e mãe de três crianças, ela adotou uma plataforma progressista, defendendo políticas educacionais acessíveis, reforma da justiça criminal, igualdade econômica e energia limpa.
O primeiro projeto de lei submetido pela agora deputada deve ser uma proposta que exige o registro eleitoral automático a partir do momento em que os adultos completarem 18 anos ou quando emitirem uma carteira de motorista, adiantou ela ao Huffington Post.
Ela reconheceu o significado histórico da sua candidatura e os desafios que superou para ganhar o assento na Câmara.
"Muitas vezes você é estimulado a ser tudo, exceto audacioso, mas acho que isso era importante para mim, competindo como uma jovem e competindo como alguém que é muçulmana, refugiada e imigrante."
"Acreditar na possibilidade que todas as minhas identidades ficassem em segundo plano e que minha voz como uma forte progressista iria emergir se eu fosse corajosa e acreditasse nisso - isso fez uma grande diferença para mim e para minha candidatura", finalizou.
Fonte: HuffPost Brasil

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Há 25 anos, Magic Johnson anunciava que tinha vírus HIV; hoje, é um dos mais poderosos do esporte

7 de novembro de 1991. Há 25 anos, o mundo do esporte ficava boquiaberto com o anúncio de Magic Johnson, que revelou ter contraído o vírus HIV após exames rotineiros na pré-temporada do Los Angeles Lakers.

À época, Johnson estava com 32 anos e acabara de vir de um vice-campeonato com os Lakers diante do Chicago Bulls. Com três MVP's e cinco títulos da liga, ele era o maior nome da NBA no momento e anunciou que em decorrência do vírus estava se aposentando.
O anúncio foi marcante e impactou o mundo inteiro, já que à época não se sabia muito sobre o vírus. E a maioria das pessoas mundo afora que o contraiam, morriam pela falta de medicação em decorrência da AIDS.
Menos de quatro meses depois, Magic já estava de volta às quadras sendo eleito MVP do All-Star Game. Mesmo sem atuar, ele foi votado pelos fãs para participar do evento e, com aval médico da NBA, entrou em quadra mesmo a contragosto de ex-companheiros como Byron Scott e AC Green, além de Karl Malone.
Muitos jogadores tinham medo de encostar em Magic devido ao vírus, apesar da NBA ter liberado o mesmo medicamente para jogar.
Magic Johnson vencendo mais um prêmio de MVP pelo Los Angeles Lakers.

A performance no All-Star Game garantiu a Magic a chance de fazer parte do histórico Dream Team de Barcelona-92, onde os Estados Unidos ganharam a medalha de ouro com Johnson, Michael Jordan, Larry Bird e cia.
Sob medicações para o tratamento do HIV, Magic Johnson tentou retornar às quadras na temporada 1993-94, mas um corte no braço, que causou pânico no ginásio, durante um jogo de pré-temporada, fez ele desistir da ideia porque não queria ser uma distração.
Magic ainda voltara aos Lakers como técnico e jogador, até se aposentar das quadras novamente, em 1996. E o sucesso e brilho de Magic não pararam por ali.
Pelo contrário, Magic Johnson se tornou mais influente, fora das quatro linhas.
O ex-jogador faz parte de um grupo de sócios que adquiriu o Los Angeles Dodgers, da Major League Baseball, e o Los Angeles Sparks, da WNBA. Fora isso, Johnson ainda é um dos donos da futura franquia da MLS de Los Angeles.
A Forbes elegeu Magic como o segundo sócio-minoritário mais influente do mundo, atrás apenas de Michael Jordan. Em 2015, ele ficou em terceiro na lista dos 50 mais poderosos do esporte na Califórnia.
Magic também é o décimo ex-atleta que mais faturou em 2016, tendo ganhado US$ 18 milhões (R$ 57,6 milhões) em salários.
Dentro ou fora das quadras, Magic é um vencedor que continua brilhando.
Fonte: ESPN

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sugestão de Filme: Raça (2016)



Com o criativo e propositadamente ambíguo título original Race, que pode significar tanto "corrida" quanto "raça" em inglês, o filme retrata os gloriosos anos de Jesse Owens (Stephan James, de Selma), atleta Negro dos Estados Unidos, que entrou para a história ao desbancar a ideologia nazista de supremacia branca, vencendo quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim de 1936.

Um dos grandes trunfos do filme está em mostrar que o nazismo alemão não era muito diferente da Lei Jim Crow estadunidense (1876-1965), que segregava áreas coletivas como escolas, vestiários, ônibus, trens etc., impedindo que pessoas Negras, brancas e de outras etnias ocupassem o mesmo espaço.  Curiosamente, isso não aconteceu na Alemanha nazista durante os jogos, e todos os atletas dividiram o mesmo espaço.

Algo a se observar também é o quanto o racismo pode ser mascarado ou "suprimido", em prol de um efêmero sentimento nacionalista, proporcionado pela presença dos Jogos Olímpicos. Antes de se tornar um astro do esporte, logo ao chegar à universidade, Owens era discriminado inclusive pelos colegas e treinadores brancos. Mas, esse sentimento aparentemente muda, à medida em que ele vai quebrando diversos recordes e, principalmente, ao retornar de Berlim com quatro medalhas de ouro na bagagem, onde foi ovacionado por mais de um milhão de pessoas. Apesar de suas conquistas, Owens não recebeu os cumprimentos de um decepcionado Hitler (grande coisa...) nem o devido reconhecimento do governo de seu país, fato que só aconteceu postumamente. Além disso, continuou tendo de entrar pelas portas dos fundos e pelos elevadores de serviço.

O filme ainda mostra a importância de Leni Riefensthal (Carice Van Houten, de Game of Thrones), a cineasta que ficou famosa por ser a responsável pela propaganda nazista, sob comando do ministro Goebbels. Graças a ela, as imagens dos feitos de Jesse Owens sobreviveram às ações do tempo.

Raça  não se trata de um filme biográfico, já que foca em apenas três anos da vida de James Cleveland Owens (entre 1933 e 1936), utilizando o contexto histórico das leis segregacionistas nos EUA e o período pré-Segunda Guerra Mundial como referência. Não é a obra definitiva para que conheçamos a história do homem além do mito, mas levanta questões interessantes sobre o quanto somos bons em apontar o racismo nos outros, mas permanecemos apáticos e incapazes de reconhecê-lo em nós mesmos.

Sobre as conquistas de Jesse Owens nas Olimpíadas de Berlim, clique aqui.

Ficha Técnica
Título Original: Race
Direção: Stephen Hopkins
Elenco: Stephan James, Jason Sudeikis, Jeremi Irons, Carice Van Houten, William Hurt, Eli Goree
Ano de Lançamento: 2016