terça-feira, 14 de março de 2023

Em sentença inédita, torcedor é banido de estádios por três anos na Inglaterra por ofensas racistas nas redes

 

Ivan Toney, atacante do Brentfor, em jogo da Premier League — Foto: David Horton – CameraSport via Getty Images


Exatamente cinco meses após perseguir o atacante Ivan Toney com ofensas racistas, através das redes sociais do jogador do Brentford, um torcedor inglês de 24 anos foi condenado em última instância a três anos de afastamento dos estádios em todo o Reino Unido, além de proibição de viajar para assistir a jogos de futebol no exterior.

Ele também foi condenado a quatro meses de prisão, sentença que fica suspensa por dois anos. A condenação por crime de ódio no futebol, inédita no país, foi divulgada nesta terça-feira pela corte responsável pelo caso na região de Newcastle.


– Este resultado deixa claro que haverá consequências reais para aquelas pessoas que pensam que podem se esconder atrás do teclado e postar comentários de ódio – afirmou o chefe de polícia Mark Roberts, que lidera o grupamento de policiamento de futebol na região.


No dia 14 de outubro do ano passado, Ivan Toney brilhou com dois gols na vitória do Brentford sobre o Brighton. No dia seguinte, ele expôs os ataques racistas recebidos via redes sociais.


A polícia de Northumbria, na região de Newcastle, abriu investigação sobre o caso e conseguiu chegar até Robert Neill, morador de Blyth, uma cidade dos arredores.


Neill já tinha sido condenado em primeira instância no dia 25 de janeiro, mas recorreu da decisão. Agora, recebeu a sentença definitiva.


A condenação o proíbe de ir a qualquer jogo de futebol oficial no Reino Unido, desde a Premier League até jogos da quinta divisão, assim como partidas da seleção inglesa. Ele também não poderá viajar para o exterior para assistir a qualquer partida oficial.


A sentença é resultado da nova legislação relativa aos crimes de ódio online ligados ao futebol, que agora permite o banimento dos estádios por um tempo determinado.

Fontes: Globo Esporte/Observatório da Discriminação Racial

terça-feira, 7 de março de 2023

Sugestão de leitura: "A gente é da hora", de bell hooks

 


"Entre os meninos negros, aqueles que aprendem na primeira infância - muito antes de enfrentar um mundo branco hostil - que não são dignos encontrarão a mesma mensagem quando botarem o pé fora de casa.


Logo cairão em uma armadilha. Eles não são valorizados na vida familiar nem no mundo exterior. Muitas vezes, crianças negras ouvem  mulheres criticando homens negros com frases como 'ele não vale nada' ou 'não há um homem negro neste planeta com quem você possa contar'. 


Todas essas mensagens reforçam a noção de que ele é falho, de que nada que possa fazer o tornará inteiro. Tudo o que lhe é oferecido é uma vida de incompletude, na qual deve trabalhar duro para compensar tanto a 'falta' que os outros detectam nele como o seu próprio senso de vazio interior."

(hooks, bell. "A gente é da hora: Homens negros e masculinidade", p. 168).


Nem todos os capítulos são confortáveis de ler, mas é um livro essencial. Está me ajudando a entender a mim mesmo, a minha relação com meu filho, meus alunos, amigos etc. É preciso ter coragem pra reconhecer que tem um problema e discernimento pra saber a quem pedir ajuda.


#bellhooks #Livros #masculinidadenegra #Ubuntu #Ufanisi

quarta-feira, 1 de março de 2023

Imigração e Xenofobia



 Os imigrantes alemães, italianos e de outras partes da Europa que ocuparam o sul do Brasil a partir do século XIX eram extremamente pobres, desesperados e fugiam de um continente em crise. Viram na América a esperança de mudar de vida. Muitos passaram fome e morreram na travessia do Oceano Atlântico.


Ao chegar, receberam diversos auxílios do governo de D. Pedro II, inclusive cotas de terras (sim, as primeiras cotas do Brasil foram para brancos, sabia disso?) porque a escravidão já estava caminhando para o fim e a política racista/eugenista das "elites" brasileiras desejava descartar a população Negra do país, agora que não poderia mais trabalhar de graça pra elas.



Curioso ver um povo que teve todo tipo de incentivo pra vir pra cá ter esquecido suas origens e ser tão notadamente racista e xenófobo. A fala do vereador gaúcho, cheia de ódio contra nós nordestinos, está longe de ser exceção (e se você não compactua com esse pensamento, não faz mais que sua obrigação).


O vereador ficou mais indignado com as denúncias de trabalhadores baianos em situação análoga à escravidão do que com quem cometeu o crime de escravizá-los. 

Espero que ele seja cassado, pra não correr o risco de virar presidente, como aconteceu há 5 anos. 

E aos demais, entendam uma coisa: Caxias do Sul está mais perto de Salvador do que de Berlim. Interpretem como quiserem. Não quero pedido de desculpas, só exijo respeito.


Os cartazes acima são as propagandas feitas pelo governo brasileiro para atrair italianos e alemães. Nós, africanos e descendentes, não tivemos a mesma sorte.