terça-feira, 26 de maio de 2020

"Ninguém tem o direito de matar em nome de Deus", diz Alpha Blondy


Já tive o privilégio de ver o show do marfinense Alpha Blondy pessoalmente aqui em Salvador e foi uma experiência incrível. Ontem, eu estava assistindo ao show dele no Festival Rockpalast, em 2017, e me deu vontade de traduzir e transcrever pelo menos um dos vários belos discursos que ele faz antes de algumas músicas. O discurso contra as guerras, contra o colonialismo e contra o mau uso da religião para fins políticos questionáveis são os mais frequentes em suas músicas. Muitas coisas podem servir de exemplo para outras realidades, inclusive a nossa do Brasil, onde alguns políticos hipócritas tentam esconder suas atitudes medíocres e assassinas atrás de um suposto discurso religioso.
Logo após anunciar Spiritual Crime, Alpha Blondy diz:

Não faça mau uso do santo nome de Deus. Ninguém tem o direito de matar em nome de Deus!
Ninguém tem o direito de usar o santo nome de Deus pra justificar um crime. É o que todos nós dizemos.
Deus diz na Torá: "Não matarás!"
Deus diz na Bíblia: "Não matarás!"
E Deus diz no Corão: "Não matarás!"
E no Corão, Deus diz: "Se você mata um inocente, é como se você tivesse matado a humanidade inteira. Se você salva a vida de um inocente, é como se estivesse salvando a vida de toda a raça humana."

É isso o que estamos dizendo: Não envolva Alah em seus crimes! Não envolva Maomé em seus crimes!
Porque Alah não é um deus do terrorismo. Porque Maomé não é um profeta do terrorismo.

O momento desta fala (em inglês) pode ser visto a partir do minuto 00:40:04. Você pode assistir o show inteiro aqui:



segunda-feira, 25 de maio de 2020

25 de Maio - Dia da África


No dia 25 de maio de 1963, chefes de estado e diplomatas de 32 países africanos independentes se reuniram em Adis Abeba, capital da Etiópia, a convite do imperador Haile Selassie, para traçar uma estratégia visando uma unificação do Continente Africano. Esse encontro aconteceu de 22 a 25 de maio e se encerrou com a criação da Organização da Unidade Africana (OUA). Nove anos depois, em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o 25 de maio como Dia da Libertação Africana, ou o Dia da África.

A OUA nasceu com os objetivos de promover a unidade e solidariedade entre os estados africanos; coordenar e intensificar a cooperação entre eles, para garantir uma vida melhor para os povos; defender a soberania, integridade territorial e independência desses estados; erradicar todas as formas de colonialismo; promover a cooperação internacional, respeitando a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos; e coordenar e harmonizar as políticas dos estados membros nas esferas política, diplomática, econômica, educacional, cultural, da saúde, bem estar, ciência, técnica e de defesa.

Em seu discurso de 1963, Jomo Kenyatta – pai da independência do Quênia – afirmou que a África só seria livre de verdade no dia em que se realizasse uma reunião de cúpula da OUA, na África do Sul, então sob o cruel regime do apartheid. Quase 40 anos depois, em 2002, a Organização das Nações Unidas realizou na cidade de Durban, naquele país, uma nova reunião de cúpula com participação de representantes de 53 países africanos, ratificando e ampliando sua carta magna. Foi o último encontro da OUA e ali nasceu um novo organismo: a União Africana (UA). O Dia da África serve para ajudar os afrodescendentes a refletir sobre o continente de origem de seus antepassados. Além de olhar para as civilizações que antecederam à Conferência de Berlim, que retalhou aquele continente com mais de 30 milhões de quilômetros quadrados e leiloou os pedaços entre potências europeias, temos de procurar conhecer a África de hoje.

Apesar de tudo, ainda precisamos perceber a África como realmente é: um continente vasto e plural, com suas particularidades culturais, climáticas e socioeconômicas. Não devemos generalizar os aspectos negativos, como a maioria das mídias faz frequentemente. O dia de hoje serve para perceber o quanto todos nós Negros nascidos na África ou na Diáspora já avançamos e onde precisamos avançar, pra superar o racismo e todas as outras formas de preconceitos e desigualdades.