quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Onde estão os candidatos Negros na política brasileira?

Em 2013, somente 55 (10,7%) dos 513 deputados federais eram Negros. Já no Senado, o número era ainda menor. Apenas três (3,7%) em 81 parlamentares
Já vinha pensando em escrever sobre isso há alguns dias e hoje, coincidentemente, vi esse gráfico e um artigo sobre o assunto no Portal Geledés. São perguntas recorrentes: onde estão os Negros e Negras na política brasileira? Por que nossa representatividade é tão pequena, se somos maioria da população no país?

O Brasil do século XXI ainda carrega o fétido ranço do colonialismo. Mesmo que a Constituição assegure direitos iguais a todos os cidadãos, na prática, ainda é extremamente difícil ver Negros e Negras ocupando cargos de chefia em grandes empresas, times de futebol ou em cargos políticos. A eterna "Sombra do Véu", metáfora utilizada brilhantemente por DuBois para representar o racismo, em The Souls of Black Folk ("As Almas da Gente Negra"), ainda impede a ascensão de pessoas Negras aos cargos majoritários, relegando-as ao papel de coadjuvantes. Há dois anos atrás, por exemplo, entre todos os candidatos à prefeitura de Salvador, Hamilton Assis, do PSOL, era o único Negro encabeçando a chapa. Todas as demais candidaturas, oportunamente, tinham um branco como titular e um (a) Negro(a) como vice. Por que não o contrário?

Estamos há poucas semanas das eleições e o mesmo pode ser observado nas campanhas ao Governo, Senado, Presidência e Câmara. Faltam candidatos Negros, assim, com N maiúsculo, que comprem a briga e defendam a nossa causa na luta contra o racismo e contra a falta de oportunidade das populações Negras em diversos aspectos da sociedade.

Desde que comecei a votar, sempre optei pelos candidatos e candidatas Negr@s que tivessem propostas neste sentido, pelo menos para vereador e deputado. Ainda espero poder fazer isso nas eleições pro Executivo, mas, infelizmente, não será nessas eleições. Não tem nenhum candidato Negro a presidente nem a governador da Bahia, meu Estado. Para o Senado, novamente, só Hamilton Assis, do PSOL. 

Os Estados Unidos da Ku Klux Klan e da Jim Crow já elegeram Barack Obama duas vezes. Até quando vão falar por nós aqui no Brasil?

Veja também: Parlamento branco comprova que mentira cívica' não foi desfeita

As inconveniências do "politicamente correto"


Quem reclama do "politicamente correto", na verdade, só quer um argumento pra continuar sendo racista, machista, sexista, homofóbico, bairrista ou intolerante religioso. Deve ser difícil contar piadas ou emitir opiniões sem precisar ridicularizar ninguém, né?
Gill Nguni

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Há 44 anos, morria Jimi Hendrix


Em 18 de setembro de 1970, Jimi Hendrix, aos 27 anos, morre em decorrência de uma asfixia, após uma mistura excessiva e perigosa de vinho e remédios.
Jimi teve seu auge no Festival de Woodstock, ocorrido em 1969, e sua versão do Hino Nacional dos Estados Unidos na guitarra foi um dos momentos mais marcantes do evento.
Hendrix é considerado um dos maiores guitarristas da história do Rock 'N Roll e seu legado permanece vivo até hoje, tanto na música quanto na influência a diversos guitarristas e bandas que continuam surgindo no mundo inteiro.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Grêmio é excluído da Copa do Brasil por unanimidade, após atos racistas da torcida

Aranha, goleiro do Santos, alvo de injúrias racistas pode ter iniciado um movimento histórico

Os cinco auditores do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiram, por unanimidade, excluir o Grêmio da Copa do Brasil, após manifestações racistas de setores de sua torcida contra o goleiro Aranha, do Santos, no jogo de ida pelas oitavas-de-final da competição.

Do ponto de vista técnico, isso não fez tanta diferença, já que o Grêmio perdeu em casa por 2x0, e seria bem difícil reverter esse placar fora de casa. O que interessa aqui é que a decisão do STJD é histórica. O Grêmio foi excluído do campeonato como punição por racismo, não por ter perdido o jogo, e isso tem um significado simbólico muito grande. Tem um impacto negativo na marca do clube, o que pode envolver perda de patrocínios, já que nenhum anunciante quer sua empresa vinculada a algo ruim, além da pecha de "time racista" que o time já carrega.

É público e notório que uma parcela significativa de torcedores dos times gaúchos, principalmente do Grêmio, tem comportamentos xenófobos e racistas. Não são poucos os casos de ofensas a Negros e a nordestinos que se tem notícia, tanto que seus estádios estão na mira do Ministério Público atualmente.
Além da exclusão do campeonato, o clube ainda foi condenado a pagar uma multa de R$ 50.000,00, os torcedores identificados não podem frequentar estádios pelos próximos dois anos e o árbitro da partida também deverá ser punido, já que não registrou nada do ocorrido, mesmo com a insistência do arqueiro santista.

Sejamos sinceros, o racismo não vai acabar depois desta punição, mas o bom é que agora, finalmente o tribunal se posicionou e abriu um precedente importante. A decisão ainda cabe recurso, mas, se confirmada, vai fazer com que o próprio torcedor vigie a pessoa que está do seu lado, como faz quando alguém invade ou atira objetos no campo. Além disso, os outros clubes ficarão mais atentos e podem denunciar, se notarem casos semelhantes acontecendo, isso pode influenciar na reeducação dos torcedores preconceituosos.

Convém salientar que não bastam punições no âmbito esportivo. Racismo é crime inafiançável e deve ser tratado como tal pela justiça comum. As pessoas foram identificadas, logo, precisam ser indiciadas e responder criminalmente.

No mais, parabéns ao STJD por, finalmente, tomar uma decisão exemplar contra um grande clube, coisa que este tribunal está devendo há muito tempo. E parabéns ao goleiro Aranha, por não recuar.
Racismo não é piada, não é mal-entendido, não é "força de expressão". Racismo é crime.