terça-feira, 29 de março de 2011

Salvador, 462 anos!


Salvador, a primeira capital do Brasil, uma das cidades mais negras do mundo completa nesta terça-feira, 29 de março, 462 anos. Uma cidade linda, mas também cheia de contrastes e contradições. Apesar de existir uma grande parte da população que vive marginalizada, excluída dos camarotes e do lado de fora das cordas dos grandes blocos de carnaval, Salvador possui um povo que vive e sobrevive; que existe e resiste. Que se espreme às 6 horas da manhã no velho Estação Pirajá lotado ou naquele Barra 2 que, de tão cheio, nem consegue fechar as portas.
Salvador tem a turma que vai pro "Pagodão Elétrico", mas também tem aquela galera que veste preto e marca presença todos os dias durante o Palco do Rock. E sim: SALVADOR TEM CENA HEAVY METAL!! Que nossos estimados produtores vejam isso. Tem a rivalidade quente entre Bahia X Vitória (que saudade da Fonte Nova...), tem o acarajé, o abará e a água de coco. Cidade onde temos o Mercado Modelo e o Elevador Lacerda, o Aeroporto DOIS DE JULHO, que tão habilmente roubamos da cidade de Lauro de Freitas; a Capoeira e o Candomblé, o sorvete da Ribeira, o pirão de aipim do Bonfim, além dos diversos pontos turísticos conhecidos internacionalmente.
Mas não podemos esquecer do lado que o turista não vê: a Salvador do racismo e da desigualdade social; que apesar de ter uma população numérica superior de pessoas negras, vê uma minoria ingressar nas universidades públicas (por isso defendo e sempre defenderei as cotas!). A Salvador dos alagamentos e desabamentos toda vez que chove com uma relativa frequência. Dos engarrafamentos da Paralela, da violência que não dá descanso...
Cidade mágica, linda e rica, apesar de João Henrique, Jaques Wagner, seus secretários e nossos estimados vereadores e deputados. Vivo dizendo que ainda me mudo daqui pra Recife ou São Paulo, pra ver se consigo ir ao show de minhas bandas favoritas que nunca pisaram em nosso solo (notadamente Iron Maiden, Metallica e AC/DC), mas é só meu celular sair da área 71 que eu fico louco pra voltar!

PS: 29 de março é também o aniversário da conquista da Taça Brasil pelo Tricolor de Aço, o Esporte Clube Bahia, oficialmente, o primeiro Campeão Brasileiro. Bora Bahêa Minha Porra!!

domingo, 27 de março de 2011

Os frequentes casos de racismo no futebol





A "moda" persiste naquele mundinho chamado Europa. Os casos de racismo continuam em alta, mesmo com os apelos da FIFA e aquelas diversas campanhas antes dos jogos começarem. Antes isso era mais comum em países como Itália e Alemanha (eternos redutos do nazi-fascismo), além de Espanha, Portugal e Inglaterra. Agora isso acontece em qualquer lugar e até aqueles que aqui no Brasil não seriam considerados fenotipicamente negros (como Roberto Carlos no Anzi da Rússia e Marcelo no Real Madrid) vêm sofrendo com essas atitudes daqueles que se acham até hoje "mais civilizados que os outros".
A bola da vez agora foi o atacante do Santos e da Seleção Neymar no jogo do Brasil X Escócia realizado em Londres, que mais parece a nova casa da Seleção. Os acéfalos escoceses, ingleses ou algo que o valha atiraram bananas no campo durante o jogo e ofenderam Neymar com aqueles "elogios" criativos de sempre.
Não sei qual é o negócio da CBF com o Arsenal, já que o Brasil joga muito mais lá do que em qualquer estádio brasileiro, mas já passou da hora de parar de alimentar esses crápulas. Brasileiro tem de jogar é no Brasil! Os que vaiam e xingam são os invejosos, que não possuem o talento de Neymar, Eto'o, Drogba etc. nos seus times e acham que com essas ofensas o brilho desses jogadores vai diminuir.
A FIFA, que se acha a entidade máxima do futebol, com poderes absolutos, tem a OBRIGAÇÃO de punir todos os clubes, agremiações e federações cujos torcedores atirem objetos no gramado ou abusem de atos racistas. É lindo colocar faixas e cartazes com os dizeres: "Say no to racism" e "Respect", mas mensagens assim não sensibilizam ninguém. Têm que multar, punir e prender. O ser humano só sente no bolso ou com a privação de liberdade.
Não tenho esperança nenhuma de ver mudança no comportamento racista europeu. Historicamente essa sempre foi sua marca , vide a colonização e a relação que eles mantém com os países africanos ou latino-americanos. Só quero um mínimo de justiça e ver esses criminosos atrás das grades.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Saiba mais sobre a luta do Vasco contra o racismo

Sou vascaíno desde criança, antes mesmo de saber dessa história, mas quando soube disso, ainda em 1998, ano do centenário do Vasco, minha identificação ficou completa. Leiam sem clubismo, pois são fatos históricos, não quero converter ninguém ao "Vascainismo" nem criar nenhuma rixa entre torcidas.
Time do Vasco de 1923
Time do Vasco de 1923
O Vasco lança nesta quinta-feira o seu terceiro uniforme para a temporada 2011. O modelo é inspirado no usado na década de 20 e faz referência à atuação do clube naquele período, em prol da inclusão de jogadores negros e de classes mais humildes. No lado esquerdo do peito da camisa, há a imagem de uma mão espalmada em preto e branco. E, na gola, as palavras “Inclusão” e “Respeito”.

Se há questionamentos se o Vasco foi realmente o primeiro clube brasileiro a contar com jogadores negros em seu elenco – alguns pesquisadores defendem que a primazia foi do Bangu -, não há dúvida que o Clube de Regatas Vasco da Gama foi o primeiro que realmente adotou uma política clara de inclusão de atletas negros, mulatos e/ou que não pertenciam à elite. E que lutou para que eles não fossem excluídos do esporte. Contribuindo decisivamente para que o futebol deixasse um esporte exclusivo de descendentes de ingleses e jovens da aristocracia. Brancos.

- O mulato e o preto eram, assim, aos olhos dos clubes finos, uma espécie de arma proibida – escreveu Mário Filho em seu livro “O negro no futebol brasileiro”. Escrito em 1947, a obra é uma referência sobre o assunto.

As palavras "Inclusão e Respeito" estão na gola da camisa.



Coube ao Vasco, vindo da segunda divisão, desafiar o sistema vigente. O clube, fundado por portugueses, se distinguia de outros criados pela colônia lusitana por abrir suas portas também para brasileiros. De qualquer origem. O critério para ser convidado a defender o clube da Cruz de Malta não era a cor da pele ou a situação social. Era saber tratar bem a bola.

E o time passou a adotar um regime desconhecido dos demais. Os jogadores, na prática, viviam para o futebol. Acordavam em uma espécie de ‘concentração’ e treinavam. Exercícios físicos e com a bola. De manhã até de noite. Treinador pelo uruguaio Ramon Platero, e com o apoio de comerciantes portugueses, tinham boa alimentação e recebiam ‘bichos’ para dedicarem ao futebol. Um princípio de profissionalismo em uma época em que os comandantes do futebol orgulhavam-se de dizer que o esporte era amador.

Com atletas habilidosos e bem preparados, o time do Vasco geralmente dominava os adversários no segundo tempo dos jogos, quando os rivais não conseguiam mais acompanhar quem havia treinado forte durante toda a semana. E o clube vindo da segunda divisão foi campeão carioca em 1923, logo no ano de estreia na elite do futebol do Rio (na foto acima, o time campeão).

A reação dos clubes tradicionais não demorou. No ano seguinte, o grupo formado por América, Botafogo, Flamengo e Fluminense decidiu deixar a Liga Metropoliana de Desportos Terrestres (LMDT) e fundar a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).

Pelas regras da nova entidade, os jogadores precisariam provar que estudavam ou trabalhavam. Não em um trabalho qualquer. “Um emprego decente (…). Empregados subalternos eram riscados”, segundo Mário Filho. E precisavam saber ler e escrever corretamente. Além disso, todos os clubes deveriam ter campos e sedes próprios. O Bangu, com um time formado em boa parte por operários da fábrica de tecidos instalada no bairro da Zona Oeste, foi convidado pelo quarteto a ingressar na entidade. Os cinco fundadores tinham peso maior nas votações, garantindo que as suas propostas fossem vitoriosas.

Ao Vasco, foi exigido que 12 jogadores fossem afastados, por não atenderam aos requisitos impostos pela AMEA. Diante do ultimato, o presidente do clube, José Augusto Prestes, assinou um ofício em 7 de abril, que ficou famoso na história do futebol carioca. E brasileiro.

Rio de Janeiro, 7 de abril de 1924

Ofício no. 261

Exmo. Sr. Arnaldo Guinle, M.D. presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.

As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama em tal situação de inferioridade que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.

Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma como será exercido o direito de discussão e voto, e as futuras classificações, obriga-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.

Quanto a condição de eliminarmos doze (12) jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama, não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos con-sócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.

Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se a AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.

São esses doze jogadores jovens quase todos brasileiros no começo de sua carreira, e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias.

Nestes termos, sentimos ter de comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.

Queira V. Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever de V. Exa. Att. Obrigado.

Dr. José Augusto Prestes

Presidente


O Vasco permaneceu na LMDT, ao lado de clubes que não aceitaram as condições ou que não conseguiram cumprir as exigências da AMEA (casos do Bonsucesso, Andarahy, Villa Isabel, Mackenzie). E foi campeão da Liga Metropolitana em 1924.

No ano seguinte, houve acordo entre o clube e a AMEA, costurado em boa parte por Carlito Rocha, futuro presidente do Botafogo. O Cruzmaltino manteve seus atletas. E o clube, com seus jogadores negros, mulatos e pobres, entrou para a história esportiva do país ao contribuir decisivamente para tornar o futebol um esporte realmente de todos os brasileiros.
Fonte: Blog Memória do Futebol - GloboEsporte.com/ Supervasco.com

quinta-feira, 17 de março de 2011

Alicia Keys - Superwoman

Minha homenagem tardia (não tão tardia assim, vai!) ao Dia Internacional da Mulher vem através de minha cantora favorita, a americana Alicia Keys. Nessa música, fazendo um contraponto com o Superman, famoso herói dos quadrinhos, ela fala sobre a trajetória de mulheres reais, que não possuem superpoderes pra resolver seus problemas, que precisam trabalhar e, mesmo com todas as atribuições do cotidiano, ainda arranjam tempo pra se dedicar à família e a si mesmas. Seus conflitos, dilemas etc. O clipe é ainda melhor que a música, um dos que eu mais gosto. Abaixo tem a letra original e em seguida, sua tradução.

Superwoman - Alicia Keys

Everywhere I'm turning
Nothing seems complete
I stand up and I'm searching
For the better part of me
I hang my head from sorrow
State of humanity
I wear it on my shoulders
Gotta find the strength in me

Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Still when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

For all the mothers fighting
For better days to come
And all my women, all my women sitting here trying
To come home before the sun
And all my sisters
Coming together
Say yes I will
Yes I can
Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

When I'm breaking down
And I can't be found
And I start to get weak
Cause no one knows
Me underneath these clothes
But I can fly
We can fly, Oooohh

Cause I am a Superwoman
Yes I am
Yes she is
Even when I'm a mess
I still put on a vest
With an S on my chest
Oh yes
I'm a Superwoman

Super-Mulher

Pra onde quer que eu olhe
Nada parece estar completo
Eu me levanto e continuo procurando,
Pelo melhor pedaço de mim
De cabeça baixa por esse peso
Escrava da humanidade
Eu levo isso em meus ombros
Tenho que encontrar a minha força interior

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S" que trago no peito
Oh sim
Sou uma Super-Mulher

Por todas as mães que lutam
Por dias melhores que virão
Por todas as mulheres sentadas aqui agora
Que tem que voltar para casa antes do sol se por
Para todas as minhas irmãs
Cantando juntas
Dizendo: sim eu sou
Sim eu posso,
Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim, eu sou
Sim, ela é
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S" que trago no peito
Oh sim
Sou uma Super-Mulher

Quando eu estou em crise
E não posso ser compreendida
Eu começo a enfraquecer
Porque ninguém sabe
Mas por debaixo desse disfarce
Eu sei voar
Nós sabemos voar, Oooooh

Porque eu sou uma Super-Mulher
Sim eu sou,
Sim ela é.
Mesmo quando eu estou confusa
Eu ainda coloco uma roupa
Com um "S" que trago no peito
Oh sim
Sou uma Super-Mulher

sexta-feira, 4 de março de 2011

Calendário Negro - Março


02 - Ocorre o primeiro carnaval de escolas de samba do Rio de Janeiro, RJ / 1935

04 - Morreu o poeta Lino Guedes, em São Paulo, SP / 1951

06 - Gana é o primeiro país da África Negra a tornar-se independente/1957
06 - Abolição da escravatura no Equador / 1854


07 - Grande Marcha pelos direitos civis, de Selma à Montgomery, liderada por Martin Luther King, Jr. / 1963

08 - Dia Internacional da Mulher
08 - Nasce no bairro de Periperi, Salvador (BA), o Bloco-Afro Ara Ketu. (1980)
08 - Aprovada na África do Sul, a nova Constituição abolindo oficialmente o apartheid, regime racista dominado pela minoria branca. (1996)


09 - Nasce na cidade de Recife (PE) o cantor e compositor José Bezerra da Silva - Bezerra da Silva. (1938)
09 - Morre assassinado em Los Angeles (EUA), aos 24 anos, o cantor rapper Chistopher Wallace - Notorius B.I.G. (1997)


14 - Nasce na Fazenda Cabaceiras, município de Muritiba (BA), Antônio de Castro Alves, o “poeta dos escravos”. É um dos poetas mais populares do país, autor de “Vozes d’África, “Navio Negreiro”, “A Cachoeira de Paulo Afonso”, “Saudação aos Palmares”, “Adormecida” e outros. (1847)

14 - Nasce Abdias do Nascimento, ex-senador, criador do teatro Experimental do Negro (ver 13/10) / 1914
14 - Morte do franciscano negro Santo Antonio de Categeró / 1549


16-Surge nos Estados Unidos o Freedom’s Journal”, o primeiro jornal com temática negra da América. (1827)
16 -Nasce em Montgomery, Alabama, (EUA), o cantor e pianista Nahaniel Adams Coles - Nat King Cole. (1919)


20 - O governo de Sergipe proíbe que portadores de moléstias contagiosas e africanos “quer livres, quer libertos”, freqüentem escolas públicas. (1838)

21 - Independência da Namíbia. (1990)
21 - Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória das vítimas do massacre de Shapeville, na África do Sul / 1960
21 - Zumbi dos Palmares é incluído na galeria dos heróis nacionais / 1997
21 - Independência da Etiópia / 197521 - Independência da Namíbia / 1990


22 - Abolição da escravatura em Porto Rico / 1873

25 - Proclamação nesta data da libertação final de todos os escravos existentes na Província do Ceará. (1884)
25 - Nasce em Detroit, Michigan Estados Unidos, a cantora Aretha Franklin. (1942)
25 - Nascimento de Aristides Barbosa, jornalista, educador e ex-militante da Frente Negra / 1920


30 - Os homens afro-americanos conquistam direito de voto nos EUA / 1870
 
 



30 - Nasce Maria Bebiana do Espírito Santo, Mãe Senhora, ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. (1900)