quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Os danos psicológicos do racismo para ativistas


saude psicologica
As consequências da segregação social e dos preconceitos têm sido uma das pautas de discussão mais recorrentes entre profissionais das Ciências Psicológicas. Já existem estudos documentados mostrando os efeitos negativos da exposição a intolerância e violência. Não são poucas as vítimas que acabam desenvolvendo o transtorno de estresse pós-traumático: deparar-se com pessoas da mesma idade e sexo que os agressores, encontrar-se em uma situação parecida ou até mesmo escutar os barulhos ou a música que tocava no momento da violência podem se tornar ativadores potenciais de uma crise. Não importa se a violência foi um abuso sexual ou um emprego injustamente perdido: um trauma desse calibre é muito intenso e pode perdurar por uma vida sem jamais ser superado. É preciso trabalhar diariamente para aprender a lidar e conviver com o passado.
Para quem faz parte de algum grupo desfavorecido, é praticamente impossível levar uma vida sem pelo menos alguns episódios de violência. Mulheres negras, especificamente, são alvos cotidianos tanto do racismo institucional quanto da misoginia. Sexo e cor não são características que podem ser omitidas quando conveniente, levando a um tipo de intolerância muito constante: mulheres negras estão expostas em período integral às mais variadas agressões e situações de violência. A menor qualidade de vida das mulheres negras não se dá exclusivamente pela dificuldade e falta de oportunidades para trabalhar, se relacionar ou mesmo transitar pelas ruas; elas também estão incrivelmente sujeitas a crises de depressão ou estresse e outros problemas emocionais.
Não é completamente impossível manter a saúde emocional mesmo sendo vítima de preconceito. Muita gente consegue encarar o preconceito de frente e ser feliz. Embora seja necessário muito esforço para lutar e fortalecer a autoestima, é possível adotar algumas estratégias para manejar o problema. Mas se para algumas pessoas é possível encontrar um hobby, sair com amigos ou mesmo tirar férias para desviar o foco do problema, quem é ativista pelos Direitos Humanos tem muito mais dificuldade para preservar a saúde mental. Mulheres negras e feministas não precisam enfrentar somente o racismo que sofrem, pois acabam lidando no ativismo com infinitas outras situações de injustiça direcionadas a outras pessoas.
Enfrentar os próprios fantasmas já é uma batalha árdua, mas o ativismo político reune essas questões de uma forma massiva. Para quem participa de um movimento social, são muitas notícias, depoimentos e denúncias revoltantes, além de ações e intervenções presenciais que elevam ainda mais a proximidade com o problema. O racismo está sempre presente no dia-a-dia, pois a mulher negra feminista não está em contato somente com os grandes acontecimentos que ganham repercussão na mídia. Ser ativista significa lidar diariamente com depoimentos e pedidos de ajuda de companheiras agredidas e acompanhar portais de notícias ou blogs coletivos com acontecimentos que nem sempre aparecem na tv. Não basta lidar pessoalmente com a intolerância da sociedade: quem é ativista acaba tomando conhecimento de novos casos de violência e discriminação a todo momento. E é muito mais difícil tentar “esquecer os problemas” quando você tem acesso ao número total de estupros ou mortes só na última semana – uma informação que talvez fosse preferível não saber.
Não são poucas as militantes que relatam estados agudos de depressão, perda de energia e falta de motivação com a vida. Muitas vezes isso pode levar à fraqueza e vulnerablidade física, abrindo espaço para outras doenças. Parte disso acontece porque os próprios sofrimentos íntimos acabam sendo mais aguçados; mas o maior vilão é o confronto sem pausas com a realidade. Várias ativistas chegam a ter pensamentos suicidas devido a tamanha falta de otimismo com a situação. E não é difícil entender o motivo: como não perder as esperanças e não se esgotar completamente quando a intolerância vive a bater na sua porta?
Fazer ativismo não é fácil – é preciso fortalecimento e união para não acabar potencializando sentimentos nocivos como o desespero ou a raiva. Grupos e comunidades ativistas, sejam presenciais ou pela internet, precisam oferecer suporte uns aos outros. Todo mundo precisa de apoio e compreensão, além da certeza do acolhimento. As lutas diárias são pesadas e em grande quantidade, mas com força coletiva e união, todas as pessoas podem encontrar ânimo para vencê-las.  Afinal, a saúde individual de cada militante é tão importante quanto o bem estar dos grupos pelos quais lutamos.
Por Jarid Arraes para as Blogueiras Negras
Fonte: blogueirasnegras.org

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Calendário Negro: Há 45 anos, morria Jimi Hendrix


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Em 18/09/1970: Jimi Hendrix, considerado o guitarrista mais influente de todos os tempos, morreu aos 27 anos, sufocado em seu próprio vômito, amarrado em uma maca a caminho do hospital, por causa de uma overdose de barbitúricos, drogas utilizadas como calmantes e sedativos ou no combate à insônia.

Em agosto de 1970, Jimi Hendrix tocou no Festival da Ilha de Wight com Mitchell e Cox, expressando desapontamento no palco em face do clamor de seus fãs por ouvir seus antigos sucessos, em lugar de suas novas idéias, mesmo tendo momentos memoráveis (inclusive executando a clássica "Machine Gun", com 18 minutos). Em 6 de setembro, durante sua última turnê européia, Hendrix foi recebido com vaias e zombarias por fãs, quanto se apresentou no Festival de Fehmarn, na Alemanha, em meio a uma atmosfera de baderna. O baixista Billy Cox deixou a turnê e retornou aos Estados Unidos depois de acidentalmente ter utilizado fenilciclidina (N.T. substância analgésica).

Hendrix permaneceu na Inglaterra, e a 18 de setembro foi encontrado na cama do quarto de um hotel onde estava com uma namorada alemã, Monika Dannemann, desacordado após ter tomado nove pílulas de Vesperax, e asfixiando-se em seu próprio vômito. O laudo do hospital disse que Hendrix chegou ao hospital já morto. Seu corpo foi mandado de volta para casa e enterrado no Greenwood Memorial Park, em Renton, estado de Washington, nos Estados Unidos.



Fonte: Whiplash.net

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Clara Nunes - Na Linha do Mar


Galo cantou!
Galo cantou às quatro da manhã
Céu azulou na linha do mar

Vou-me embora desse mundo de ilusão
Quem me vê sorrir
Não há de me ver chorar

Flechas sorrateiras
Cheias de veneno
Querem atingir o meu coração

Mas o meu amor
Sempre tão sereno
Serve de escudo pra qualquer ingratidão...