sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Fluminense x Bahia: Os dois únicos clubes com técnicos Negros no Campeonato Brasileiro

Roger Machado, treinador do Bahia

A partida do próximo sábado, entre Fluminense e Bahia, no Maracanã, vai colocar frente a frente, os dois únicos técnicos negros da Série A do Brasileiro. Isto porque, até semana passada, antes de Marcão ser efetivado como treinador do Tricolor carioca, Roger Machado era, até então, o único entre os 20 que comandam times da elite do futebol brasileiro. Se estendermos o leque até a Série B, o panorama fica ainda pior: incluímos Hemerson Maria, do Botafogo-SP, na lista, mas contabilizamos apenas três treinadores negros entre os 40 times das duas primeiras divisões do futebol nacional.
Tal número deveria causar espanto no meio do futebol. Afinal, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2018, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 55,8% da população brasileira se autodeclara preto ou pardo. Num país em que a maioria dos jogadores é negra, a maioria das grandes estrelas da história do nosso futebol também é negra, temos pouquíssimos treinadores negros. A estatística, de longe, não é refletida entre os técnicos no Brasil.
Resultado de imagem para Marcão Fluminense
Marcão, técnico efetivado pelo Fluminense.
O número de treinadores negros no futebol brasileiro é tão baixo que é possível lembrar da maioria dos que passaram pelos grandes centros do futebol nacional nos últimos anos num pequeno exercício de memória. Além dos três citados acima, temos Cristóvão Borges, Jair Ventura, Sérgio Soares, Joel Santana, Givanildo de Oliveira, Jayme de Almeida e Andrade… Os dois últimos chegaram a conquistar títulos importantes pelo Flamengo, mas não tiveram sequência na carreira. Além do cargo de treinador, também vemos poucos negros nos cargos diretivos dos clubes brasileiros. O ex-jogador Tinga teve passagem como gerente de futebol do Cruzeiro, mas foi a exceção em meio àregra.
A régua para medir a capacidade dos técnicos negros no futebol parece ser sempre colocada um pouco acima em relação aos demais. Deslizes não são permitidos, falhas ficam marcadas e mais oportunidades não são dadas. Afinal, por que tantos e tantos técnicos de qualidade questionável se revezam na dança das cadeiras dos clubes das Séries A e B, e os técnicos negros, muitas vezes pouco testados, não entram nesse jogo?
Mais do que constatar que essa é mais uma das faces do racismo velado da sociedade brasileira, que muitas vezes não vê o negro como uma pessoa capaz de exercer cargos de comando ou trabalhos que exigem mais do intelecto, é preciso combater o preconceito e este racismo desde a base. E não só no futebol, que apenas reflete todos os problemas que temos no nosso país.
Fonte: Observatório da Discriminação Racial no Futebol

Nenhum comentário:

Postar um comentário