terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Mandela e uma nova história de superação ou A África no mapa do futebol

Final de ano é o momento em que fazemos balanços e avaliações. Ponderamos os pontos negativos e positivos que aconteceram no seu decorrer e eu, aficcionado por futebol que sou, não podia deixar de falar sobre a Copa do Mundo realizada na África do Sul e o Mundial de Clubes da FIFA, que está acontecendo em Abu Dhabi, Emirados Árabes.
O primeiro jogo da Copa de 2010, que terminou com o empate entre África do Sul e México por 1x1, simbolizou definitivamente uma nova era. Não que vá acontecer uma mágica e o racismo e as desigualdades simplesmente irão desaparecer. Mas a partir daquele mágico momento em que bilhões de pessoas viram e se emocionaram com a execução do hino sul-africano, no qual muitas pessoas foram às lágrimas (e nelas, me incluo), o país mostrou ao resto do mundo que é possível passar mais de um mês ocupando todos os noticiários sem trazer consigo os estigmas da doença, da corrupção, da instabilidade política, da pobreza, da violência, entre outras coisas.
Madiba não pôde aparecer na estreia devido ao falecimento de sua sobrinha na noite anterior, enquanto voltava da cerimônia de abertura. Mas não resta a menor dúvida do quanto foi importante ver, no país onde Negros e brancos não podiam ocupar o mesmo espaço e cujo homem que sempre pregou a paz e lutou pela igualdade passou décadas preso, 32 nações de diversas culturas e matizes, convivendo sem nenhum incidente, como as potências colonialistas europeias tentaram causar terror durante todo o período de preparação para o evento.
A tremenda sacanagem do uruguaio Luís Suárez, que tirou o gol de Gana com a mão, o gol que levaria pela primeira vez um país africano a uma final de Copa do Mundo não tira o brilho de uma campanha irretocável. E a redenção do continente africano está nas mãos (ou melhor, nos pés) do Mazembe, do Congo, o representante africano no Mundial de Clubes da FIFA.


O Mazembe hoje entrou para a história do futebol mundial, como a primeira equipe do continente a disputar uma final de Mundial de Clubes. De quebra, eliminando o Internacional-RS, fez com que seu adversário se tornasse o primeiro campeão de Libertadores da América que não disputará a final contra o "poderoso" europeu.
A classificação do Mazembe, passou pelo drible na desconfiança da imprensa brasileira, que acreditava que o time era um "cavalo paraguaio", um time sem futuro e já dava como certa a final "Inter X Inter", o italiano contra o brasileiro, menosprezando o time que se classificou pra final fazendo 3 gols e não sofrendo nenhum.
Já passou da hora de o resto mundo notar o continente que vem dando sucessivas demonstrações de força, somando conquistas como as medalhas de ouro nas Olimpíadas de Atlanta e Sidney por Nigéria e Camarões (1996 e 2000, respectivamente), o título do Mundial Sub-20 por Gana sobre o Brasil e agora o Mazembe, figurante de luxo que pretende desafiar a Internazionale de Milão. Independente do resultado desta final, a história vem sendo constantemente reescrita, com novos protagonistas.

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