quarta-feira, 28 de março de 2012
O divisor, de Wlamyra R. de Albuquerque
Era atlântica a solidão negra.
E nestes dias atlânticos sabemos ser nosso o que está distante,
submerso em travessias absurdas, em náuseas intermináveis.
Foi atlântico o medo do mar, a adivinhação da tempestade, a expectativa da rotina.
Foi atlântica a dissimulação de esperança
Nestes dias, sabemos ser nosso o que está distante.
Ela disse ser Esperança da Boaventura,
como os Aleluia, os Bonfim, os da Cruz, os do Espírito Santo.
Com tantos outros, mergulhamos num flagelo atlântico.
Desde então, estamos todos assentados no fundo do oceano.
(Wlamyra Albuquerque em O Jogo da Dissimulação: Abolição negra e cidadania negra no Brasil, publicado pela editora Companhia das Letras, em 2009.)
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