Nascido em Saint Ann's Bay, na Jamaica, em 1887; e falecido em Londres no dia 10 de junho de 1940, Marcus Garvey é considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro. Garvey liderou o movimento mais amplo de descendentes africanos até então; é lembrado por alguns como o principal idealista do movimento de "volta para a África". Na realidade ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a "redenção" da África e para que as potências coloniais europeias desocupassem a África. Em suas próprias palavras, "Eu não tenho nenhum desejo de levar todas as pessoas negras de volta para a África, há negros que não são bons elementos aqui e provavelmente não o serão lá." Apesar de ter sido criado como metodista, Marcus Garvey se declarava católico.
Viagens
Por volta de 1910, Garvey foi para a Costa Rica, trabalhar como fiscal em plantações de banana. Ao observar as condições de trabalho de outros negros, Garvey decidiu que tentaria mudar e melhorar suas vidas. Ele saiu da Costa Rica e viajou pela América Central e do Sul, a trabalhar e observar as condições de trabalho dos negros na região. Passou pela Guatemala, Panamá, Nicarágua, Equador, Chile e Peru. Em todo lugar Marcus Garvey observou que as condições de trabalho do negro eram péssimas, e que muitos enfrentavam o desemprego e a pobreza.
Em alguns dos países visitados, e sempre que podia, Garvey publicava pequenos jornais e panfletos contendo suas impressões sobre a realidade local. Na Costa Rica ele publicou o La Nacíonale, e no Panamá ele publicou o La Prensa. Contudo, além de enfrentar as autoridades (que chegaram a baní-lo da Costa Rica) ele também enfrentava o descaso do povo, que não era capaz de entender ainda a importância de ter uma voz na mídia para defender seus interesses.
Ao retornar para a Jamaica, Garvey pediu atenção do governo colonial para a situação da América Central, para que houvesse uma intervenção no sentido de melhorar a vida dos trabalhadores, sem obter muito êxito.
Em 1912 ele partiu para a Inglaterra, onde vivia sua única irmã, Indiana. Em Londres ele aprendeu muito sobre a cultura africana e também se interessou pelas condições dos negros nos Estados Unidos da América. Visitava freqüentemente a Câmara dos Comuns e assistia conferências no Birksbeck College. Tornou-se amigo de Duse Muhammad, um egípcio nacionalista e que publicava o The African and Orient Review.
A experiência em Londres foi muito importante para Garvey, tanto no sentido de entender o funcionamento de uma democracia quanto pelo fato de poder entrar em contato com vários africanos que, nascidos em outras colônias britânicas, iam estudar na Inglaterra. Com essas pessoas Garvey percebeu que os problemas da Jamaica eram muito semelhantes aos problemas enfrentados por populações negras de todo o mundo. Foi ainda em Londres que ele entrou em contato com os líderes do Movimento Pan-Africano, e conheceu a obra de Booker T. Washington.
Criação da AUPN
Entre os objetivos da UNIA estavam:
- a promoção da consciência e unidade na raça negra, da dignidade e do amor
- o desenvolvimento da África, livrando-a do domínio colonial e transformando-a numa potência
- protestar contra o preconceito e a perda aos valores africanos
- estabelecer insituições de ensino para negros, onde se ensinasse a cultura aficana, também
- promover o desenvolvimento comercial e industrial pelo mundo
- auxiliar os despossuídos em todo o mundo.
Seus esforços foram bem-sucedidos, e em 1920, a associação ostentava mais de 1 100 filiais em mais de 40 países. A maior parte dessas filiais estavam localizadas nos Estados Unidos, que se tornou a base de operações da UNIA. Havia escritórios da UNIA em vários países do Caribe, como Cuba (que os tinha em maior número), e também no Panamá, Costa Rica, Equador, Venezuela, Gana, Serra Leoa, Libéria, Namíbia, e África do Sul.
Em sua passagem pelos EUA Garvey publicou também o semanário Negro World, entre 1918 e 1933, no Harlem. O jornal promovia as idéias nacionalistas de Garvey e foi um canal importante de expressão para a comunidade negra durante os anos do Renascimento do Harlem. Seções em francês e espanhol foram incluídas, e em 1920 o Negro World estimava sua tiragem em 50 000 exemplares; pode ter sido ele o jornal mais amplamente distribuído pelo mundo, e suas cópias chegaram a pessoas negras de todos os continentes.
Garvey foi eleito presidente provisório da África durante a convenção organizada pela UNIA em 18 de agosto de 1920. Era primariamente uma posição ceremonial, por várias razões; os países da África eram, na sua maioria, colônias de países europeus, e Garvey não tinha visto para entrar em qualquer lugar da África, nem mesmo nas colônias britânicas (Garvey era cidadão inglês pois a Jamaica também era colônia).
No entanto a saúde de Garvey estava ficando pior a cada dia. Em 10 de junho de 1940 ele sofreu dois derrames e morreu. Seu corpo foi embalsamado e enterrado no Cemitério Kendal Green, Londres. Em novembro de 1964 seus restos mortais foram transladados para a Jamaica e enterrados no National Heroes Park, sendo Garvey proclamado o primeiro herói nacional jamaicano.
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