terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Meu Teste de Ancestralidade

 



Desde que eu soube que era possível fazer um exame de DNA pra verificar nossa origem, eu sempre quis fazer. É algo que nos foi negado e ocultado por tantos séculos de escravidão e de racismo (inclusive, defendo que esses testes deveriam ser bancados pelo Estado, como uma mínima medida de reparação histórica). Os brancos, principalmente os descendentes de imigrantes europeus que habitam o sudeste e o sul do Brasil, não têm tanta dificuldade em saber de onde seus ancestrais vieram. Por que deveria ser diferente com as populações Negras? Conhecer nossa origem é como fazer as pazes com nosso passado. 

SOBRE O TESTE

Existem algumas empresas que prestam esse serviço no Brasil, mas fiz pela Meu DNA. Você coleta o material genético da bochecha, através de um kit que eles enviam, e depois manda de volta para eles. Dentro de algumas semanas, o resultado está pronto. O exame verifica até 88 populações do planeta, e consegue localizar de 5 até 8 gerações passadas, por isso o resultado é tão amplo e a porcentagem é tão pulverizada.








Aproximadamente 90% da minha carga genética veio da África. Isso já era esperado, considerando todo o processo de colonização das Américas. Estima-se que cerca de 180 milhões de brasileiros compartilham uma herança genética africana (86% da população do país) ainda que não saibam disso. O diferencial aqui é a porcentagem especificando de que partes do continente africano meus ancestrais vieram. 83,3% do meu DNA se localiza na África Ocidental.

Em uma primeira etapa da escravidão no Brasil, do século XVI até a metade do século XVIII, a principal região de origem dos seres humanos sequestrados e escravizados foi o Centro-Oeste africano, em particular a região que hoje corresponde a Angola.

Eles chegavam principalmente aos portos de Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, antes de serem transportados para todo o país. Os navios que se destinavam aos portos da Bahia (de onde eu sou), por outro lado, partiram principalmente da região do Golfo do Benim, que hoje corresponde à Nigéria. Isso explica a maior porcentagem do meu DNA nesta região.







Aqui está a minha surpresa. Eu sabia que teria uma pequena porcentagem europeia na minha carga genética, mas imaginei que seria de uma região mais óbvia como a Península Ibérica, de onde vieram os principais colonizadores do Brasil. Só que os 10% que aparecem vieram do sudeste da Europa, mais precisamente da Grécia!

Pelo que pesquisei rapidamente, a primeira fase de imigração grega para o Brasil aconteceu durante o Império. Com o projeto de desenvolvimento (e embranquecimento) do Brasil de D. Pedro II, chegaram as primeiras famílias, iniciando pela família Calógeras que veio em 1841 de Corfu. 

A segunda fase ocorreu entre 1914 a 1940, e a terceira, durante a Guerra Civil Grega e após a II Guerra Mundial, no período de 1951 a 1960.

Estima-se que 50 mil gregos morem no Brasil atualmente.


Fiquei satisfeito com o resultado do teste. Conhecer nossa ancestralidade é mais do que apenas saciar uma curiosidade antiga, é a primeira resposta pra uma série infindável de questões. Preencheu uma das várias lacunas da minha história. Recomendo muito a quem puder fazer!




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