sábado, 25 de fevereiro de 2012

Negra Bonita



Negra bonita, perco-me em vaidade
Quando te vejo, porque és sempre linda
Vestindo o luto de uma noite infinda
A que teus olhos, trazem claridade!

Sabes que és linda, minha negra linda
Nesse teu riso de perversidade
Mas quantos, quantos a sofrer ainda
A sede imensa dessa crueldade!

Negra bonita, filha do desdém!
Vão-se queimando num ardor em fogo
Todos aqueles que te querem bem!

Ai linda negra, meu prazer em dor!
Tantos pecados no teu corpo em jogo!
Tantas virtudes, na tua alma em flor!...

(Soneto da poetisa angolana Maria Joana Couto, em janeiro de 1954.)

2 comentários:

  1. é um lindo soneto! não sei nada de escritores africanos, o que é uma pena! mas nada que não dê pra mudar, com passadinhas mais frequentes aqui então... ;)
    ela é parente de Mia Couto? a pergunta é só por causa do sobrenome mesmo rsrs.

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  2. Valeu pela visita, Lai!
    Com o tempo a gente vai descobrindo juntos ;)
    Assim, eu vasculhei aqui na net e não achei nenhuma referência a algum grau de parentesco entre Maria Joana Couto e Mia Couto, apesar dos dois serem grandes poetas de Moçambique.
    Só acho improvável que eles sejam parentes próximos porque ela escreveu este poema em 1954 e seu conterrâneo nasceu um ano depois. Mas isso não quer dizer nada né?
    Se alguém souber, por favor, compartilhe conosco! rsrsrs

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