sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Dia da Baiana de Acarajé. Pela preservação de um Patrimônio Cultural Negro

"Baiana do Acarajé". Óleo sobre tela. Pintura de Miranda.


Hoje, 25 de novembro, na Bahia, é o dia da baiana de acarajé. Já faz um tempo que eu queria falar sobre o assunto, já que eu adoro acarajé, caruru, vatapá e tudo que chamam por aí de "comida baiana" (escrever isso às 13:30 da tarde dá uma fome danada...).
Enfim, o que eu queria dizer é que não vejo mais as típicas baianas de acarajé com a mesma frequência que via antigamente. Na minha infância era fácil ver aquelas baianas vestidas de branco, com todas as suas contas coloridas no pescoço, seu turbante etc., mas hoje essa cultura parece estar se perdendo. Mesmo depois do ofício de baiana ter sido registrado em 2005 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), vejo - com muito pesar - que o acarajé pouco a pouco vai se tornando um produto qualquer, vendido em qualquer lugar, por qualquer pessoa.
Até em locais tradicionais como o Campo Grande, as antigas baianas não existem mais. Parece que tá se tornando um personagem folclórico, como aquelas do Pelourinho ou do Aeroporto 2 de JULHO, que ficam recepcionando e tirando fotos com os turistas.
O ofício de baiana de acarajé se interliga com vários outros aspectos da cultura das populações Negras africanas e afrodescendentes, desde as primeiras que aportaram aqui na Bahia, e vendido de maneira mais sistemática às vésperas da abolição formal da escravidão. Por isso, não é coincidência o fato de várias baianas serem adeptas do Candomblé, gostarem do velho samba-de-roda, serem esposas ou mães de capoeiristas. 
Daí vem a "demonização" desta profissão, assim como alguns setores evangélicos ainda fazem com as tradicionais manifestações culturais/religiosas de origem afrodescendente.
Neste dia, o que eu gostaria de EXIGIR é respeito pelo meu povo, pelos meus ancestrais e pela minha cultura. Lembre-se sempre que o nome é acarajé, não "bolinho de Cristo" como uma evangélica tentou me convencer uma vez. Que cada um faça o que quiser, mas respeite o direito dos outros. E que as baianas consigam vencer mais essa batalha.

2 comentários:

  1. "Bolinho de Jesus" o caralho!! Desculpe-me perder a compostura no seu blog, mas é extremamente ofensivo chamar a iguaria por um nome que não é o seu de "batismo".
    Ah, eu tenho um afeto especial pelo cristianismo, mas não suporto ver essa afronta por parte desses evangélicos. Ainda não topei com nenhuma como a que você se refere no post, mas no dia que encontrar, tô com a língua afiada: "Bolinho de Jesus"?! Não, obrigada. Eu quero acarajé!

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  2. Pois é, Lai! Eu pensei em dizer a mesma coisa, principalmente pelas bobagens que ela falou, que foram muito além disso. Tomei uma antipatia tão grande que nunca mais passei nem perto de lá.
    Odeio o desrespeito, mas odeio ainda mais as apropriações que as pessoas fazem. O que existe não presta, mas é só mudar de nome, colocar um "Jesus" aqui, um "Senhor" ali que tá tudo certo.

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