Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás.
Obaluaê não podia entrar na festa, devido a sua medonha aparência.
Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar os festejos.
Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava, compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia.
Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.
O xirê estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.
Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam sua pestilência.
Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas em uma chuva de pipocas que se espalharam brancas pelo barracão.
Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem belo e encantador.
Obaluaê e Iansã Igbalê tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
(Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás, p. 206-207)
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