sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã

 


Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás.

Obaluaê não podia entrar na festa, devido a sua medonha aparência.

Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.

Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar os festejos.

Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava,  compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia.

Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.

O xirê estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.

Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam sua pestilência.

Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas em uma chuva de pipocas que se espalharam brancas pelo barracão.

Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem belo e encantador.

Obaluaê e Iansã Igbalê tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.


(Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás, p. 206-207)

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