quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Raio Negro e Representatividade


Pouco a pouco, nossas demandas por representatividade Negra nas diversas mídias e no cinema vão sendo atendidas da maneira que deve ser: com protagonismo e histórias densas, escritas, dirigidas e com trilha sonora de profissionais Negros. Se já tivemos recentemente Luke Cage, Defensores, Star Wars e Star Trek Discovery, além da participação do Pantera Negra em Capitão América: Guerra Civil, 2018 já começa com Raio Negro em janeiro e o filme solo do Pantera Negra em fevereiro, um ótimo indício da mudança de direção dos ventos. Cabe ressaltar, entretanto, que ainda falta um maior protagonismo entre as heroínas Negras (hey, Fox/Marvel/Disney, cadê o filme da Tempestade??).

Na série que estreou ontem na Netflix e vai ter um episódio novo toda terça-feira, Raio Negro ("Black Lightning", no original) tem como alter ego o diretor do colégio Garfield High School, Jefferson Pierce (interpretado por Cress Williams), que se aposentou da carreira heroica nove anos atrás, e se dedica em tempo integral ao trabalho e à criação de suas duas filhas, Anissa e Jennifer Pierce. A primeira, bastante engajada em causas sociais, assim como o pai, e a outra ainda não demonstra o mesmo entusiasmo, mas as coisas têm potencial pra mudar nos próximos episódios. Seu retorno à ação acontece quando uma gangue, chamada de "Os 100", ameaça sua família e sua escola. Esta é outra característica marcante que difere Raio Negro das séries de heróis brancos convencionais: ele já é um herói estabelecido desde o primeiro episódio, mesmo estando aposentado, ao contrário das histórias em que o episódio piloto inteiro se dedica a contar a origem do herói, causada por algum acidente ou tragédia familiar. A origem dos seus poderes elétricos é mostrada num flashback rápido.


Sem dar muitos spoilers, já que a série estreou no Brasil há 24 horas atrás, é possível identificar vários elementos presentes em Luke Cage, por exemplo, e que são parte do cotidiano de várias comunidades Negras, tanto aqui quanto lá nos EUA: racismo, violência policial e um destaque para a trilha sonora repleta de Rap, Soul, R&B e outros elementos da musicalidade Negra. O próprio showrunner Salim Akil, que assina a série, revelou ao New York Times que alguns dos eventos retratados na série são autobiográficos: “Eu fui parado pela polícia, algumas vezes, mas minha raiva em ser parado quase me tirou a vida. Parei de tentar fingir. Em determinado momento, fechei meus olhos e pensei. Depois, me perguntei: ‘será que vale morrer por isso?’”
A cena em questão aparece logo nos primeiros minutos da série e é extremamente revoltante, até por saber que é daquele jeito que acontece. Eu mesmo já passei por isso também.

Assim como Luke Cage e Pantera Negra, Raio Negro não é um personagem qualquer. Ele mostra que o homem Negro precisa ser um herói e um exemplo para sua comunidade, com ou sem poderes; com ou sem máscaras. O inimigo nem sempre é um super-vilão com poderes cósmicos que quer dominar o mundo. Muitas vezes, ele acredita estar fazendo justiça e está mais perto do que se imagina.

Confira o trailer da série: 








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