Minha mãe defrontou-se com o velho problema que aflige pais e mães negros nos Estados Unidos: como explicar a discriminação e a segregação a uma criança pequena. Ela me ensinou que eu devia ter a consciência de "ser alguém", mas ao mesmo tempo tinha de sair e enfrentar um sistema que me encarava diariamente dizendo: "você é menos", "você não é igual".
Ela me contou sobre a escravidão e como ela terminou com a Guerra Civil. Tentou explicar o sistema de divisão racial no Sul - a segregação em escolas, restaurantes, teatros, moradias; os cartazes em bebedouros, salas de espera e lavatórios reservando-os para brancos ou pessoas de cor - como uma condição social e não como resultado de uma ordem natural.
Deixou claro que se opunha a esse sistema e que eu nunca deveria permitir que ele me fizesse sentir inferior. E então pronunciou as palavras que quase todo negro tem de ouvir para poder entender a injustiça que as torna necessárias: "você é tão bom quanto qualquer um". Nessa época, mamãe não fazia ideia de que, muitos anos depois, o garotinho em seus braços se envolveria numa luta contra o sistema do qual ela estava falando.
(A Autobiografia de Martin Luther King, p.15-16).
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