quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O CASO DOS DEZ NEGRINHOS




Dez negrinhos numa cela
e um deles já não se move.
Fugiram de manhã cedo,
mas eram nove.


Nove negrinhos fugindo
e um deles, o mais afoito,
dançou: cruzou com uma bala...
Correram oito.


Oito negrinhos trabalham
de revólver e canivete;
roupa cáqui vem chegando,
fugiram sete.


Sete negrinhos passando
pela rua de vocês;
alguém chamou a polícia,
correram seis.


Seis negrinhos dão o balanço:
bolsa, anel, relógio, brinco...
Houve um erro na partilha,
sobraram cinco.


Cinco negrinhos de olho
na saída do teatro.
Um vacilou, deu bobeira...
Correram quatro.


Quatro negrinhos trombando,
todos quatro de uma vez.
Um deles a gente agarra,
mas fogem três.


Três negrinhos que batalham
feijão, farinha e arroz.
Um se deu mal: a comida
dava pra dois.


Dois negrinhos se embebedam
de brahma, cachaça e rum.
Discussão, briga, navalha...
e fica um.


E um negrinho vem surgindo
do meio da multidão:
por trás desse derradeiro
vem um milhão.


(Braulio Tavares)


Agradecimento especial a Mara Mukami.

2 comentários:

  1. Sou eu quem agradeço por sua perseverança em manter o UFANISI;
    Minha Mãe te guarde...
    Axé!

    ResponderExcluir
  2. Juntos, seremos sempre mais fortes. Axé e Ufanisi pra todos nós!

    ResponderExcluir