quarta-feira, 20 de novembro de 2024

20 de Novembro, Dia da Consciência Negra



 "Até que os leões tenham suas próprias histórias, os contos de caça glorificação sempre o caçador" (provérbio africano).

20 de Novembro, Dia da Consciência Negra. Vamos assumir o protagonismo da nossa história. Deixe que os adversários apareçam! Eles sempre se incomodaram com qualquer tentativa de reação, desde Palmares. Quanto mais deles aparecerem pelo caminho, maior a certeza de que estamos no caminho certo. Ubuntu! Ufanisi!

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Morre o ator James Earl Jones aos 93 anos

 


James Earl Jones, ator ganhador de todos os principais prêmios do entretenimento americano e conhecido como a voz de Darth Vader na franquia "Star Wars", morreu aos 93 anos nesta segunda-feira (9).

De acordo com o site Deadline, ele estava em sua casa, em Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por seus agentes. A causa da morte não foi divulgada.

Amado e respeitado por diferentes gerações de colegas e de fãs, o americano é um dos poucos atores ganhadores dos maiores prêmios da TV (Emmy), música (Grammy), teatro (Tony) e cinema (Oscar) — uma classe conhecida popularmente como EGOT.

Depois de servir no exército americano durante a Guerra da Coréia, nos anos 1950, Earl Jones começou uma carreira nos palcos. Sua estreia na Broadway, região de Nova York onde as peças mais prestigiadas são apresentadas, aconteceu em 1957.

Em 1968, ganhou seu primeiro Tony como o protagonista da peça "The great white hope". O papel lhe rendeu ainda uma indicação ao Oscar em 1970, pela adaptação da obra para o cinema, "A grande esperança branca".


Seu primeiro trabalho no cinema aconteceu alguns anos antes, em 1964, no clássico "Dr. Fantástico", de Stanley Kubrick. Mas o personagem mais marcante de sua carreira, ou o que o deixaria mais conhecido pelo mundo, levaria mais 13 anos.

Em 1977, ele participou de "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança" (na época ainda "Guerra nas Estrelas", no Brasil) como a voz profunda do vilão sombrio Darth Vader.

Depois de repetir a atuação nos três filmes da trilogia principal, ele voltou à capa e ao capacete para "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016).

A voz característica seria uma marca em sua carreira bem sucedida. O ator também conquistou o público infantil ao dublar Mufasa, o pai do protagonista de "O Rei Leão" (1994).

Sua interpretação (e timbre) foram tão marcantes que ele foi um dos poucos do elenco original a voltar para a nova versão computadorizada de 2019.

Seu último trabalho no cinema aconteceu em 2021, ao retornar a outro personagem da realiza como o rei Jaffe Joffer de "Um príncipe em Nova York 2", com Eddie Murphy.

Apesar de não receber uma estatueta por nenhum trabalho específico, o ator ganhou o Oscar honorário em 2012.

Já no Emmy ganhou duas vezes, ambas em 1991, por "Conflito em Los Angeles" e "Anjo Maldito", além de outras seis indicações.


Pelo teatro, ganhou dois Tony de melhor ator e um honorário. Seu Grammy veio na categoria de narração em audiolivro, por "Great American Documents", em 1977.


Fonte: G1


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

"Você é meu inimigo!"

 


Em 1967, Muhammad Ali se recusou a lutar na Guerra do Vietnã, por motivos religiosos e por não concordar com ela. Sua postura corajosa teve como consequência a prisão, perda dos seus títulos de campeão de boxe e banimento do esporte por mais de três anos, o que atrapalhou momentaneamente sua carreira, mas ajudou a imortalizá-lo como defensor dos direitos civis e da luta antirracista. 

"Eu não vou esquivar. Eu não estou queimando nenhuma bandeira. Não estou fugindo para o Canadá. Eu fico bem aqui. Você quer me mandar para a cadeia? 

Ok, vá em frente. Estou preso há 400 anos.

 Eu poderia ficar lá por mais 4 ou 5, mas não vou viajar 10.000 milhas para ajudar a matar outras pessoas pobres. 

Se eu quiser morrer, vou morrer aqui mesmo, agora, lutando contra você. Você é meu inimigo, não um chinês, um vietcongue, um japonês. 

Você é meu inimigo quando quero liberdade. Você é meu inimigo quando quero justiça. Você é meu inimigo quando quero igualdade. 

Você quer que eu vá a algum lugar e lute por você? Você nem mesmo vai me defender aqui na América, nem meus direitos ou minhas crenças religiosas. 

Você não vai me defender nem aqui, na minha casa."

Ali venceu muitas lutas, mas sua maior vitória foi fora dos ringues.

sábado, 31 de agosto de 2024

40 livros Afrocentrados para ler

 


Achei essa lista no Facebook e ampliei com alguns livros que eu tenho. É uma boa iniciação sobre os assuntos Afrikanos, sem intermediários.

1- Nações Negras e Cultura: Cheikh Anta Diop

2- História da África Negra: Joseph Ki-Zerbo

3- Para quando a África?: Joseph Ki-Zerbo

4- Pele Negra, Máscaras Brancas: Frantz Fanon

5- Os Condenados da Terra: Frantz Fanon

6 - O Legado Roubado: George M. James

7- Procure por mim na tempestade: Marcus Garvey

8- A contribuição da África para o progresso da humanidade: Moisés Kamabaya

9- O renascimento da personalidade africana: Moisés Kamabaya

10- Áfricas Ocultas: Gabriel Ambrósio Winner

11- África Negra: História e Civilizações: Elikia Mbokolo

12- Das independências às Liberdades: Elias Ngoenha 

13-  Afrocentricidade - Melefi Kete Asante 

14- A Unidade Cultural da África Negra: Cheikh Anta Diop

15- A crítica da razão negra: Achille Mbembe

16- Afrocentricidade: Mukale

17- O cristianismo e as mutações sociais em Afrika: Mwanamossy

18 A Intersubjectividade: J.P. Castiano

19- Teologia Afrikana: Mbimbikhó Kikhõ e Mwandhi Mpulavi

20- Filosofia Afrikana: Mubiano Mpovela

21- Da Diáspora: Stuart Hall 

22- História da África Negra: Boubakar Namori Keita

23- As almas do povo negro: William E. B. Du bois

24- Yurugu: Marimba Ani

25- Tradição Africana e a Racionalidade Moderna: Pea Elgungu

26- MUNTUISMO: A ideia de pessoa na filosofia africana contemporânea:  Enzo Bono

27- A Consciência Histórica Africana: Ndaye Diop

28 - Cheikh Anta Diop ou a Honra de Pensar: Jean- Marc Ela

29- A Invenção de África: Yves Valetim Mudimbe

30- A Ideia de África:  Yves Valetim Mudimbe 

31- NIKETCHE: Uma História da Poligamia: Paulina Chiziane

32- O Alegre Canto da Perdiz: Paulina Chiziane

33 - A Des-Educação do Negro: Carter Woodson

34 - Na Casa de Meu Pai: Kwame Anthony Appiah

35 - Dicionário Yorubá - Português: José Beniste

36 - A Enxada e a Lança: Alberto da Costa e Silva

37 - O Atlântico Negro: Paul Gilroy

38 - Discurso sobre o Colonialismo: Aimé Césaire

39 - A Manilha e o Libambo: Alberto da Costa e Silva 

40 - Nelson Mandela: Longa caminhada até a liberdade (autobiografia)


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã

 


Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás.

Obaluaê não podia entrar na festa, devido a sua medonha aparência.

Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.

Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar os festejos.

Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava,  compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia.

Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.

O xirê estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.

Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam sua pestilência.

Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas em uma chuva de pipocas que se espalharam brancas pelo barracão.

Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem belo e encantador.

Obaluaê e Iansã Igbalê tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.


(Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás, p. 206-207)

Kwame Nkrumah e o Panafricanismo

 


"Não é somente a unidade que pode nos fundir em uma força efetiva, capaz de criar nosso próprio progresso e fazer nossa valiosa contribuição para a paz mundial? Que Estado africano independente reivindicará que sua estrutura financeira e instituições bancárias estão totalmente ligadas ao seu desenvolvimento nacional? Quem afirmará que seus recursos materiais e energias humanas estão disponíveis para suas próprias aspirações nacionais? Estamos aprendendo rapidamente que a independência política não é suficiente para nos livrar das consequências do domínio colonial. Temos estado muito ocupados cuidando de nossos Estados separados para entender completamente a necessidade básica de união, enraizada em um objetivo comum, em um planejamento comum e em um esforço comum."

Kwame Nkrumah, presidente de Gana, em discurso na Organização da Unidade Africana, 1963.


terça-feira, 2 de julho de 2024

Maria Quitéria e a Independência do Brasil

 

Monumento a Maria Quitéria na Praça da Soledade, palco das lutas pela independência do Brasil em Salvador.

A Bahia celebra HOJE a Independência do Brasil. Uma história que a maioria dos livros didáticos sudestinos não conta, por terem forjado uma ideia de "história oficial", baseada apenas nos grandes (e questionáveis) feitos dos "grandes homens", quase sempre brancos do sul e do sudeste.


Ao contrário do que é contado há gerações, nossa independência não começou nem terminou com D. Pedro I às margens do Ipiranga. A expulsão definitiva dos portugueses do solo brasileiro se deu em um longo e violento processo, que durou cerca de 13 meses, em várias cidades da Bahia, e consolidada em 2 de julho de 1823, no bairro de Pirajá, em Salvador, com intensa participação de negros, indígenas e muitas mulheres de destaque, a exemplo de Maria Quitéria.


 Maria Quitéria juntou-se voluntariamente às tropas que lutavam contra os portugueses em 1822 e se tornou a primeira mulher a integrar o Exército Brasileiro. Ela cortou o cabelo, utilizou o nome e o uniforme de seu cunhado José Medeiros, e se infiltrou,  ficando conhecida como "soldado Medeiros", já que somente homens poderiam fazer parte.


Ela acabou sendo descoberta pouco tempo depois, mas sua ação em batalha foi tão importante que o major Silva e Castro não permitiu que ela saísse das tropas.


 Quitéria passou, então, a adotar seu nome verdadeiro e adicionou uma saia ao  uniforme, já que ainda não existiam uniformes femininos. Sua coragem em ingressar em um meio masculino chamou a atenção de outras mulheres, as quais passaram a juntar-se às tropas e formaram um grupo comandado por Quitéria.


Após a derrota dos portugueses, foi promovida a cadete e reconhecida como Heroína da Independência. Dom Pedro I a concedeu o título de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.


Em 1953, no centenário de sua morte, o governo brasileiro decretou que seu retrato estivesse presente em todos as repartições e unidades do Exército. No mesmo ano, na Praça da Soledade, um dos locais fundamentais na luta pela emancipação em Salvador, sua estátua foi inaugurada. Em Feira de Santana, sua cidade natal, também existe um monumento na via que leva o seu nome, inaugurada em 2002.