domingo, 9 de março de 2025

A tradição dos símbolos Adinkra


 Os ideogramas Adinkra são representações da tradição oral dos antigos povos Akan, que viviam na África Ocidental, mais precisamente em Gana, Costa do Marfim e Togo, e sua filosofia foi transposta para estes símbolos, o que permitiu sua permanência e transmissão através dos tempos.

Esses símbolos representam costumes, valores tradicionais específicos, fatos históricos, características de algum animal ou vegetal, parábolas e conceitos filosóficos etc. Eram utilizados em situações formais ou cerimônias especiais, como em velórios, por exemplo, estampados à mão em roupas como uma mensagem de despedida ao falecido, mas também poderiam ser esculpidos em madeira ou ferro, como uma espécie de carimbo.

Tenho alguns destes símbolos tatuados, com espaço pra mais em breve...

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

60 anos de morte de Malcolm X

 


"A mais perigosa criação do mundo, em qualquer sociedade, é um homem sem nada a perder".

Há 60 anos, Malcolm X foi assassinado no Harlem, por se opor publicamente ao sistema e à sociedade racista da América. O governo dos EUA tentou, em vão, sufocar suas ideias, mas elas permanecem vivas até hoje.

"Por qualquer meio necessário!"

Rest in Power, Malcolm! ✊🏿



domingo, 2 de fevereiro de 2025

2 de fevereiro, dia da rainha!

 


No dia 2 de fevereiro, celebramos Yemanjá, "a mãe cujos filhos são peixes", divindade dos povos Iorubá (Nigéria). Senhora dos mares, protetora dos pescadores, deusa da fertilidade e da prosperidade. Mãe dos Orixás.

Em Salvador, o culto a Yemanjá se destaca por não ser associado sincreticamente a nenhuma santa católica, como ainda acontece com outras divindades do Candomblé. Mãe Stella de Oxóssi sempre dizia que "santo é santo e orixá é orixá", ressaltando que o sincretismo foi importante durante a escravidão para a manutenção das religiões de matrizes africanas, que foram proibidas por séculos, pudessem continuar existindo, mas que hoje não é mais necessário.

É muito bom ver as praias cheias nesta data, mas ainda espero ver o respeito às religiões afro-brasileiras e indígenas no decorrer do ano.

Importante também preservar a origem Negra e Africana de Yemanjá, pra que a imagem dela sobreviva ao epistemicídio e ao embranquecimento, como já aconteceu com outras figuras históricas, mitológicas e religiosas pelo mundo.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Dia de Martin Luther King, posse de Trump e o pacto da branquitude

 


Hoje, 20 de janeiro, é celebrado, nos EUA, o Dia de Martin Luther King. Por uma infeliz ironia do destino, o dia que celebra o homem que se notabilizou pela luta contra o racismo e pelo sonho de convivência pacífica entre Negros e brancos é justamente a data da posse de Donald Trump, um dos mais notórios racistas do mundo pós-Segunda Guerra Mundial, que já chegou dizendo que vai acabar com qualquer coisa que faça referência a diversidade.

A própria formação do seu secretariado, com 11 bilionários brancos, donos dos principais conglomerados do país, já mostra que ele não estava brincando.

Tô lendo "O Pacto da Branquitude", de Cida Bento, e uma passagem me pareceu conveniente para o momento:

"Fala-se muito na herança da escravidão e nos impactos negativos para as populações Negras, mas quase nunca se fala na herança escravocrata e nos seus impactos positivos para as pessoas brancas."

Os bilionários (de lá, daqui ou de qualquer lugar do Ocidente) são descendentes diretos ou indiretos de quem saqueou, violentou e sequestrou milhões de pessoas na África, Ásia e América Latina ao longo de cinco séculos. E é por causa disso que o sonho de Luther King nunca esteve tão distante.

domingo, 12 de janeiro de 2025

O capitalismo sempre foi racial

 


"O capitalismo sempre foi racial. O capitalismo não seria a instituição econômica global que é hoje se não fosse pela escravidão, se não fosse pela colonização. E, de alguma forma, pensamos que são coisas separadas, mas, não são." 

(Angela Davis)

domingo, 22 de dezembro de 2024

Por que, na Ásia, o nome de vários países termina em “-istão”?

  


Porque nas línguas mais faladas nessa região do mundo, como o hindi, o persa e o quirguiz, “-istão” quer dizer “lugar de morada” de um determinado povo ou etnia. De acordo com esse princípio, Cazaquistão, por exemplo, significa “território dos cazaques”; Quirguistão , “território dos quirguizes”; Afeganistão, “território dos afegãos” e assim por diante.

É algo equivalente a adicionar os sufixos “-lândia” (que vem de land, “terra”, nas línguas germânicas) ou “-polis” (“cidade”, em grego) ao final de nomes. 

Petrópolis é a cidade de Pedro, Teresópolis, a de Teresa. Suazilândia é a terra dos suázis – mas, recentemente, o país mudou de nome para Essuatíni, que significa justamente “terra dos suázis” na língua local.

“A forma “-stão” deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia. Esse sufixo carregava a ideia de ‘parar’ ou ‘permanecer’ e deu origem, por exemplo, aos verbos stare, em latim, e stand, em inglês”, diz o lingüista Mário Ferreira, da Universidade de São Paulo.

Do stare latino, inclusive, vem o verbo “estar” em português. Ou seja: pensando na raiz etimológica da coisa, você pode traduzir os nomes desses países, ao pé da letra, como “onde estão os afegãos”, “onde estão os cazaques” e assim por diante.

A única exceção a essa regra é o caso do Paquistão, batizado cerca de 20 anos antes de o território do país ser constituído, em 1947. “Rahmat Ali, o idealizador da independência paquistanesa, juntou ao termo “-istão” o vocábulo “paki”, surgido a partir de uma combinação das iniciais das áreas reivindicadas pela futura nação. O “p” representava a província do Punjab, enquanto o “k” equivalia à região da Caxemira, no noroeste da Índia”, afirma Mário.

Note que os nomes de países islâmicos localizados no Oriente Médio e no norte da África não carregam o sufixo "istão". Ali, a língua predominante é o árabe, que não possui raízes indo-europeias – ele pertence a outro tronco, o semítico, compartilhado com o hebraico e o aramaico.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Homens pretos (não) choram e A Cor Púrpura

 


Livros pra desidratar nas férias. Muita coisa pra ler, mas faço questão de compartilhar cada livro que compro como uma sugestão de leitura pra quem por acaso se interessar. Dessa vez, como comprei os dois ao mesmo tempo, resolvi fazer um post só, apesar dele acabar ficando um pouco mais longo que os demais.


O homem negro tem espaço para ser vulnerável? Esse homem pode chorar e existir ao mesmo tempo?

Com três contos inéditos, nesta nova edição de Homens pretos (não) choram , Stefano Volp joga luz sobre as feridas, os medos e a solidão do homem, sobretudo o negro, para buscar respostas sobre uma sociedade incapaz de compreender as vulnerabilidades e sutilezas que existem para além da imagem que se constrói das pessoas.

Homens pretos (não) choram é uma coletânea de contos “quarentênicos”, idealizados e escritos durante o isolamento social, que trazem uma visão contemporânea sobre a masculinidade.

Os dez contos são repletos de emoção e sinceridade, e mostram como o homem, sobretudo o negro, vive à mercê de estereótipos pré-concebidos pela sociedade e se esconde atrás de seus medos, angústias e solidão.

A edição revisada de A cor púrpura, a obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer e um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura.

Alguns dos personagens mais marcantes da literatura norte-americana recente estão neste livro – ganhador do Pulitzer e do American Book Award –, que inspirou a obra-prima cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg e o aclamado musical da Broadway, adaptado para o cinema.

A cor púrpura, ambientado no Sul dos Estados Unidos, entre os anos 1900 e 1940, conta a história de Celie, mulher negra, pobre e semi analfabeta. Brutalizada desde a infância, a jovem foi estuprada pelo padrasto e forçada a se casar com Albert, um viúvo violento, pai de quatro filhos, que enxergava a esposa como uma serviçal e fazia dos sofrimentos físicos e morais sua rotina.

Durante trinta anos, Celie escreve cartas para Deus e para a irmã Nettie, missionária na África. Os textos têm uma linguagem peculiar, que assume cadência e ritmo próprios à medida que Celie cresce e passa a reunir experiências, amores e amigos. Entre eles está a inesquecível Shug Avery, cantora de jazz e amante de Albert.

Apesar da dramaticidade do enredo, A cor púrpura é uma história sobre mudanças, redenção e amor. A partir da vida de Celie, a aclamada escritora Alice Walker tece críticas ao poder dado aos homens em uma sociedade que ainda hoje luta por igualdade entre gêneros, raças e classes sociais. Eleito pela BBC um dos 100 romances que definem o mundo, A cor púrpura é um retrato da vivência da mulher negra na época da segregação racial, cujos reflexos ainda estão presentes na nossa sociedade.