domingo, 22 de dezembro de 2024

Por que, na Ásia, o nome de vários países termina em “-istão”?

  


Porque nas línguas mais faladas nessa região do mundo, como o hindi, o persa e o quirguiz, “-istão” quer dizer “lugar de morada” de um determinado povo ou etnia. De acordo com esse princípio, Cazaquistão, por exemplo, significa “território dos cazaques”; Quirguistão , “território dos quirguizes”; Afeganistão, “território dos afegãos” e assim por diante.

É algo equivalente a adicionar os sufixos “-lândia” (que vem de land, “terra”, nas línguas germânicas) ou “-polis” (“cidade”, em grego) ao final de nomes. 

Petrópolis é a cidade de Pedro, Teresópolis, a de Teresa. Suazilândia é a terra dos suázis – mas, recentemente, o país mudou de nome para Essuatíni, que significa justamente “terra dos suázis” na língua local.

“A forma “-stão” deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia. Esse sufixo carregava a ideia de ‘parar’ ou ‘permanecer’ e deu origem, por exemplo, aos verbos stare, em latim, e stand, em inglês”, diz o lingüista Mário Ferreira, da Universidade de São Paulo.

Do stare latino, inclusive, vem o verbo “estar” em português. Ou seja: pensando na raiz etimológica da coisa, você pode traduzir os nomes desses países, ao pé da letra, como “onde estão os afegãos”, “onde estão os cazaques” e assim por diante.

A única exceção a essa regra é o caso do Paquistão, batizado cerca de 20 anos antes de o território do país ser constituído, em 1947. “Rahmat Ali, o idealizador da independência paquistanesa, juntou ao termo “-istão” o vocábulo “paki”, surgido a partir de uma combinação das iniciais das áreas reivindicadas pela futura nação. O “p” representava a província do Punjab, enquanto o “k” equivalia à região da Caxemira, no noroeste da Índia”, afirma Mário.

Note que os nomes de países islâmicos localizados no Oriente Médio e no norte da África não carregam o sufixo "istão". Ali, a língua predominante é o árabe, que não possui raízes indo-europeias – ele pertence a outro tronco, o semítico, compartilhado com o hebraico e o aramaico.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Homens pretos (não) choram e A Cor Púrpura

 


Livros pra desidratar nas férias. Muita coisa pra ler, mas faço questão de compartilhar cada livro que compro como uma sugestão de leitura pra quem por acaso se interessar. Dessa vez, como comprei os dois ao mesmo tempo, resolvi fazer um post só, apesar dele acabar ficando um pouco mais longo que os demais.


O homem negro tem espaço para ser vulnerável? Esse homem pode chorar e existir ao mesmo tempo?

Com três contos inéditos, nesta nova edição de Homens pretos (não) choram , Stefano Volp joga luz sobre as feridas, os medos e a solidão do homem, sobretudo o negro, para buscar respostas sobre uma sociedade incapaz de compreender as vulnerabilidades e sutilezas que existem para além da imagem que se constrói das pessoas.

Homens pretos (não) choram é uma coletânea de contos “quarentênicos”, idealizados e escritos durante o isolamento social, que trazem uma visão contemporânea sobre a masculinidade.

Os dez contos são repletos de emoção e sinceridade, e mostram como o homem, sobretudo o negro, vive à mercê de estereótipos pré-concebidos pela sociedade e se esconde atrás de seus medos, angústias e solidão.

A edição revisada de A cor púrpura, a obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer e um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura.

Alguns dos personagens mais marcantes da literatura norte-americana recente estão neste livro – ganhador do Pulitzer e do American Book Award –, que inspirou a obra-prima cinematográfica homônima dirigida por Steven Spielberg e o aclamado musical da Broadway, adaptado para o cinema.

A cor púrpura, ambientado no Sul dos Estados Unidos, entre os anos 1900 e 1940, conta a história de Celie, mulher negra, pobre e semi analfabeta. Brutalizada desde a infância, a jovem foi estuprada pelo padrasto e forçada a se casar com Albert, um viúvo violento, pai de quatro filhos, que enxergava a esposa como uma serviçal e fazia dos sofrimentos físicos e morais sua rotina.

Durante trinta anos, Celie escreve cartas para Deus e para a irmã Nettie, missionária na África. Os textos têm uma linguagem peculiar, que assume cadência e ritmo próprios à medida que Celie cresce e passa a reunir experiências, amores e amigos. Entre eles está a inesquecível Shug Avery, cantora de jazz e amante de Albert.

Apesar da dramaticidade do enredo, A cor púrpura é uma história sobre mudanças, redenção e amor. A partir da vida de Celie, a aclamada escritora Alice Walker tece críticas ao poder dado aos homens em uma sociedade que ainda hoje luta por igualdade entre gêneros, raças e classes sociais. Eleito pela BBC um dos 100 romances que definem o mundo, A cor púrpura é um retrato da vivência da mulher negra na época da segregação racial, cujos reflexos ainda estão presentes na nossa sociedade.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Sugestão de leitura: "A Tragédia da Injustiça Branca", de Marcus Garvey

 


🔴⚫🟢 A Tragédia da Injustiça Branca, publicado pela Editora Ananse (@editorananse), é uma obra escrita por Marcus Mosiah Garvey enquanto ele estava preso em 1927, por uma falsa acusação do governo dos EUA.

Este livro de poesias oferece uma reflexão profunda sobre a opressão sofrida pelos povos pretos, ao mesmo tempo em que se apresenta como um chamado à ação, à emancipação e à autodeterminação. Garvey, ao falar sobre a finalidade deste livro, afirmou que o objetivo era "dar ao Negro um pensamento, com a esperança de inspirá-lo para a libertação de si mesmo dos terríveis tentáculos do preconceito e da exploração da raça".

Por meio de sua poesia, Garvey transforma suas ideias em uma forma de arte poderosa, dando voz às suas convicções de maneira que transcende o tempo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

20 de Novembro, Dia da Consciência Negra



 "Até que os leões tenham suas próprias histórias, os contos de caça glorificação sempre o caçador" (provérbio africano).

20 de Novembro, Dia da Consciência Negra. Vamos assumir o protagonismo da nossa história. Deixe que os adversários apareçam! Eles sempre se incomodaram com qualquer tentativa de reação, desde Palmares. Quanto mais deles aparecerem pelo caminho, maior a certeza de que estamos no caminho certo. Ubuntu! Ufanisi!

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Morre o ator James Earl Jones aos 93 anos

 


James Earl Jones, ator ganhador de todos os principais prêmios do entretenimento americano e conhecido como a voz de Darth Vader na franquia "Star Wars", morreu aos 93 anos nesta segunda-feira (9).

De acordo com o site Deadline, ele estava em sua casa, em Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por seus agentes. A causa da morte não foi divulgada.

Amado e respeitado por diferentes gerações de colegas e de fãs, o americano é um dos poucos atores ganhadores dos maiores prêmios da TV (Emmy), música (Grammy), teatro (Tony) e cinema (Oscar) — uma classe conhecida popularmente como EGOT.

Depois de servir no exército americano durante a Guerra da Coréia, nos anos 1950, Earl Jones começou uma carreira nos palcos. Sua estreia na Broadway, região de Nova York onde as peças mais prestigiadas são apresentadas, aconteceu em 1957.

Em 1968, ganhou seu primeiro Tony como o protagonista da peça "The great white hope". O papel lhe rendeu ainda uma indicação ao Oscar em 1970, pela adaptação da obra para o cinema, "A grande esperança branca".


Seu primeiro trabalho no cinema aconteceu alguns anos antes, em 1964, no clássico "Dr. Fantástico", de Stanley Kubrick. Mas o personagem mais marcante de sua carreira, ou o que o deixaria mais conhecido pelo mundo, levaria mais 13 anos.

Em 1977, ele participou de "Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança" (na época ainda "Guerra nas Estrelas", no Brasil) como a voz profunda do vilão sombrio Darth Vader.

Depois de repetir a atuação nos três filmes da trilogia principal, ele voltou à capa e ao capacete para "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016).

A voz característica seria uma marca em sua carreira bem sucedida. O ator também conquistou o público infantil ao dublar Mufasa, o pai do protagonista de "O Rei Leão" (1994).

Sua interpretação (e timbre) foram tão marcantes que ele foi um dos poucos do elenco original a voltar para a nova versão computadorizada de 2019.

Seu último trabalho no cinema aconteceu em 2021, ao retornar a outro personagem da realiza como o rei Jaffe Joffer de "Um príncipe em Nova York 2", com Eddie Murphy.

Apesar de não receber uma estatueta por nenhum trabalho específico, o ator ganhou o Oscar honorário em 2012.

Já no Emmy ganhou duas vezes, ambas em 1991, por "Conflito em Los Angeles" e "Anjo Maldito", além de outras seis indicações.


Pelo teatro, ganhou dois Tony de melhor ator e um honorário. Seu Grammy veio na categoria de narração em audiolivro, por "Great American Documents", em 1977.


Fonte: G1


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

"Você é meu inimigo!"

 


Em 1967, Muhammad Ali se recusou a lutar na Guerra do Vietnã, por motivos religiosos e por não concordar com ela. Sua postura corajosa teve como consequência a prisão, perda dos seus títulos de campeão de boxe e banimento do esporte por mais de três anos, o que atrapalhou momentaneamente sua carreira, mas ajudou a imortalizá-lo como defensor dos direitos civis e da luta antirracista. 

"Eu não vou esquivar. Eu não estou queimando nenhuma bandeira. Não estou fugindo para o Canadá. Eu fico bem aqui. Você quer me mandar para a cadeia? 

Ok, vá em frente. Estou preso há 400 anos.

 Eu poderia ficar lá por mais 4 ou 5, mas não vou viajar 10.000 milhas para ajudar a matar outras pessoas pobres. 

Se eu quiser morrer, vou morrer aqui mesmo, agora, lutando contra você. Você é meu inimigo, não um chinês, um vietcongue, um japonês. 

Você é meu inimigo quando quero liberdade. Você é meu inimigo quando quero justiça. Você é meu inimigo quando quero igualdade. 

Você quer que eu vá a algum lugar e lute por você? Você nem mesmo vai me defender aqui na América, nem meus direitos ou minhas crenças religiosas. 

Você não vai me defender nem aqui, na minha casa."

Ali venceu muitas lutas, mas sua maior vitória foi fora dos ringues.

sábado, 31 de agosto de 2024

40 livros Afrocentrados para ler

 


Achei essa lista no Facebook e ampliei com alguns livros que eu tenho. É uma boa iniciação sobre os assuntos Afrikanos, sem intermediários.

1- Nações Negras e Cultura: Cheikh Anta Diop

2- História da África Negra: Joseph Ki-Zerbo

3- Para quando a África?: Joseph Ki-Zerbo

4- Pele Negra, Máscaras Brancas: Frantz Fanon

5- Os Condenados da Terra: Frantz Fanon

6 - O Legado Roubado: George M. James

7- Procure por mim na tempestade: Marcus Garvey

8- A contribuição da África para o progresso da humanidade: Moisés Kamabaya

9- O renascimento da personalidade africana: Moisés Kamabaya

10- Áfricas Ocultas: Gabriel Ambrósio Winner

11- África Negra: História e Civilizações: Elikia Mbokolo

12- Das independências às Liberdades: Elias Ngoenha 

13-  Afrocentricidade - Melefi Kete Asante 

14- A Unidade Cultural da África Negra: Cheikh Anta Diop

15- A crítica da razão negra: Achille Mbembe

16- Afrocentricidade: Mukale

17- O cristianismo e as mutações sociais em Afrika: Mwanamossy

18 A Intersubjectividade: J.P. Castiano

19- Teologia Afrikana: Mbimbikhó Kikhõ e Mwandhi Mpulavi

20- Filosofia Afrikana: Mubiano Mpovela

21- Da Diáspora: Stuart Hall 

22- História da África Negra: Boubakar Namori Keita

23- As almas do povo negro: William E. B. Du bois

24- Yurugu: Marimba Ani

25- Tradição Africana e a Racionalidade Moderna: Pea Elgungu

26- MUNTUISMO: A ideia de pessoa na filosofia africana contemporânea:  Enzo Bono

27- A Consciência Histórica Africana: Ndaye Diop

28 - Cheikh Anta Diop ou a Honra de Pensar: Jean- Marc Ela

29- A Invenção de África: Yves Valetim Mudimbe

30- A Ideia de África:  Yves Valetim Mudimbe 

31- NIKETCHE: Uma História da Poligamia: Paulina Chiziane

32- O Alegre Canto da Perdiz: Paulina Chiziane

33 - A Des-Educação do Negro: Carter Woodson

34 - Na Casa de Meu Pai: Kwame Anthony Appiah

35 - Dicionário Yorubá - Português: José Beniste

36 - A Enxada e a Lança: Alberto da Costa e Silva

37 - O Atlântico Negro: Paul Gilroy

38 - Discurso sobre o Colonialismo: Aimé Césaire

39 - A Manilha e o Libambo: Alberto da Costa e Silva 

40 - Nelson Mandela: Longa caminhada até a liberdade (autobiografia)


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã

 


Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os orixás.

Obaluaê não podia entrar na festa, devido a sua medonha aparência.

Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.

Ogum, ao perceber a angústia do orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar os festejos.

Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava,  compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia.

Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.

O xirê estava animado. Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.

Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam sua pestilência.

Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto, transformadas em uma chuva de pipocas que se espalharam brancas pelo barracão.

Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem belo e encantador.

Obaluaê e Iansã Igbalê tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.


(Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás, p. 206-207)

Kwame Nkrumah e o Panafricanismo

 


"Não é somente a unidade que pode nos fundir em uma força efetiva, capaz de criar nosso próprio progresso e fazer nossa valiosa contribuição para a paz mundial? Que Estado africano independente reivindicará que sua estrutura financeira e instituições bancárias estão totalmente ligadas ao seu desenvolvimento nacional? Quem afirmará que seus recursos materiais e energias humanas estão disponíveis para suas próprias aspirações nacionais? Estamos aprendendo rapidamente que a independência política não é suficiente para nos livrar das consequências do domínio colonial. Temos estado muito ocupados cuidando de nossos Estados separados para entender completamente a necessidade básica de união, enraizada em um objetivo comum, em um planejamento comum e em um esforço comum."

Kwame Nkrumah, presidente de Gana, em discurso na Organização da Unidade Africana, 1963.


terça-feira, 2 de julho de 2024

Maria Quitéria e a Independência do Brasil

 

Monumento a Maria Quitéria na Praça da Soledade, palco das lutas pela independência do Brasil em Salvador.

A Bahia celebra HOJE a Independência do Brasil. Uma história que a maioria dos livros didáticos sudestinos não conta, por terem forjado uma ideia de "história oficial", baseada apenas nos grandes (e questionáveis) feitos dos "grandes homens", quase sempre brancos do sul e do sudeste.


Ao contrário do que é contado há gerações, nossa independência não começou nem terminou com D. Pedro I às margens do Ipiranga. A expulsão definitiva dos portugueses do solo brasileiro se deu em um longo e violento processo, que durou cerca de 13 meses, em várias cidades da Bahia, e consolidada em 2 de julho de 1823, no bairro de Pirajá, em Salvador, com intensa participação de negros, indígenas e muitas mulheres de destaque, a exemplo de Maria Quitéria.


 Maria Quitéria juntou-se voluntariamente às tropas que lutavam contra os portugueses em 1822 e se tornou a primeira mulher a integrar o Exército Brasileiro. Ela cortou o cabelo, utilizou o nome e o uniforme de seu cunhado José Medeiros, e se infiltrou,  ficando conhecida como "soldado Medeiros", já que somente homens poderiam fazer parte.


Ela acabou sendo descoberta pouco tempo depois, mas sua ação em batalha foi tão importante que o major Silva e Castro não permitiu que ela saísse das tropas.


 Quitéria passou, então, a adotar seu nome verdadeiro e adicionou uma saia ao  uniforme, já que ainda não existiam uniformes femininos. Sua coragem em ingressar em um meio masculino chamou a atenção de outras mulheres, as quais passaram a juntar-se às tropas e formaram um grupo comandado por Quitéria.


Após a derrota dos portugueses, foi promovida a cadete e reconhecida como Heroína da Independência. Dom Pedro I a concedeu o título de “Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.


Em 1953, no centenário de sua morte, o governo brasileiro decretou que seu retrato estivesse presente em todos as repartições e unidades do Exército. No mesmo ano, na Praça da Soledade, um dos locais fundamentais na luta pela emancipação em Salvador, sua estátua foi inaugurada. Em Feira de Santana, sua cidade natal, também existe um monumento na via que leva o seu nome, inaugurada em 2002.



domingo, 30 de junho de 2024

Talento e empoderamento Negro ao longo dos anos

 


Três dos maiores e mais prolíficos artistas brasileiros juntos para uma entrevista ao Fantástico. É impossível contar a história do teatro, televisão, música ou cinema do Brasil sem mencionar Tony Tornado (95 anos), Zezé Motta (80 anos) e Antônio Pitanga (85 anos).

Além da importância pro país como um todo, eles também são figuras históricas na luta pelo empoderamento Negro e contra o racismo. 

Seja interpretando personagens fortes, como Ganga Zumba (Pitanga) e Xica da Silva (Zezé Motta na versão original, que, depois, foi interpretada por Taís Araújo) ou na música, como Tony Tornado, a questão racial sempre esteve presente em seus trabalhos, buscando sair do lugar-comum que sempre nos foi relegado, mesmo em momentos menos favoráveis. 

Não que isso seja muito mais fácil agora, mas ver tudo que eles construíram ao longo dos anos segue inspirando várias gerações de Negras e Negros orgulhosos.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Boston Celtics é campeão da NBA!

 


O Boston Celtics conquistou o 18° título de campeão da NBA, ao derrotar o Dallas Mavericks por 4x1, e voltou a se isolar como o maior campeão da história da NBA! ☘️

domingo, 2 de junho de 2024

Real no topo mais uma vez

 


Não gosto do Real Madrid por vários motivos, mas torço sempre pra que Vini Jr. vença tudo que disputar, inclusive a Bola de Ouro, que já deveria ter conquistado. Por ele, por Endrick e Mbappé que estão chegando, por Bellingham, Camavinga, Rüdiger, Rodrygo, Alaba e muitos outros jogadores Negros naquela Espanha racista. Não só por serem Negros, mas por serem os melhores no que fazem, mesmo que alguém sempre tente colocar um asterisco no talento deles.

Sim, eu sei do passado sujo do Real Madrid, inclusive, é um dos motivos de eu não gostar dele. Mas, por ironia do destino, hoje, ele é um dos times de "primeira prateleira" com maior quantidade de jogadores que fazem muita gente na Europa morrer de raiva. Só precisa se engajar melhor na luta contra o racismo de verdade, para além de cartazes e hashtags.

sábado, 25 de maio de 2024

25 de maio - Dia da África

 



Criado em 25 de maio de 1963, em Addis Abeba, Etiópia, pela Organização de Unidade Africana (OUA), e tendo o imperador Hailé Selassié como anfitrião, o dia tem um profundo significado na memória coletiva dos povos do continente africano. O ato da assinatura configurou-se no maior compromisso político de seus líderes, que visaram à aceleração do fim da colonização do continente e do regime segregacionista do Apartheid.

Instituído em carta assinada por 32 Estados africanos, o dia da África é a manifestação do desejo de aproximadamente 800 milhões de africanos de organizar, de maneira solidária, os múltiplos desafios na construção do futuro de uma África real, com seus governos e sonhos, além de desenvolvimento, democracia e progresso.

Apenas 5 países do continente africano adotaram o feriado público pela celebração, são eles: Gana, Mali, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe. No entanto, comemorações são realizadas de maneira geral pelos países africanos, bem como pelos africanos da diáspora e descendentes.

A carta foi assinada por todos os participantes no dia 26 de maio, com a exceção de Marrocos. Nessa reunião, O Dia da Liberdade de África foi renomeado Dia da Libertação de África. Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana. No entanto, a celebração, renomeada como Dia da África continuou a ser comemorada a 25 de Maio, por respeito à formação da OUA.


"Não sou africano porque nasci em África, mas porque a África nasceu em mim." 🍃🍂

(Kwame Nkrumah)


Fonte: Palmares Fundação Cultural/Wikipédia 


terça-feira, 14 de maio de 2024

14 de maio, o dia seguinte

 

O 14 de maio é um dia simbólico pra mim. Toda a minha pesquisa, toda a minha vida acadêmica, tudo que culminou com o meu livro Águas, Flores & Perfumes foi movido pela pergunta: o que aconteceu com as populações Negras depois da "abolição"? 

Percebemos que pouca coisa mudou, mesmo tantos anos depois. O racismo, a violência policial, as arbitrariedades jurídicas e a intolerância religiosa só se metamorfosearam e mudaram de nome de 1888 pra cá.

Ainda estamos por nossa própria conta.

sábado, 27 de abril de 2024

"FEMINISMOS EM DEBATE: Reflexões sobre a Organização do Movimento de Mulheres Negras em Salvador", de Silvana Bispo

 


Finalmente saiu o livro da minha amiga/irmã Silvana Bispo! Segue o resumo e o link pra quem quiser adquirir no site da editora Dialética (a mesma que publicou o meu livro):

"FEMINISMOS EM DEBATE: Reflexões sobre a Organização do Movimento de Mulheres Negras em Salvador" é uma obra inspiradora que mergulha nas experiências do ativismo das mulheres negras no Brasil, com foco especial na vibrante cena de Salvador.

 Através de uma cuidadosa pesquisa e análise acadêmica, esta obra destaca as formas de (re)existências, trajetórias e lutas promovidas por cinco ativistas negras na capital baiana. As experiências dentro do Movimento Negro Unificado – MNU (sessão Bahia) são refletidas, ao passo do Grupo de Mulheres (GM). 

A autora, uma voz afirmativa e inspirada no movimento, oferece uma visão única das experiências vividas por mulheres negras, compartilhando narrativas pessoais e histórias de vida que refletem o cotidiano e a luta por pertencimento e reconhecimento dos feminismos negros. 

Este livro é uma homenagem ao movimento de mulheres negras brasileiras, uma celebração de suas vozes e um tributo às suas (re)existências. A obra apresenta as estratégias forjadas pelas ativistas negras no processo de afirmação de suas lutas e localizações político-sociais. A partir de uma perspectiva interseccional e valendo-se da história oral, vozes, histórias e memórias são registradas. Trata-se de uma obra fundamental para a compreensão da história das mulheres negras na Bahia e no Brasil e para o fortalecimento de múltiplas formas de luta pelo bem viver com igualdade e solidariedade racial, de classe e de gênero.


Link para o site da Editora Dialética

sábado, 13 de abril de 2024

Frederick Douglass: Em cinco discursos


 No Max (antigo HBO Max) e no Amazon Prime Video tem esse documentário sobre Frederick Douglass, ex-escravizado, escritor que acabou se tornando um dos maiores nomes na luta abolicionista e antirracista nos EUA, durante o século XIX. Sua autobiografia narrando os horrores do regime escravista, bem como sua fuga para o Norte, pouco antes da Guerra Civil, se tornou um best-seller, mas também o tornou um alvo.

O filme seleciona cinco, entre os inúmeros discursos que Douglass fez ao longo de sua trajetória, como pano de fundo pra contar um pouco sobre sua vida e sobre as últimas décadas de escravidão nos EUA. Jonathan Majors, Colman Domingo, Nicole Beharie, Bisa Butler, entre outros, se revezam na performance destes discursos, intercalados pelos depoimentos de professores e especialistas.

Dirigido por Julia Marchesi, o documentário tem 58 minutos e estreou em fevereiro de 2022.

domingo, 7 de abril de 2024

100 anos da Resposta Histórica do Vasco contra o racismo

 

Há um século, no dia 7 de abril de 1924, o então presidente do Vasco da Gama, José Augusto Prestes, endereçou um ofício a Arnaldo Guinle, presidente da AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos) que passou para a posteridade como a "Resposta Histórica".

Quem vê o futebol hoje pode achar que sempre foi um esporte popular, dada a origem de grande parte dos jogadores e torcedores, mas quando ele chegou ao Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX, era extremamente elitista. Só os homens brancos e "de boa família" poderiam jogar (sobre o assunto, leia "O Negro no futebol brasileiro", de Mário Filho).

Neste contexto, os grandes clubes do Rio de Janeiro da época, América, Botafogo, Flamengo e Fluminense, não fugiam à regra e só aceitavam jogadores brancos. O Fluminense, inclusive, tem a polêmica do pó de arroz, mas isso fica pra outro dia...

Fato é que o Vasco, que surgiu para o futebol alguns anos depois dos citados, contrariou essa lógica desde o início, e tinha jogadores Negros e operários em seus quadros. Claro que isso desagradou os clubes da "elite", principalmente após o título vascaíno em 1923 pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, desbancando os quatro favoritos.

 A AMEA, então, foi criada, com a intenção de excluir os pretos e pobres do futebol e, na figura dos seus filiados, redigiu um documento obrigando o Vasco a demitir 12 jogadores, sob pena de não ser aceito na nova federação.

Como diz o documento acima, a diretoria Cruzmaltina decidiu, por unanimidade, não acatar a ordem, por conhecer a origem dos atletas e por reconhecimento ao título recém-conquistado. Assim, como represália, a liga principal seguiu sem o Vasco, que acabou se sagrando campeão da LMDT de novo em 1924, desta vez, invicto.

Em 1925, dada a repercussão e o sucesso que o Vasco vinha fazendo, a AMEA resolveu admiti-lo, embora ainda desejasse que seus atletas fossem brancos, o que não aconteceu. Pelo contrário, pouco a pouco, as outras equipes também passaram a aceitar jogadores Negros e operários, e o futebol se popularizou, apesar do racismo seguir vivo e violento até hoje, 100 anos depois.

Abaixo, o post do Vasco da Gama nas redes sociais para celebrar a data:


"Coragem pra lutar pelo lado certo da história. Sempre.


Centenário da Resposta Histórica.


Por negros. Por operários.

Por Respeito. Igualdade. Inclusão.


'[...] São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias'


#CoragemPraLutar

#CentenárioRespostaHistórica

#VascoDaGama "


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

21 de fevereiro de 1965: há 59 anos, Malcolm X era assassinado

 


"Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua liberdade".

“Nosso método é: qualquer meio necessário. Esse é o nosso lema. Não estamos restritos a isso, ou confinados àquilo. Nós nos reservamos o direito de usar quaisquer meios necessários à proteção da nossa humanidade, ou para fazer com que o mundo nos veja e respeite como seres humanos. Quaisquer os meios necessários.”

Há 59 anos, Malcolm X foi assassinado enquanto discursava no Harlem, em circunstâncias que nunca foram bem esclarecidas até hoje. Também chamado de El-Hajj Malik El-Shabazz após sua conversão ao Islamismo, Malcolm acabou se tornando um dos maiores símbolos da autodefesa contra o racismo, contra a opressão capitalista e contra a violência policial nas comunidades Negras dos EUA e do mundo.
Seu corpo se foi, mas seu legado segue vivo.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Iemanjá dá à luz as estrelas, as nuvens e os Orixás

 


Iemanjá vivia no Orum.

Ali ela vivia, ali dormia, ali se alimentava.

Um dia, Olodumaré decidiu que Iemanjá precisava ter uma família, ter com quem comer, conversar, viver.

Então, o estômago de Iemanjá cresceu e cresceu e dele nasceram todas as estrelas.

Mas as estrelas foram se fixar na abóbada celeste.

Iemanjá continuava solitária.

Então, de sua barriga crescida nasceram as nuvens.

Mas as nuvens perambulavam pelo céu até se precipitarem em chuva sobre a terra.

Iemanjá continuava solitária.

De seu estômago, então, nasceram os Orixás, nasceram Xangô, Oiá, Ogum, Ossaim, Obaluaê e os Ibejis.

Eles fizeram companhia a Iemanjá.

(PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Companhia das Letras, p. 385-386)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Lewis Hamilton assina com a Ferrari pra 2025

 


Sir Lewis Hamilton, heptacampeão mundial de Fórmula 1, acaba de assinar contrato com a Ferrari para o ano de 2025.

As conversas já existiam na temporada passada, mas esfriaram com a renovação de Hamilton com a Mercedes, equipe pela qual ainda correrá na temporada 2024. 

O anúncio oficial já foi feito por ambas as equipes em suas redes sociais e especialistas apontam esta como a maior transferência de um piloto na história, por tudo que ela representa. O maior campeão de todos, dono de quase todos os recordes, indo para a equipe mais vencedora da Fórmula 1, com uma verdadeira legião de torcedores.

Apenas poucas horas após o anúncio, as ações da Ferrari valorizaram 6% e renderam 7 bilhões de dólares, o equivalente a R$ 34 bilhões à equipe italiana.




sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Tupac Shakur - A Biografia Autorizada

 


Minha especialidade é biografia, não tem jeito... Principalmente quando é de alguém que eu admiro tanto.

Tupac Shakur foi uma das maiores lendas do rap, um dos nomes que contribuíram para a consolidação do estilo nos anos 90 e que conseguiram transcender a música. Além de rapper, foi ator, poeta e veio de uma longa linhagem de ativistas pelos direitos civis e antirracistas dos EUA dos anos 1960 (a exemplo de sua tia e madrinha Assata Shakur, já mencionada neste blog). Isso se refletiu em suas letras e posicionamentos, como seu lema "Thug Life", que buscava expor (e se impor contra) o sistema racista estadunidense. Teve uma carreira bastante prolífica, mesmo morrendo tão jovem, aos 25 anos, em 1996.

A historiadora, escritora e roteirista Staci Robinson, que o conheceu desde a adolescência, foi escolhida pela mãe dele, Afeni Shakur, para escrever este livro, utilizando um vasto material exclusivo e pessoal de Tupac, bem como entrevistas com as pessoas que o conheciam.

Stay true!

domingo, 7 de janeiro de 2024

Band transmitirá Copa Africana de Nações

 


A partir do dia 13 de janeiro, além da TV aberta, os canais digitais da Band transmitirão todos os 52 jogos da Copa Africana de Nações, a ser realizada na Costa do Marfim e com final prevista para o dia 11 de fevereiro. Você pode acompanhar tudo pelo Band Play, pelo site band.com.br ou pelo canal Esporte na Band No YouTube.

Está será a terceira edição no atual formato, com 24 seleções divididas em seis grupos:


Grupo A:
Costa do Marfim
Guiné-Bissau
Guiné Equatorial
Nigéria

Grupo B: 
Cabo Verde
Egito
Gana
Moçambique

Grupo C: 
Camarões
Gâmbia
Guiné
Senegal

Grupo D:
Argélia
Angola
Burkina Faso
Mauritânia

Grupo E:
África do Sul
Mali
Namíbia
Tunísia

Grupo F
RD Congo
Marrocos
Tanzânia
Zâmbia