Aranha, goleiro do Santos, alvo de injúrias racistas pode ter iniciado um movimento histórico |
Os cinco auditores do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiram, por unanimidade, excluir o Grêmio da Copa do Brasil, após manifestações racistas de setores de sua torcida contra o goleiro Aranha, do Santos, no jogo de ida pelas oitavas-de-final da competição.
Do ponto de vista técnico, isso não fez tanta diferença, já que o Grêmio perdeu em casa por 2x0, e seria bem difícil reverter esse placar fora de casa. O que interessa aqui é que a decisão do STJD é histórica. O Grêmio foi excluído do campeonato como punição por racismo, não por ter perdido o jogo, e isso tem um significado simbólico muito grande. Tem um impacto negativo na marca do clube, o que pode envolver perda de patrocínios, já que nenhum anunciante quer sua empresa vinculada a algo ruim, além da pecha de "time racista" que o time já carrega.
É público e notório que uma parcela significativa de torcedores dos times gaúchos, principalmente do Grêmio, tem comportamentos xenófobos e racistas. Não são poucos os casos de ofensas a Negros e a nordestinos que se tem notícia, tanto que seus estádios estão na mira do Ministério Público atualmente.
Além da exclusão do campeonato, o clube ainda foi condenado a pagar uma multa de R$ 50.000,00, os torcedores identificados não podem frequentar estádios pelos próximos dois anos e o árbitro da partida também deverá ser punido, já que não registrou nada do ocorrido, mesmo com a insistência do arqueiro santista.
Sejamos sinceros, o racismo não vai acabar depois desta punição, mas o bom é que agora, finalmente o tribunal se posicionou e abriu um precedente importante. A decisão ainda cabe recurso, mas, se confirmada, vai fazer com que o próprio torcedor vigie a pessoa que está do seu lado, como faz quando alguém invade ou atira objetos no campo. Além disso, os outros clubes ficarão mais atentos e podem denunciar, se notarem casos semelhantes acontecendo, isso pode influenciar na reeducação dos torcedores preconceituosos.
Convém salientar que não bastam punições no âmbito esportivo. Racismo é crime inafiançável e deve ser tratado como tal pela justiça comum. As pessoas foram identificadas, logo, precisam ser indiciadas e responder criminalmente.
No mais, parabéns ao STJD por, finalmente, tomar uma decisão exemplar contra um grande clube, coisa que este tribunal está devendo há muito tempo. E parabéns ao goleiro Aranha, por não recuar.
Racismo não é piada, não é mal-entendido, não é "força de expressão". Racismo é crime.
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